
O Simpósio de Câncer Geniturinário, realizado neste mês de fevereiro pela Sociedade Americana de Oncologia Clínica, apresentou diversas pesquisas relevantes, com potencial para mudar a prática clínica na abordagem de tumores bastante incidentes na população brasileira.
Cito como exemplo o câncer de bexiga, é um dos tipos mais comuns no Brasil, com estimativas de 11.950 casos novos para 2025, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA).
Para esta doença, quando o tumor atinge áreas mais profundas do órgão, abrangendo a camada muscular, o tratamento geralmente envolve cirurgia ou rádio e quimioterapia. Além disso, a quimioterapia pré-operatória é fundamental, pois ajuda a reduzir as chances de metástases.
Neste contexto, dois estudos importantes avaliando o papel da imunoterapia trouxeram resultados relevantes. O primeiro trabalho, que envolveu mais de mil pacientes, investigou a combinação de quimioterapia e imunoterapia antes e depois da cirurgia. Os resultados confirmaram dados anteriores que indicam que, ao combinar as três estratégias de tratamento, o risco de retorno da doença é reduzido em 32%, em comparação com a quimioterapia isolada.
Outro estudo, com um desenho diferente, analisou o uso da imunoterapia após a quimioterapia pré-cirúrgica, em pacientes que não eram candidatos à terapia padrão. Os resultados mostraram que a imunoterapia também no pós-operatório contribui para reduzir o risco de recidiva em 37%.
Os resultados destes estudos são bastante relevantes para o avanço no tratamento do câncer de bexiga, especialmente quando a doença atinge estágios mais avançados. Eles demonstram a importância de terapias combinadas, que, ao lado dos tratamentos tradicionais, podem melhorar significativamente o prognóstico e a história natural da doença, representando esperança para muitos pacientes.
Fernando Maluf é cofundador do Instituto Vencer o Câncer e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.
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