No ano passado, uma lei federal estabeleceu oficialmente o Julho Verde – Mês Nacional de Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço. A mobilização se justifica porque mais de 75% dos casos são diagnosticados em estágio avançado. Isso significa, potencialmente, um pior prognóstico e menos qualidade de vida para o paciente durante o tratamento.
O Brasil deve registrar, segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), cerca de 40 mil novos casos de tumores localizados na cabeça e pescoço, em áreas como cavidade oral, glândula tireoide e laringe. Este grupo de doenças está entre os tipos de neoplasias mais incidentes em nossa população.
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O câncer de cabeça e pescoço pode se instalar já como lesão maligna ou se originar a partir de lesões pré-malignas (leucoplasias e eritroplasias). Nas fases iniciais, pode não apresentar sintomas.
Quando os sinais aparecem, podem ser caracterizados por manchas brancas na boca, lesões com cicatrização demorada, dor, nódulos no pescoço, dificuldade para engolir, mudanças na voz e rouquidão persistente. Se estes sintomas persistirem por mais de duas semanas, está na hora de procurar um médico.
Fatores de risco, prevenção e tratamento
Entre os principais fatores de risco para estes tumores estão o tabagismo e o consumo de álcool. As doenças também podem ser causadas pela infecção por HPV e pelo vírus Epstein-Barr, e depressão imunológica.
Logo, a vacinação contra o HPV é uma estratégia bastante relevante para auxiliar na prevenção destes tipos de câncer. Lembro que a imunização deve ser feita em meninas e meninos dos 9 aos 14 anos de idade, gratuitamente, no SUS. Para quem não foi vacinado na adolescência, a vacina ainda vale a pena, mesmo com benefício menor.
Merece atenção, também, a combinação do consumo de cigarro e álcool. Fumantes que exageram na bebida apresentam risco de 40 a 100 vezes maior de desenvolver esse conjunto de doenças.
Como em diversas áreas da Oncologia, os tratamentos para os tumores de cabeça e pescoço apresentaram avanços consideráveis nos últimos anos, procurando preservar a funcionalidade e a qualidade de vida do paciente.
A cirurgia, a radioterapia e terapias medicamentosas podem ser utilizadas, a partir do estágio e local em que a doença se apresenta. A escolha do tratamento leva em consideração características individuais do paciente como idade e presença de comorbidades, além das possíveis consequências funcionais.
Assim, a prevenção e diagnóstico precoce devem estar no foco para a conscientização sobre os tumores de cabeça e pescoço, diminuindo sua alta incidência e garantindo melhores desfechos para os casos já estabelecidos.
Fernando Maluf é cofundador do Instituto Vencer o Câncer e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.
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