A Petrobras registrou lucro líquido recorde de R$ 18,87 bilhões no segundo trimestre, aumento de 87% ante o mesmo período do ano passado, principalmente devido à conclusão da venda de fatia na Transportadora Associada de Gás (TAG), informou a companhia. Na comparação com o primeiro trimestre, o resultado foi 4,6 vezes maior, após a Petrobras ter recebido R$ 33,5 bilhões por 90% da TAG em junho. O aumento das cotações internacionais do petróleo ante o primeiro trimestre e a valorização do dólar frente ao real também impactaram positivamente os resultados da companhia. Excluídos os fatores não recorrentes, como desinvestimentos, o lucro líquido contábil da empresa no segundo trimestre foi de R$ 5,2 bilhões e o fluxo de caixa operacional chegou a R$ 20,5 bilhões.
“Apresentamos um bom resultado financeiro no segundo trimestre, beneficiado principalmente pela venda da TAG… Continuaremos nossa trajetória de geração de valor, com foco nos ativos de maior retorno, como o pré-sal, e busca incessante para redução de custos”, disse o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, em nota publicada no site da empresa.
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O lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) ajustado somou R$ 32,65 bilhões entre abril e junho, alta de 8,6% ante o mesmo período de 2018 e avanço de 18,8% em relação ao primeiro trimestre. O fluxo de caixa livre foi positivo pelo 17º trimestre consecutivo, totalizando R$ 11,3 bilhões. Já a receita de vendas da empresa somou R$ 72,6 bilhões, queda de 3% em relação ao segundo trimestre de 2018 e alta de 2,4% na comparação com o primeiro trimestre.
As despesas com vendas gerais e administrativas foram de R$ 5,9 bilhões, um aumento de 6% em relação ao primeiro trimestre, principalmente devido ao aumento dos gastos logísticos de R$ 248 milhões para a utilização dos gasodutos da TAG, tendo em vista que a Petrobras passou a pagar pela utilização após a venda.
Remuneração ao acionista
Com a expectativa da melhora do lucro líquido para o exercício de 2019, o Conselho de Administração da empresa aprovou a antecipação de distribuição de remuneração aos acionistas sob a forma de juros sobre o capital próprio de R$ 2,6 bilhões, equivalente a R$ 0,20 por ação ordinária e preferencial por circulação, superando os R$ 0,10 por ação do trimestre anterior.
No relatório financeiro, a empresa reduziu ainda a projeção de investimentos para 2019, de US$ 16 bilhões para um intervalo de US$ 10 bilhões a US$ 11 bilhões. O montante, entretanto, não considera a participação nos leilões de blocos de exploração e produção previstos para este ano.
No segundo trimestre, os investimentos totalizaram US$ 2,6 bilhões, queda de 17,6% ante o mesmo período do ano passado, com o setor de Exploração e Produção ficando com mais de US$ 2,1 bilhões.
O segmento de Exploração e Produção, aliás, registrou lucro de R$ 13,8 bilhões, aumento de quase 20 por cento ante o mesmo período do ano passado, enquanto a área de refino, incluída no programa de vendas, teve queda de quase 80%, para R$ 1,12 bilhão.
Castello Branco, que assumiu a empresa em janeiro, está liderando um processo ambicioso de desinvestimentos, enquanto busca focar as atividades da Petrobras em exploração e produção de petróleo e gás em águas profundas e ultraprofundas.
As vendas de ativos somaram US$ 15 bilhões no acumulado do ano até julho, incluindo ainda a venda do controle da BR Distribuidora , líder na distribuição de combustíveis do país. A petroleira ficou ainda com 37,5% do capital da companhia, mas planeja no futuro vender parcialmente ou totalmente a parcela remanescente, disse o CEO.
Com a venda da BR, a empresa apresentou a distribuidora como operações descontinuadas. E, para o terceiro trimestre, prevê um ganho de capital antes dos impostos de R$ 14,2 bilhões (incluindo o ganho na remensuração de R$ 7,4 bilhões).
Em meio a esse processo, lançou um novo programa de desligamento voluntário focado em aposentados e aposentáveis, que já contava com 1.560 adesões até o fim de julho, sendo que vários empregados já estão em processo de desligamento da companhia, informou a empresa.
Dívida em queda
A Petrobras informou ainda nesta quinta-feira que a dívida líquida da empresa totalizou US$ 83,7 bilhões ao final do segundo trimestre, uma redução US$ 11,9 bilhões ante o primeiro trimestre. Mas avalia que é necessário diminuir mais seu endividamento, um dos maiores do setor, por meio de novos desinvestimentos.
Segundo a Petrobras, os resultados do segundo trimestre, o índice dívida líquida/Ebitda ajustado foi de 2,69 vezes ao final do 2º trimestre, ante 3,10 vezes no primeiro trimestre e 3,20 vezes ao final de junho de 2018.
Em mensagem, o presidente da empresa disse que a Petrobras se defronta ainda com alavancagem financeira excessiva para uma companhia produtora de commodities e, portanto, exposta à volatilidade de preços. Ele destacou que, dessa forma, os encargos financeiros ainda consomem cerca de 40% do caixa operacional, “o que evidencia a necessidade de desinvestimentos para a redução do endividamento”.
Castello Branco também afirmou que a empresa estava com um volume de caixa excessivo ao final de junho, com os recursos da TAG, que serão utilizados para pagamento de dívida. “Com efeito, trata-se apenas de uma fotografia em determinado dia e o excesso de caixa está sendo utilizado, sendo nosso objetivo manter um caixa de US$ 6,6 bilhões, dada a disponibilidade de ‘revolving credit facilities’. Assim, é prevista diminuição da dívida bruta no terceiro trimestre”, afirmou.
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