O dólar terminou mais um pregão em alta ante o real, o segundo seguido, com a cautela com o cenário externo em meio à disputa comercial e a cena local predominando sobre os negócios.
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A moeda norte-americana avançou 0,23%, a R$ 3,8682 na venda. Na mínima, pela manhã, quando passava por leve correção, marcou R$ 3,8354 e, na máxima, foi a R$ 3,8848. O dólar futuro tinha alta de cerca de 0,50%.
“Como tinha feito um movimento muito forte no final de ontem (4), o dólar abriu para baixo. Agora, está voltando a ter cautela. Lá fora a questão EUA-China está indefinida. Há ainda receios locais”, explicou o operador de câmbio da corretora Spinelli José Carlos Amado quando o mercado mudou de rota, citando a reforma da Previdência.
A frágil trégua entre Estados Unidos e China mantinha as preocupações sobre o desaquecimento econômico global, sobretudo depois de o presidente Donald Trump ter deixado claro na véspera que é o “homem das tarifas” e que, se não chegar a um acordo com a China durante os 90 dias de trégua, ele não hesitará em elevar os impostos sobre os produtos chineses.
Hoje (5), no entanto, ele suavizou o discurso ao declarar ter acreditado nas palavras do presidente chinês Xi Jinping durante encontro no final de semana e que o país está trabalhando firme para chegar a um acordo.
Entretanto, outra retórica dos EUA acabou trazendo um problema geopolítico que se soma à lista de preocupações dos investidores. Hoje, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que seu país terá que responder se os EUA saírem do Tratado de Controle de Forças Nucleares de Alcance Intermediário.
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A lista inclui ainda os temores de recessão, surgidos depois que a curva de juros norte-americana se achatou na véspera e gerou uma onda generalizada de vendas nos mercados, hoje aliviada pelo fechamento de Wall Street em luto pelo falecimento do ex-presidente George H.W.Bush.
“É um movimento natural de esgotamento do ciclo de aperto monetário, já que a política demora a ser repassada para a economia”, avaliou o economista-chefe da gestora Infinity, Jason Vieira.
No mercado internacional, o dólar rondava a estabilidade ante a cesta de moedas e operava misto ante as divisas emergentes, em alta ante o peso chileno e queda ante a lira turca.
Internamente, os investidores acompanharam as negociações políticas, um dia depois de novo adiamento da votação do projeto de lei da cessão onerosa.
O secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, indicou nesta manhã que a votação só deve ocorrer em 2019, já que é uma discussão “muito difícil de ser feita em duas ou três semanas”.
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O fatiamento da reforma da Previdência admitido pelo presidente eleito Jair Bolsonaro também gerava desconfiança dos investidores.
Na véspera, ele disse que pode dividir o envio de uma proposta de reforma ao Congresso Nacional, que inicialmente deve contemplar mudanças nas regras para o setor público e também que preveja a adoção de uma idade mínima para o recebimento de benefícios, com diferentes idades para a aposentadoria de homens e mulheres.
Nesta quarta-feira, ele declarou que a prioridade do governo será aprovar a idade mínima para a aposentadoria, com a possibilidade de aproveitar a atual proposta que já tramita no Congresso nesse sentido, e acrescentou que pretende que o restante da reforma da Previdência comece a ser votado em até seis meses.
“Acho que, por ora, está tendo muito ruído. O mercado está sendo precipitado. Na hora que o novo governo se sentar na cadeira, vamos ver o que tem para fazer”, concluiu Vieira.
O BC vendeu nesta sessão 13,83 mil contratos de swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares. Desta forma, rolou US$ 2,074 bilhões do total de US$ 10,373 bilhões que vence em janeiro. Se repetir e vender diariamente esta oferta até 21 de dezembro, o BC terá feito a rolagem integral.