O serviço de aplicativo de transporte Uber planeja abrir um centro de desenvolvimento tecnológico de US$ 250 milhões no Brasil para tornar mais seguro para seus motoristas aceitarem dinheiro, um método de pagamento chave para a expansão da empresa na América Latina, disse hoje a empresa (17).
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O diretor de produtos de segurança do Uber, Sachin Kansal, disse em entrevista que o investimento nos próximos cinco anos vai financiar o centro com cerca de 150 especialistas em tecnologia em São Paulo, focado em uma variedade de soluções de segurança.
O Brasil é o segundo maior mercado nacional do Uber, depois dos Estados Unidos, com 1 bilhão de corridas nos últimos quatro anos e que gera lucro, segundo executivos. No entanto, a necessidade de aceitar dinheiro para o pagamento de corridas, em vez de apenas cartões de crédito e de débito como nos Estados Unidos, também trouxe desafios de segurança.
O presidente-executivo da empresa, Dara Khosrowshahi, que assumiu as rédeas há um ano, disse que a segurança é agora a principal prioridade do Uber.
Enquanto nos Estados Unidos e em outros mercados desenvolvidos as preocupações se concentraram na segurança dos usuários, nos mercados emergentes o perigo pode atingir as duas pontas, já que os condutores que aceitam pagamentos em dinheiro tornaram-se alvos de ataques por parte de passageiros. “É extremamente importante para nós apoiar o pagamento em dinheiro”, disse Kansal em uma entrevista no escritório do Uber em São Paulo. “Há um certo segmento da sociedade que não tem acesso a cartões de crédito e esse é também o segmento da sociedade que provavelmente tem mais necessidade de transporte conveniente e confiável.”
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Novas ferramentas estão ajudando a confirmar a identidade dos usuários sem cartões de crédito, disse ele. Um desses métodos, que exige o número de identificação do passageiro para pagar em dinheiro, foi introduzido no ano passado depois que a Reuters revelou um aumento nos ataques contra os motoristas do Uber quando a companhia lançou a possibilidade de pagamento em dinheiro.
Kansal disse que o Uber também está usando aprendizado de máquina para bloquear viagens consideradas arriscadas antes de acontecerem. Ele se recusou a compartilhar o número de viagens que foram sinalizadas por seus sistemas.
A empresa permite, ainda, que motoristas e usuários compartilhem suas localizações em tempo real com os contatos. O percentual de usuários do Uber que ativam o recurso está perto de 10%, disse ele. “Os motoristas estão usando mais o recurso do que os passageiros em todo o mundo”, disse Kansal, “mas a magnitude dessa diferença na América Latina é bem alta”.
Kansal disse que não pesquisou a disparidade e se recusou a oferecer uma explicação.