O dólar terminou o dia (29) em alta ante o real, após recuar nas duas sessões anteriores, pressionado por cautela com o cenário político depois do adiamento da votação da cessão onerosa no Senado e alguma volatilidade pela formação da taxa Ptax de final de mês.
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O bom humor no mercado internacional, com o fortalecimento das divisas de emergentes com a leitura mais branda sobre a trajetória de juros nos Estados Unidos, suavizou o movimento de alta doméstico.
A moeda norte-americana avançou 0,43%, a R$ 3,8575 na venda, depois de acumular perda de quase 2% nos dois pregões anteriores.
Na mínima, a moeda foi a R$ 3,8331 e, na máxima, a R$ 3,8745. O dólar futuro tinha leve elevação de 0,15%.
A moeda está a caminho de sua primeira valorização mensal após as quedas de setembro e outubro, embaladas pela expectativa e confirmação de vitória de Bolsonaro nas urnas. No acumulado de novembro, o dólar subiu 3,62% ante o real até a sessão de hoje.
“Temos um ajuste técnico após duas quedas, influenciado pela briga pela Ptax e ainda pelo novo capítulo da cessão onerosa”, explicou um profissional da mesa de derivativos de uma corretora estrangeira.
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Ele se referia ao novo adiamento da votação, pelo Senado, do projeto de lei da cessão onerosa. Ontem (28), o presidente da Casa, Eunício Oliviera (MDB-CE), disse que ainda não há entendimento. Integrantes do atual e do futuro governo discutem uma maneira de dividir parcela dos recursos a serem obtidos com a aprovação do projeto entre Estados e municípios. Segundo Eunício, ainda há resistências por parte do governo atual, por entender que a medida poderia ferir o chamado teto de gastos.
“O risco de o projeto de lei não poder ser alterado via MP poderia levar a alterações via emendas, o que provocaria atrasos para sua aprovação dado que o projeto retornaria à Câmara”, acrescentou a corretora XP Investimentos.
O leilão do pré-sal poderia gerar receita de até US$ 130 bilhões para a União, o que ajudaria o novo governo no difícil trabalho de ajuste fiscal, que só será efetivo se o governo também conseguir aprovar a reforma da Previdência.
“O mercado está preocupado com as reformas e o risco de execução no Congresso… Não acredito que deputados e senadores irão bloquear a agenda do governo Bolsonaro, uma vez que a maioria deles não estará lá em fevereiro, quando a nova Casa tomar posse”, comentou o diretor de Tesouraria de um banco estrangeiro.
A alta local do dólar também foi influenciada pela formação da taxa Ptax de final de mês, usada na liquidação de diversos derivativos cambiais, o que já trazia volatilidade aos negócios.
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Por outro lado, suavizou a trajetória do dólar aqui no Brasil o comportamento externo da moeda, que caiu ante divisas de países emergentes ainda sob influência do discurso mais suave de ontem do chairman do Federal Reserve, Jerome Powell.
Sua fala de que os juros estão “pouco abaixo” do neutro sinalizou que o Fed pode não subir tanto o juro quanto inicialmente se imaginava.
Hoje, indicadores da economia norte-americana reforçaram essa visão. O núcleo do índice de preços PCE dos Estados Unidos, principal medida acompanhada pelo banco central do país, ficou abaixo do esperado ao subir 0,1% em outubro, indicando que a pressão inflacionária no país diminuiu.
“As declarações de Powell parecem ter sido a senha para o mercado voltar a alocar risco em algumas classes de ativos, em especial os ativos emergentes, as bolsas globais, as commodities e a maior parte dos ativos que vinham sofrendo ao longo dos últimos meses”, destacou o estrategista de multimercados da Icatu Vanguarda, Dan Kawa.
O Banco Central vendeu nesta sessão os 13,14 mil contratos de swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares, que faltavam para concluir a rolagem de US$ 12,217 bilhões que vencem em dezembro.
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Em janeiro, segundo dados do site da autoridade monetária, vencem US$ 10,373 bilhões em contratos de swap cambial tradicional.
“Acredito que o BC deve repetir o comportamento dos meses anteriores e logo anunciar que pretende fazer a rolagem integral desses contratos”, disse o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo.
Ainda nesta sessão, o Banco Central fará seu terceiro leilão de linha, desta vez para rolagem do total de US$ 1,25 bilhão que vence em 4 de dezembro. Nos dois anteriores, injetou novos recursos.