Um estudo publicado recentemente no Journal of Clinical Oncology, uma das principais publicações internacionais da área de Oncologia, procurou estabelecer uma associação entre doença autoimune da tireoide, que é a presença de anticorpos da antiperoxidase, e o câncer de tireoide.
A teoria por trás desta relação levantada pelos pesquisadores é que, nas reações autoimunes – em que um anticorpo atacaria a glândula tireoide -, haveria o estímulo de uma ação inflamatória e, a partir disso, um potencial maior para o desenvolvimento de um tumor.
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Este estudo avaliou, entre os anos de 1996 e 2014, 450 casos de pacientes com câncer de tireoide do tipo papilífero. As análises mostraram que, para pacientes com a presença de anticporpo antiperoxidase tireoidiana, este anticorpo que ataca a glândula tireoide, havia um risco 1,9 vezes maior de diagnóstico de câncer.
A pesquisa revelou, também, que níveis mais altos do anticorpo elevavam ainda mais o risco de um tumor de tireoide.
Então, para pacientes que têm anticorpo antiperoxidase positivo, a indicação é que devem ser monitoradas mais de perto, para acompanhar qualquer possível alteração da glândula tireoide através das características dos nódulos e seu padrão de crescimento.
No Brasil, o câncer da tireoide é o mais comum da região da cabeça e pescoço, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA). É uma doença que afeta três vezes mais as mulheres do que os homens. Cerca de 14 mil novos casos são registrados por ano, no país.
Fernando Maluf é cofundador do Instituto Vencer o Câncer e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.
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