A vinícola Domaine Carneros é conhecida por seus espumantes e Pinot Noirs de pequenas produções. Fundada em 1987, na região de Carneros, no norte da Califórnia (EUA), pelo grupo Champagne Taittinger, de uma das famílias mais influentes no mundo do vinho, especialmente na produção de Champagne. A vinícola combina o caráter único do terroir de Carneros com séculos de expertise francesa na produção de vinhos.
À frente da empresa está Remi Cohen, que assumiu o cargo de CEO em um período desafiador: em meio à pandemia de Covid-19 e aos incêndios florestais na Califórnia. Antes, ela foi diretora de operações de vinhedos da Merryvale e Starmont, além de gerente de vinhedo na Bouchaine Vineyard.
Sob sua liderança, a Domaine Carneros é referência na produção de espumantes e Pinot Noir de alta qualidade. Saiba mais sobre a trajetória de Remi Cohen na viticultura na entrevista à seguir.
O que te inspirou a entrar no mundo do vinho?
Depois de me formar em biologia molecular na Universidade da Califórnia, comecei a pesquisar programas de pós-graduação na região. No momento em que vi que lá havia um curso de viticultura e enologia, soube que era isso que queria. Percebi que essa área combinava muitos dos meus interesses acadêmicos: biologia, química, agricultura, ecossistemas sustentáveis e negócios — tudo em uma carreira dinâmica e divertida.
Conte um momento marcante como CEO do Domaine Carneros
Tenho a sorte de poder dar continuidade ao incrível legado do Domaine Carneros, estabelecido pelos fundadores, a família Taittinger. Como parte do nosso compromisso com a sustentabilidade, lançamos recentemente uma microrrede solar, um projeto que conecta o sistema de energia renovável solar a uma bateria que armazena o excesso de energia gerado durante o dia, permitindo seu uso nos horários de pico à noite e no início da manhã. Isso nos permitiu gerar entre 70% e 80% da demanda energética da empresa, além de manter as operações caso haja queda de energia.
A vinícola é referência na produção de espumantes e Pinot Noir de alta qualidade
Qual é a primeira memória da sra. relacionada ao vinho?
Inspirada pelos irmãos mais velhos de alguns amigos da universidade, minhas primeiras lembranças com vinho envolvem beber Santa Margherita Pinot Grigio e Marqués de Cáceres Rioja em churrascos, achando que éramos muito sofisticados.
Estamos no final do inverno em Napa. Qual é a opção indica, da Domaine Carneros, para esse período?
O Ultra Brut, nosso espumante mais seco. Adoro a mineralidade e a tensão desse vinho e como ele harmoniza bem com pratos leves, como frutos do mar e vegetais, que são os que mais gosto.
Tenho apreciado bastante o nosso 2018 Late Disgorged Brut, que, com sua maturação prolongada sobre as borras, ganha riqueza e complexidade — perfeito para os meses frios.
O que a sra. estaria comendo e bebendo hoje na sua casa?
Hoje à noite, vou preparar vieiras com ervilhas-tortas e cogumelos shiitake ao molho de soja e gengibre, servidos sobre arroz. Vamos abrir um Champagne Blanc de Blancs e, depois, um Chablis.
Algum sommelier te marcou ao longo dos anos?
No Dia dos Namorados, meu marido e eu fomos ao La Toque, em Napa, um restaurante conhecido por sua cozinha sofisticada e harmonização excepcional com vinho, e adoramos as combinações, em especial a do pargo Key West do chef Ken Frank, servido em um caldo de bouillabaisse, com o incomum Comando G Navatalgordo Grenache 2022.
Se pudesse levar apenas um vinho para uma ilha, qual seria?
Fico entre um Champagne Blanc de Blancs e um Borgonha branco. O ponto em comum? Chardonnay.
Os espumantes da vinícola carregam o caráter único do terroir de Carneros
O que a sra. acha que as pessoas mais costumam interpretar errado sobre o vinho?
Acho importante lembrar a todos que o vinho é uma bebida natural, feita simplesmente a partir da fermentação de uvas. Ele tem a capacidade de contar a história de sua origem e reunir pessoas em torno de momentos de apreciação.
Com os consumidores mais jovens se interessando cada vez mais pelo propósito das marcas e buscando apoiar empresas que valorizam a sustentabilidade, o vinho se torna uma excelente escolha, especialmente quando comparado aos coquetéis prontos e hard seltzers, bebidas alcoólicas gaseificadas.
Quando não está bebendo vinho, qual é sua bebida preferida?
Coquetéis à base de tequila, como palomas e margaritas frescas, incluindo versões com pepino e um toque picante.
Tem alguma região vinícola que ainda quer visitar?
Sou fascinada pelos vinhos produzidos em ilhas vulcânicas. Adoro os do Etna, na Sicília, na Itália, especialmente os feitos com a uva Nerello Mascalese (que, além de tudo, tem um nome divertido de pronunciar), mas ainda não visitei a ilha.
Também estou curiosa com os vinhos das Ilhas Canárias e espero conhecer essa região em breve. Por ora, estou animada para uma degustação dos vinhos do produtor Envinate com os enólogos da nossa vinoteca local, Compline Wine Shop.
Complete a frase: O futuro do vinho é…
No Domaine Carneros, adoramos ver que as novas gerações estão se interessando mais pelos espumantes, que têm menor teor alcoólico e maior acidez do que outros vinhos — características que os tornam versáteis para serem apreciados sozinhos e para harmonizar com uma grande diversidade de pratos.
Essa tendência se estende também aos vinhos tranquilos, com cada vez mais pessoas buscando brancos e tintos mais leves, com energia e tensão.
O que está acontecendo de novo na Domaine Carneros?
Sempre temos novidades e eventos interessantes, desde as novas harmonizações com ostras e caviar que lançamos recentemente até um novo menu para o nosso Bubbles and Bites neste verão, em junho, que será inspirado na culinária peruana.
Também estou empolgada com o lançamento do Crane Cuvée. Esse Brut Rosé de edição limitada foi lançado no Dia Internacional da Mulher e é a obra-prima final de Eileen Crane em sua trajetória no Domaine Carneros. Pioneira, visionária e mentora, Eileen revolucionou a produção de espumantes na Califórnia e esse foi o último vinho que criou antes de se aposentar — abrindo caminho para que eu assumisse seu legado como CEO.
* Jenn Rice é colaboradora da Forbes EUA, onde escreve sobre comidas, bebidas e viagens.
