Uma dúvida muito comum no consultório é como podemos saber a chance de cada indivíduo desenvolver um câncer geneticamente induzido. Hoje sabemos que a maior parte dos tumores malignos é causada por fatores ambientais e de estilo de vida, como o tabagismo, etilismo, infecções, poluentes, radiações.
Quando tratamos um paciente cujo histórico familiar seja muito significativo, precisamos analisar a possibilidade de um tumor hereditário.
Leia também
O câncer hereditário se caracteriza pelas mutações passadas dos pais para os filhos. São síndromes genéticas que aumentam a predisposição para o desenvolvimento do câncer. Eventualmente, alguns tipos de neoplasias, como o tumor de mama em homens, o câncer de mama triplo negativo, o tumor de intestino numa idade muito precoce são um indicativo da hereditariedade da doença. Mas é importante lembrar que a causa genética é responsável por somente 10% dos casos de câncer.
Esse conhecimento pode, inclusive, ajudar na definição dos tratamentos que serão adotados e auxiliar os parentes do paciente em decisões sobre estratégias de prevenção.
Então, fatores familiares, a idade do paciente ao diagnóstico e o tipo do tumor podem estar associados ao maior risco daquele câncer não ter sido causado por fatores ambientais, mas sim por uma síndrome genética.
Um exemplo bem conhecido são as alterações nos genes BRCA1 e BRCA2, associadas ao câncer de mama e ovário hereditário nas mulheres, e ao câncer de próstata nos homens.
No entanto, é importante destacar que muitos tumores também surgem a partir de mutações genéticas adquiridas ao longo da vida, geralmente em razão da exposição a fatores carcinógenos ambientais. Exemplos incluem os danos ao DNA causados pelo tabaco, radiação ou substâncias químicas.
Por isso, o aconselhamento e testes genéticos podem ser relevantes para pacientes selecionados, para identificar riscos de hereditariedade das doenças. Os resultados e o histórico do paciente vão permitir que os médicos proponham estratégias de prevenção diferenciadas e personalizadas, como exames mais frequentes ou cirurgias redutoras de risco.
Fernando Maluf é cofundador do Instituto Vencer o Câncer e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.