Um estudo publicado no Journal of Clinical Oncology, um dos periódicos sobre câncer mais relevantes, nos traz mais uma evidência de como a dieta pode ter um papel importante na mudança do padrão de comportamento de um tumor.
Este trabalho envolveu 100 pacientes com câncer de próstata indolente – ou seja, que estavam apenas em seguimento clínico, sem tratamento ativo, na estratégia chamada de vigilância ativa (active surveillance). A pesquisa apresentou um resultado bastante positivo na indicação do impacto da dieta para ajudar a conter o avanço da doença.
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Os pacientes foram divididos em dois grupos: um seguiu com uma dieta normal e o outro grupo, com uma dieta com alto teor de Ômega 3 e baixo teor de Ômega 6, utilizando cápsulas de óleo de peixe.
O que foi preconizado é que depois de um ano do começo dessa randomização os pacientes repetiriam uma nova biópsia e avaliaram a taxa de proliferação do tumor, fazendo uma comparação do diagnóstico com um ano depois da intervenção.
O resultado demonstrou que os pacientes que usaram as cápsulas de Ômega 3 – ricas em Ômega 3 e pobres em Ômega 6, que tem parte gordurosa – tiveram uma redução da taxa de proliferação do tumor de 15%. Já o braço controle, teve um aumento na taxa de proliferação ao longo de um ano de 24%.
Segundo os pesquisdores, “as descobertas apoiam futuros ensaios que incorporem esta intervenção em homens com câncer de próstata em vigilância ativa”. Um dos líderes do estudo, dr William Aronson, da UCLA, ressaltou que “algo tão simples como ajustar a dieta pode potencialmente retardar o crescimento do câncer e prolongar o tempo antes que intervenções mais agressivas sejam necessárias”.
Vale destacar que a vigilância ativa é uma opção terapêutica indicada para casos selecionados de câncer de próstata, quando o tumor é diagnosticado em fase inicial e considerado pouco agressivo. O seu principal objetivo principal evitar o tratamento cirúrgico ou radioterápico (e seus efeitos colaterais) ou postergar esse tratamento pelo máximo de tempo possível, garantindo mais qualidade de vida ao paciente.
Com isso, destacamos a importância de intervenções nutricionais como complemento relevante às estratégias tradicionais de manejo do câncer de próstata.
Fernando Maluf é cofundador do Instituto Vencer o Câncer e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.
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