Um estudo realizado pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) e por duas universidades britânicas mostrou que, anualmente, 1,9 milhão de óbitos ocorrem devido ao câncer por causas evitáveis nos Estados Unidos, Reino Unido e nos países do BRICS (Brasil, Federação Russa, Índia, China e África do Sul).
As sete nações representam mais de metade do número global de mortes por câncer. Só no Brasil, são mais de 230 mil registros anuais, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA).
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Neste levantamento, os pesquisadores analisaram o impacto específico de quatro fatores de risco comportamentais e que podem ser evitados. São eles o tabagismo, o consumo de álcool, o excesso de peso e infecções pelo papilomavírus humano (HPV).
O fumo está associado a casos de câncer de pulmão, bexiga, rim, laringe, boa, entre outros. Pelo menos 13 tipos de tumores estão ligados ao excesso de peso corporal. Já a infecção pelo HPV é responsável por casos de câncer de colo de útero, vulva e vagina, pênis, canal anal e orofaringe.
Mas é interessante observar que o uso do tabaco foi, de longe, o fator principal para óbitos evitáveis por câncer. Segundo os dados, o tabagismo é responsável por mais de 2/3 destas mortes (cerca de 1,3 milhão) nestes sete países.
Os pesquisadores calcularam, ainda, que estes quatro fatores de risco resultaram em mais de 30 milhões de anos de vida perdidos anualmente. Para chegar a esse resultado, levaram em conta a idade em que os pacientes morreram e a expectativa de vida da população local.
Vale ressaltar que, no início deste ano, o INCA divulgou uma estimativa mostrando uma tendência de queda da mortalidade prematura por câncer no Brasil, entre 2026 e 2030. Estes dados levariam em consideração a faixa etária entre 30 e 69 anos de idade. A redução chegaria a 12% entre os homens e a 4,6% entre as mulheres.
Fica claro, então, que a prevenção do câncer e das mortes por estas doenças passam pelo controle dos fatores de risco evitáveis. As políticas de enfrentamento ao tabagismo devem continuar (com especial atenção, neste momento, ao cigarro eletrônico), além dos alertas para evitar o consumo de álcool em excesso, do estímulo ao controle do peso, o sedentarismo, o consumo excessivo de açúcar, gorduras, alimentos embutidos e enlatados, e da vacinação de meninos e meninas contra o HPV.
Estas são ações primordiais para começarmos a reverter os números preocupantes do câncer em nosso país.
Fernando Maluf é cofundador do Instituto Vencer o Câncer e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.
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