O BNDES deve vender apenas em 2019 uma parcela de sua participação na processadora de carne JBS, depois que planos para a operação neste ano foram adiados diante de volatilidades do mercado, informaram duas fontes do banco de fomento.
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O BNDES tem 21,3% da JBS por meio de seu braço de participações BNDESPar. A parcela, segundo a cotação de fechamento da ação na véspera, de R$ 11,75, equivale a R$ 6,8 bilhões. Um montante para a parcela remanescente do banco após a venda ainda não foi definido, informaram as fontes, acrescentando que o banco aguarda melhor momento do mercado.
No ano até ontem (10), as ações da JBS acumulam valorização de 20,4%, mas o movimento não foi estável. No pior momento do ano, no início de junho, o papel chegou a cair no decorrer dos negócios para R$ 7,91. A máxima foi atingida apenas no início deste mês, a R$ 12,39.
“A venda de [parcela da participação] na JBS não é para este ano. Deve ser no ano que vem”, disse à Reuters uma fonte do banco com conhecimento do assunto. “O mercado tem estado muito volátil para uma operação agora”, acrescentou.
Segundo informações do banco, a BNDESPar já levantou cerca de R$ 4 bilhões com venda de participações detidas na empresa. O banco tem participação na JBS desde 2007, quando fez aportes que somaram R$ 5,6 bilhões na companhia e que chegaram a R$ 8,1 bilhões até 2010. Desde março de 2007 até a véspera, a ação acumula valorização de cerca de 88%.
“Que a participação está na nossa carteira desinvestimento, isso é real, mas como foi uma operação rentável, temos que esperar o momento certo, não é vender por vender”, disse uma segundo fonte do banco próxima do assunto.
Procurado, o BNDES afirmou que “considerando o investimento – R$ 8,1 bilhões –, os retornos recebidos, de R$ 5,1 bilhões, e o valor de mercado da participação remanescente, R$ 6,8 bilhões, o resultado econômico é R$ 3,8 bilhões para a BNDESPar, equivalente a um retorno de 47% do total investido”.
“O BNDES não confirma a venda de nenhum ativo específico. A BNDESPar acompanha constantemente as condições de mercado e as oportunidades de desinvestimento dos ativos da carteira de valores mobiliários, buscando maximizar valor no longo prazo”, afirmou o banco.
No final de novembro, o presidente do BNDES, Dyogo Oliveira, declarou publicamente que não vê motivo para o banco manter participações expressivas em empresas como JBS, Vale, Petrobras e Eletrobras, que representam uma parte significativa da carteira da BNDESPar, uma vez que estas corporações podem obter recursos sem a ajuda do banco de fomento.
A fatia na JBS fazia parte de plano do banco de levantar R$ 12 bilhões neste ano com venda de participações. Oliveira comentou na semana passada que o BNDES levantou mais de R$ 8 bilhões com vendas de participações de janeiro a outubro deste ano.
“Fazer R$ 12 bilhões este ano não dá – só se incluir o ano que vem”, disse a segunda fonte. “Tem que ver que o mercado já esteve favorável para fazer bons negócios e boas vendas, mas agora não está mais”, acrescentou.
Às 14h21, as ações da JBS exibiam queda de 2,1%, a R$ 11,49, enquanto o Ibovespa mostrava valorização de 0,89%.