A gigante global de grãos Bunge afirmou ontem (20) que registrou prejuízo no quarto trimestre, uma consequência da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, que pressionou os preços da soja no Brasil.
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Os valores do grão por aqui aumentaram acentuadamente em relação aos da commodity nos EUA depois que o país asiático impôs altas tarifas sobre os embarques norte-americanos em julho. Mas essa diferença diminuiu depois que os países declararam uma trégua temporária em sua guerra comercial em 1º de dezembro, desvalorizando o estoque de soja da Bunge.
A empresa disse que o lucro bruto em seu segmento de agronegócio, historicamente responsável por cerca de 80% da receita da empresa, caiu para US$ 203 milhões, abaixo dos US$ 238 milhões do quarto trimestre.
A Bunge já havia alertado sobre possíveis ganhos menores no ano todo no segmento, assim como em seus negócios de açúcar e bioenergia, que foram prejudicados pelos menores preços do etanol no Brasil e pela diminuição das safras devido ao clima.
A empresa tem estado sob pressão dos investidores e tem sido alvo de tentativas de compra, após uma série anterior de lucros fracos. A empresa demitiu o presidente-executivo Soren Schroder e está conduzindo uma revisão estratégica de seus negócios, que pode incluir a venda da empresa de 200 anos.
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“Estamos comprometidos em lidar com ativos de baixo desempenho como parte do nosso esforço para aumentar o valor para os acionistas, e estamos fortalecendo nossas capacidades de gerenciamento de risco, já que são fundamentais para tudo o que fazemos”, disse Kathleen Hyle, presidente não executiva do conselho da Bunge durante a divulgação dos resultados.
O prejuízo líquido da companhia disponível para os acionistas no quarto trimestre aumentou para US$ 74 milhões, ou US$ 0,52 por ação, no quarto trimestre encerrado em 31 de dezembro, quando perdeu cerca de US$ 125 milhões devido aos preços mais baixos de seu estoque de soja brasileiro.