A mineradora Vale, maior produtora global de níquel, planeja investir sozinha US$ 500 milhões em sua desafiadora mina do metal em Nova Caledônia, após prometer anteriormente encontrar um parceiro para o empreendimento, conhecido como VNC. A decisão da Vale de realizar tal investimento na VNC, entre 2019 e 2022, sem a ajuda de um sócio, reflete o entendimento da empresa sobre uma futura demanda adicional por níquel gerada pela fabricação de baterias para veículos elétricos, disse hoje (4) o presidente-executivo, Fabio Schvartsman.
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Em entrevista no mês passado, o diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores, Luciano Siani, disse que VNC demandava investimentos de US$ 350 milhões em três anos para expandir seu sistema de depósito de rejeitos. O níquel, ingrediente fundamental para a maioria dos tipos de baterias de íons de lítio, incluindo as usadas em carros elétricos, bateu em mínimas de vários meses na semana passada, com o aumento da preocupação com a demanda por aço e as tensões comerciais entre os EUA e a China.
Acima do orçamento e com anos de atraso quando começou a operar em 2010, o Vale Nova Caledônia, localizado em uma ilha do Pacífico, acumulou quase US$ 1,3 bilhão em perdas de 2014 a 2016. Os problemas da operação contrastam com o negócio de minério de ferro da Vale, mais importante da companhia, e que vem produzindo caixa nos últimos trimestres graças à melhoria dos preços do produto de alta qualidade da empresa e a uma demanda robusta da China.
A mineradora prevê caixa anual disponível de US$ 8 bilhões a US$ 12 bilhões entre 2019 e 2021, de acordo com apresentação da companhia. Nesse cenário, a empresa prevê remuneração mínima a acionistas de 4 bilhões de dólares ao ano, além de considerar dividendos extraordinários, recompras, aquisições e flexibilidade financeira.
Corte de produção
Mais cedo, em apresentação a investidores, executivos da Vale projetaram que a empresa produziria 244 000 toneladas de níquel no ano que vem, abaixo das 263 000 toneladas que havia previsto um ano atrás. O anúncio ocorre após a empresa ter realizado cortes na meta de produção para 2018 ao longo do ano. Em outubro, a empresa estimou 240 000 toneladas.
Enquanto os preços do metal ainda não estão em patamares considerados interessantes, a empresa realiza uma reestruturação de seus negócios de metais básicos, com o objetivo de agregar maior valor e reduzir custos. Segundo a empresa, a Vale é capaz de atingir 313 000 toneladas no curto prazo e até 400 000 toneladas no médio prazo, sem detalhar tais prazos.
Paralelamente, a Vale anunciou ontem (4) que fechou acordo com a comercializadora e mineradora global Glencore para explorar conjuntamente a área de Victor de cobre e níquel, da Vale, e a Rim South da Glencore, de níquel, ambas no Canadá. Segundo a Vale, Victor é o melhor projeto não desenvolvido em Sudbury.
Ferrosos
A mineradora brasileira manteve suas perspectivas de produção de minério de ferro em 390 milhões de toneladas para este ano e 400 milhões de toneladas, por ano, entre 2019 e 2020. Do volume total, a Vale planeja extrair em 2019 de 70 milhões a 80 milhões de toneladas da mina gigante de produto de alta qualidade S11D, no Pará, ante previsão de cerca de 55 milhões de toneladas neste ano.
De acordo com apresentação dos executivos, a Vale planeja expandir a mina S11D para 100 milhões de toneladas e o sistema de logística do Sistema Norte para 240 milhões de toneladas, com investimentos de 770 milhões de dólares. Atualmente, a empresa prevê atingir produção de 90 milhões de toneladas na S11D em 2020.
A Vale também anunciou outros investimentos relativamente baixos para uma empresa do porte da Vale, como a expansão do centro de distribuição da companhia na Malásia, com aporte de 130 milhões de dólares em busca de atingir novos mercados e reduzir custos.
Outro aporte será de US$ 820 milhões, em cinco anos, para aumentar a produção de pelotas no Sudeste. Para 2019, a empresa planeja investir US$ 4,4 bilhões, acima da previsão feita para este ano, deUS$ 3,7 bilhões.