O dólar terminou o dia (7) em queda ante o real, influenciado pelo mercado externo depois que o partido Democrata conquistou o controle da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, o que pode dificultar medidas de estímulo do presidente Donald Trump.
LEIA MAIS: Dólar recua ante real após revés para Trump
O movimento da moeda, no entanto, não foi linear e ela chegou a operar em alta firme, sob influência de maior cautela com o cenário político local e algum fluxo de saída.
O dólar recuou 0,50%, a R$ 3,7395 na venda. Na mínima, marcou R$ 3,7227 e, na máxima, R$ 3,7886. O dólar futuro tinha queda de cerca de 0,6%.
“Com o Congresso dividido, Trump e o Senado republicano não serão capazes de fazer maiores mudanças legislativas sem aprovação dos democratas… Isso significa que as esperanças dos republicanos de uma segunda rodada de corte de impostos provavelmente morreram na água”, disse em nota o economista da empresa de pesquisas macroeconômicas Capital Economics Andrew Hunter.
Nas eleições parlamentares de ontem (6), o partido Republicano de Trump ampliou a maioria no Senado, mas na Câmara os democratas conquistaram mais assentos do que o necessário para controlarem o comando da casa.
Desta forma, a oposição terá a habilidade de investigar as declarações fiscais de Trump, possíveis conflitos empresariais de interesse e alegações envolvendo a campanha do presidente em 2016 e a Rússia. Os deputados também poderão impedir Trump de construir um muro na fronteira com o México, de aprovar um segundo grande pacote de cortes fiscais e de aplicar mudanças nas políticas comerciais.
VEJA TAMBÉM: Dólar sobe e termina no maior nível em quase 1 mês
Sem novos cortes de impostos, é provável que o Federal Reserve tenha menos trabalho para conter a trajetória de alta da inflação, o que pode esvaziar as apostas sobre aumento de juros.
O banco central norte-americano anunciará amanhã (8) sua decisão sobre a política monetária, mas a expectativa é de que um novo aumento só ocorra em dezembro. O Fed já elevou os juros três vezes neste ano e outras cinco altas são esperadas até o início de 2020.
“Havia quase certeza sobre essas três altas de juros [esperadas para 2019], agora pode ser menos do que isso”, comentou a economista da Spinelli Camila de Caso, ao lembrar que o aumento do juro em dezembro está precificado com chances elevadas de acontecer.
O dólar tinha queda ante a cesta de moedas e também recuava ante as divisas de países emergentes como o peso chileno e o rand sul-africano.
INDEFINIÇÃO SOBRE O BC
Depois da manhã em queda ante o real, o dólar passou a subir com fluxo de saída e também desconforto dos agentes com o cenário político local, diante da indefinição sobre se Ilan Goldfajn seguirá ou não à frente do Banco Central e ainda com a notícia de que o Senado se prepara para votar aumento de salário para os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), com efeito cascata para outras categorias e impacto bilionário nas contas públicas.
E AINDA: Dólar sobe ante real com exterior e supera R$ 3,75
“O mercado quer traçar cenários, saber logo quem é governo. A ausência de novidades tanto em relação ao comando do BC, como do governo de maneira geral, ajuda o dólar a flutuar para cima”, disse a estrategista de câmbio do banco Ourinvest, Fernanda Consorte.
O presidente eleito Jair Bolsonaro disse hoje que seu futuro ministro da Fazenda, Paulo Guedes, está em vias de anunciar a sucessão no BC, sem dizer se Ilan fica ou sai.
À tarde, o dólar voltou a colar no mercado externo e voltou à trajetória inicial, de queda, até fechar.
O Banco Central vendeu nesta sessão 13,6 mil contratos de swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares. Desta forma, rolou US$ 2,72 bilhões do total de US$ 12,217 bilhões que vence em dezembro. Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.