Esta edição especial, de aniversário da Forbes no Brasil, fez com que eu refletisse sobre os enormes avanços da dermatologia nos últimos dez anos. Quero começar falando da evolução no diagnóstico e na prevenção de lesões de pele, malignas ou benignas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, entre 2 e 3 milhões de cânceres de pele não-melanoma e 132 mil cânceres de pele melanoma são diagnosticados todo ano e mais de US$ 8 bilhões são gastos para tratá-los. Esses números só não são maiores por conta das novas tecnologias. É o caso da dermatoscopia digital, que faz um mapeamento corporal superpreciso de pintas, manchas e lesões de pele, possibilitando um diagnóstico precoce e eficiente, e do ultrassom dermatológico, que, além de ajudar na identificação ou na confirmação de tumores de pele, mostra-se eficiente na área cosmética, para o monitoramento do tratamento injetável. Ou a microscopia confocal: ainda pouco disponível nas clínicas devido ao alto custo, ela aumenta a precisão no diagnóstico do câncer de pele, minimiza o risco de retirada desnecessária de lesões benignas e auxilia na avaliação de margens cirúrgicas e no controle pós-tratamento.
No campo dos procedimentos estéticos, os tratamentos injetáveis tiveram importantes avanços na técnica de aplicação e na qualidade dos produtos, como o ácido hialurônico (agora disponível com pesos moleculares diferentes, o que permite escolher o melhor produto para cada paciente, de acordo com o objetivo do tratamento e local da face). Ocorreu ainda a sedimentação do uso dos bioestimuladores injetáveis, que têm as funções de regenerar a pele e estimular a produção de colágeno. Indicados para o tratamento da flacidez e sustentação da face, bem como para cuidado relacionado à pele do corpo, eles mostram resultados em poucas sessões. Vimos também surgirem novos pontos de aplicação, formas de diluição e indicações para a toxina botulínica, reafirmando seu valor como complementar ao tratamento
voltado ao rejuvenescimento da face, do pescoço e do colo – com resultados cada vez mais naturais – e como aliada contra enxaqueca, bruxismo, dores crônicas e hiperidrose.
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No campo dos procedimentos, então, quanta diferença! Os lasers – evoluindo do primeiro laser de rubi, na década de 1960, até os atuais, como os lasers fracionados de CO2 e o de picossegundos – são um divisor de águas para o tratamento não invasivo visando ao rejuvenescimento facial. Hoje obtemos resultados mais naturais e seguros, em menos sessões, na remoção de pigmentos, manchas ou tumores, tratamento de acne, rosácea e dermatites, queda de cabelo e rejuvenescimento. O pós se tornou leve, rápido e indolor, com recuperação em pouquíssimos dias ou sem downtime. Alguns procedimentos podem ser feitos durante a semana ou até no horário do almoço. Além disso, surgiram tecnologias inovadoras, como ultrassom microfocado, radiofrequência microagulhada, criomodulação glacial e ellacor – estas duas últimas apresentadas no Congresso Americano de Dermatologia e ainda não disponíveis no Brasil.
Não podia encerrar este texto sem citar a grande evolução que a nanotecnologia trouxe aos medicamentos orais e o quanto as células-tronco prometem revolucionar a dermatologia, com tratamentos (em fase de pesquisas) para rejuvenescimento e calvície. Prova de que a medicina e a ciência, quando se unem, trazem mais segurança, eficiência e evolução a serviço da saúde humana.
Dra. Letícia Nanci é médica do Hospital Sírio-Libanês, médica responsável pela Clínica Dermatológica Letícia Nanci; membro efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD); da American Academy of Dermatology (AAD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD).
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Coluna publicada na edição 100 da revista Forbes, em agosto de 2022.