O câncer de intestino, também conhecido como colorretal, é um dos tumores mais incidentes entre os brasileiros. Segundo a estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA), 6,5% de todas as neoplasias que serão diagnosticadas neste ano no país estarão localizadas nesta região do corpo, que abrange a parte do intestino grosso chamada cólon, no reto (final do intestino, imediatamente antes do ânus) e o canal anal.
Apesar da alta prevalência deste tipo de câncer, ainda há muita resistência em se falar abertamente sobre o assunto. A prevenção, muitas vezes, é um tabu. Este é um tumor bastante relacionado ao estilo de vida – e sabemos que mudar hábitos estabelecidos não é tarefa muito fácil.
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Este tipo de câncer ocorre com mais frequência em pessoas sedentárias, ou obesas, que comem muita carne vermelha, ingerem pouca fibra, bebem muito álcool e fumam. Portanto, a prática de exercício físico regular, a manutenção do peso, a ingestão de bastante fibra na dieta, e a cessação do uso de álcool e do tabagismo são atitudes muito relevantes de prevenção.
O rastreamento indicado é a colonoscopia, hoje já a partir dos 45 anos. Muitos pacientes têm uma série de dúvidas e preconceitos, o que os acaba afastando do exame. A colonoscopia é um procedimento endoscópico seguro, feito através do reto, que vai analisar todo o intestino grosso. O câncer nesta área raramente começa numa mucosa normal.
Por isso esta é uma avaliação extremamente importante, capaz de detectar os pólipos, lesões que podem ser pré-malignas e que, quando retiradas, apresentam uma diminuição significativa da chance de desenvolvimento de um tumor, ou seja, de acordo com os estudos, as chances caem para mais de 80%!
Importante também ressaltar que, quando o exame está normal, deve ser repetido somente após 5 anos.
Tumor tem altas chances de cura, se detectado precocemente
Vale destacar que o câncer colorretal é um tipo de neoplasia muito curável. Quando ele é localizado, o tratamento é cirúrgico e, em alguns casos, há necessidade de uma complementação com quimioterapia, oral ou endovenosa.
Mesmo na doença mais avançada, o tratamento melhorou muito: não apenas com os agentes quimioterápicos, mas também com imunoterapia, que é indicada em mais ou menos 15% dos pacientes. Também temos as drogas alvo-dirigidas, para bloquear as proteínas que são responsáveis pelo crescimento da doença e os vasos sanguíneos que nutrem o tumor.
Ou seja, uma conjunção de tratamentos, aliada as novas técnicas cirúrgicas, permite que homens e mulheres com a doença avançada possam ter controle do tumor e, alguns casos, podem até ser curados.
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No ano passado, o Instituto Vencer o Câncer lançou o livro “Vencer o Câncer de intestino, reto e canal anal”, que destaca os aspectos variados da doença, como os fatores de risco, tratamento, diagnóstico e o papel da nutrição, até atitudes pessoais contra o câncer. A publicação está disponível para download gratuito em vencerocancer.org.br.
Março é mês de conscientização sobre os tumores de intestino. Para evitar e tratar o câncer, a informação é uma excelente aliada!
Fernando Maluf é cofundador do Instituto Vencer o Câncer e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.
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