O Congresso anual da Sociedade Europeia de Oncologia Clínica, realizado entre os dias 9 e 13 de setembro, em Paris, debateu novidades no tratamento de diversos tipos de câncer e trouxe dados interessantes sobre qualidade de vida e sobrevida do paciente oncológico.
Um dos estudos discutiu o papel do ganho de peso durante tratamento do câncer de pulmão.
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A caquexia (perda de tecido adiposo e massa muscular) relacionada ao câncer é uma síndrome multifatorial caracterizada por anorexia e perda não intencional de peso, levando a um prognóstico desfavorável.
Teoricamente, então, o ganho de peso, aliado a uma boa alimentação, poderia representar um fator para melhores desfechos nestes casos.
Os pesquisadores fizeram uma análise de três estudos randomizados de fase 3, em pacientes com câncer de pulmão localmente avançado ou metastático, avaliando a associação, tanto do sexo feminino quanto no masculino, do ganho de peso com a melhora do prognóstico.
Um total de 1.030 pacientes foram analisados; 70% homens e 30% mulheres. O que se viu neste estudo é que os que ganharam peso, tanto do sexo masculino quanto do feminino, tiveram uma redução do risco de morte durante o tratamento de um câncer de pulmão metastático.
Quanto ganho foi acima de 0%, a queda do risco de morte foi de 35%, mais ou menos semelhante nos dois sexos. Acima de 2,5% de aumento de peso, a redução do risco de morte foi da ordem de 40%.
Um questionamento desse estudo deve-se ao fato que potencialmente tumores mais agressivos podem fazer o paciente perder mais peso em comparação com tumores menos agressivos.
Este é um estudo muito interessante, que mostra a relevância do papel da Nutrologia em cuidar dos pacientes, em conjunto com o oncologista clínico.
Fernando Maluf é cofundador do Instituto Vencer o Câncer e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.
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