A estratégia do PT em bater sem dó nem piedade em Marina Silva surtiu efeito: a candidata do PSB foi ferida de morte e perdeu uma enormidade de eleitores ao longo do mês de setembro, chegando ao dia da eleição completamente desidratada de votos. O problema é que a queda de Marina veio com um efeito colateral: o crescimento inesperado de Aécio Neves, que chegou ao segundo turno com uma maré crescente de votos.
Dilma Rousseff esperava ter Marina como oponente e acreditava que a ex-senadora chegaria ao segundo turno em queda e enfraquecida. A cúpula do PT, no entanto, não previu que a pancadaria surtiria tanto efeito a ponto de inflar a candidatura do PSDB. Para os petistas, Aécio não teria chances de empolgar o eleitorado e morreria na praia.
Agora, o PT tem de lidar com um nome em ascensão e cuja votação ficou atrás de Dilma apenas oito pontos percentuais. É de se esperar que esta diferença entre os dois caia ainda. E não seria surpresa que uma das próximas pesquisas já coloque Aécio na dianteira das intenções de voto.
Isso quer dizer que o tucano já ganhou? Pelo contrário. A eleição de 2014 mostrou que Dilma pode virar o jogo, especialmente em função da estratégia de seu marqueteiro, João Santana. Ao contrário das opiniões de muitos dirigentes petistas, ele bancou a artilharia em Marina, que estava vencendo Dilma nas pesquisas. O problema, talvez, tenha sido na dosagem desse ataque, que colocou Aécio numa posição de crescimento.
O PT deve tentar, agora, atacar Aécio. Em duas frentes: a primeira é apresenta-lo como o candidato dos ricos, a exemplo do que foi feito com Marina. A outra será a de demonstrar que o seu eventual governo trará um arrocho na economia, uma vez que Armínio Fraga, indicado para ser o ministro da Fazenda tucano, já disse que o país precisa de ajustes.
Caso esta estratégia se mostre vencedora e Dilma seja reeleita, o PT terá um problema sério pela frente: como fazer os ajustes necessários na economia, o que vai implicar algum tipo de arrocho, sem parecer que a candidata mentiu para os eleitores?
Tarefa difícil. Quase impossível.