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A lealdade é um dos pilares mais importantes de um relacionamento. Quando alguém trai, isso não só destrói a confiança, mas também causa dor, sentimento de traição e um luto imenso. Mesmo os relacionamentos mais sólidos podem desmoronar sob o peso da infidelidade.
Traição, em qualquer forma — seja física (infidelidade sexual), emocional (conexões românticas profundas fora do relacionamento) ou online (flertes ou trocas íntimas pela internet) —, pode causar danos profundos.
Muitos casais têm dificuldade em se recuperar depois de uma traição, e, em muitos casos, isso leva à separação ou ao divórcio. Mesmo quando o relacionamento continua, muitas vezes ele fica marcado por infelicidade, insegurança e distanciamento emocional.
Mas, afinal, por que algumas pessoas traem enquanto outras permanecem fiéis? Aqui estão três traços psicológicos que podem levar alguém à infidelidade:
1. Tendências Narcisistas
Pessoas com traços narcisistas costumam estar em uma busca constante por admiração e validação. Se sentem que não estão recebendo atenção suficiente do parceiro, podem procurá-la em outro lugar para alimentar o próprio ego. Apesar da aparência de autoconfiança e senso de superioridade, os narcisistas dependem fortemente da validação externa — e, por mais que o parceiro ofereça, pode nunca ser suficiente.
Um estudo publicado no Journal of Sex & Marital Therapy mostra que indivíduos com traços de “narcisismo sexual” tendem a preferir papéis de gênero mais tradicionais, apresentam baixa autoestima e têm atitudes egocêntricas em relação ao sexo, o que afeta diretamente seus relacionamentos e comportamentos sexuais.
Pessoas com alto nível de narcisismo sexual costumam apresentar características como:
– Usam o sexo para alimentar o próprio ego, em vez de construir intimidade
– Buscam validação por meio de conquistas sexuais, o que pode levar à infidelidade
– Se consideram “ótimos amantes”, independentemente da experiência do parceiro
Elas geralmente priorizam o prazer próprio em detrimento do compromisso no relacionamento. Sua impulsividade e falta de empatia fazem com que traiam sem sentir culpa.
2. Traição Para Se Sentir Melhor Consigo Mesmo
Para algumas pessoas, a baixa autoestima e a insegurança são fatores que impulsionam a traição. Elas buscam validação externa para se sentirem desejadas. No entanto, ao tentarem elevar a própria autoestima traindo, acabam ferindo os outros e, muitas vezes, a si mesmas.
Um estudo publicado em 2019 na Personality and Social Psychology Bulletin mostra que pessoas que traem tendem a minimizar os próprios erros e a evitar assumir responsabilidade, pois a sociedade condena a infidelidade. Como resultado, quem trai costuma culpar fatores externos, enquanto, infelizmente, algumas vítimas acabam culpando a si mesmas.
Poder e controle também desempenham um papel importante nesse tipo de infidelidade. Algumas pessoas usam a traição como uma forma de se sentirem superiores, compensando a própria baixa autoestima.
A necessidade psicológica de controle faz com que manipulem e traiam, sem considerar o impacto emocional que causam no parceiro. Essa incapacidade de reconhecer os danos torna suas ações ainda mais prejudiciais.
3. Medo de Vulnerabilidade e Intimidade Emocional
Algumas pessoas têm dificuldade em se abrir emocionalmente e criar intimidade com o parceiro. Para elas, trair pode ser uma forma de evitar essa proximidade. O medo da vulnerabilidade as leva a sabotar o próprio relacionamento, buscando conexões externas que exigem menos envolvimento emocional.
Um estudo de 2012, publicado no The American Journal of Family Therapy, confirma que a infidelidade pode servir como um mecanismo de fuga, permitindo que pessoas com estilos de apego inseguros evitem as responsabilidades emocionais de um relacionamento sério.
O medo de rejeição e a ansiedade fazem com que essas pessoas busquem validação fora do relacionamento, especialmente em momentos de conflito ou quando sentem que não estão recebendo atenção suficiente.
Quando traem, geralmente escolhem relações externas superficiais, sem profundidade emocional. Essas interações passageiras proporcionam uma falsa sensação de controle e distanciamento, permitindo que evitem o trabalho emocional necessário para construir um relacionamento saudável e duradouro.
No entanto, essa estratégia apenas perpetua o problema. Ao evitar encarar seus medos, traumas ou inseguranças, essas pessoas continuam sabotando suas chances de desenvolver conexões mais profundas e significativas.
Esses fatores psicológicos e emocionais impulsionam comportamentos destrutivos que não apenas prejudicam relacionamentos, mas também impedem o crescimento pessoal. Compreender essas dinâmicas é essencial para criar relações mais saudáveis.
Reconhecer os sinais de insegurança e medo dentro de um relacionamento pode ajudar as pessoas a tomarem decisões mais conscientes sobre suas vidas amorosas.
Embora esses traços possam aumentar a probabilidade de traição, eles não determinam se alguém é incapaz de mudar. A autoanálise, a comunicação aberta e o apoio profissional podem ajudar a romper ciclos destrutivos e construir relacionamentos mais saudáveis e satisfatórios. No fim das contas, fidelidade não é só resistir à tentação — é sobre nutrir intencionalmente a intimidade emocional, a confiança e o respeito mútuo.
*Mark Travers é colaborador da Forbes USA. Ele é um psicólogo americano formado pela Cornell University e pela University of Colorado em Boulder.