Noland Arbaugh, primeiro paciente a receber o implante cerebral da Neuralink, empresa de Elon Musk, teve 85% dos fios desconectados semanas após a cirurgia. A informação foi publicada no blog da startup e os números foram apurados pelo The New York Times.
-
Siga a Forbes no WhatsApp e receba as principais notícias sobre negócios, carreira, tecnologia e estilo de vida
“Nas semanas seguintes à cirurgia, vários fios se retraíram no cérebro, resultando em uma diminuição líquida no número de eletrodos efetivos. Em resposta a essa mudança, modificamos o algoritmo para ser mais sensível aos sinais da população neural. Esses refinamentos produziram uma melhoria rápida”, relata o comunicado.
De acordo com a Reuters, a Neuralink conhecia os riscos do implante, visto que os testes realizados em animais também sofreram com o mesmo problema.
Leia também:
- xAI: Musk levanta US$ 6 bilhões em nova rodada de investimento
- Scarlett, Taylor e Schumacher: celebridades são principais vítimas da IA
- Conheça a cientista brasileira que desvenda os mistérios do universo em aulas na China
Em março de 2024, em entrevista à Forbes Brasil, o Dr. Miguel Nicolelis, especialista em neurociência e engenharia biomédica, afirmou que Elon Musk estava inspirado em filmes de ficção científica e que suas suposições iam contra as leis da física. “Além disso, existem riscos sérios de infecção, rejeição e até mesmo do dispositivo parar de funcionar.”
Apesar dos problemas, Arbaugh, que recebeu o dispositivo em janeiro, diz que “tem a opção de deixar o estudo depois de um ano, mas espera continuar trabalhando com a empresa por mais tempo”.
A Agência de Alimentos e Medicamentos (FDA, na sigla inglês) dos EUA estava ciente do possível problema. No entanto, mesmo após o revés do primeiro paciente, a instituição autorizou a continuação dos testes em novos pacientes.
Cristin Welle, neurofisiologista da Universidade do Colorado e líder do programa de interfaces neurais da FDA, comentou para o The New York Times: “A falha indica que a Neuralink ainda enfrenta obstáculos no desenvolvimento de um dispositivo durável. Mesmo se os fios fossem implantados mais profundamente, ainda poderiam se soltar e deixar as fibras na superfície do cérebro.”
Nicolelis também trouxe à tona os desafios do implante. “Interfaces cérebro-máquina invasivas vão contra o primeiro mandamento da Medicina: ‘tudo o que você fizer não pode colocar a pessoa em mais risco do que ela já está’.”
Após a divulgação das notícias, o Ph.D em Fisiologia e Biofísica pela Universidade de Hahnemann utilizou as redes sociais para repudiar o acontecimento: “Eu tentei avisar que ia dar problema. Foi ainda mais rápido do que eu imaginava.”