A Petrobras registrou lucro líquido de R$ 9,09 bilhões no terceiro trimestre, alta de 36,8% ante o mesmo período do ano passado, apesar de uma queda nos preços do petróleo, em meio a uma redução no custo de extração do pré-sal para nível “sem precedentes”, informou a companhia na noite de ontem (24).
LEIA MAIS: Privatização da Petrobras não está na mesa, diz CEO
Contudo, houve uma queda de 51,8% no resultado líquido na comparação com o segundo trimestre, quando a empresa teve um resultado recorde.
Em mensagem, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, disse que o desempenho do terceiro trimestre “já começa a refletir a implantação de nossa estratégia voltada para a criação de valor“, que inclui foco em ativos de classe global, como a produção no pré-sal, e desinvestimentos bilionários do que não é considerado essencial.
O executivo lembrou que a companhia registrou um recorde de produção em agosto de 3 milhões de barris de óleo equivalente (boe), com um recorde diário de 3,1 milhões no mesmo mês.
Além disso, Castello Branco destacou que o custo caixa de extração (“lifting cost”) no pré-sal alcançou nível “sem precedentes”, de US$ 5 por boe, o que contribuiu para que o custo médio de extração da companhia fosse inferior a US$ 10 por boe (US$ 9,7/boe).
Já o lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) ajustado entre julho e setembro somou R$ 32,6 bilhões, alta de 9,1% em relação ao mesmo trimestre de 2018 e praticamente estável ante o segundo trimestre.
VEJA TAMBÉM: Petrobras fecha acordo para deslistar ações em bolsa na Argentina
Apesar da queda nos preços do petróleo, de US$ 75,27 no terceiro trimestre de 2018 para US$ 61,94 por barril no último trimestre, o fluxo de caixa operacional de R$ 32,8 bilhões “atingiu recorde histórico”, disse o executivo.
“Mesmo com queda do preço do Brent no período, mostramos resiliência e tivemos um crescimento tanto no Ebitda ajustado quanto no lucro líquido recorrente, quando expurgamos itens especiais”, afirmou a diretora-executiva de Finanças e Relacionamento com Investidores, Andrea Almeida, em um vídeo.
O presidente ainda lembrou que várias iniciativas estão em curso para cortar custos em bases permanentes.
“Processos estão sendo redesenhados, lançamos uma família de programas de demissão voluntária (PDVs) nos quais já se inscreveram mais de 2 mil empregados, desocuparemos quatro prédios até o final do ano, estamos passando de 18 escritórios fora do Brasil para somente cinco e várias outras medidas estão sendo implementadas com o emprego da transformação digital”, acrescentou o presidente.
A dívida líquida da Petrobras chegou a R$ 314 bilhões em 30 de setembro contra R$ 320,6 bilhões no final do segundo trimestre. Já o índice de alavancagem medido por dívida líquida/Ebitda ajustado caiu para 2,58 vezes versus 2,69 vezes no segundo trimestre.
A Petrobras informou ainda que seu Conselho de Administração, em reunião realizada ontem, aprovou a distribuição de remuneração antecipada aos acionistas sob a forma de juros sobre capital próprio (JCP), no valor total bruto de cerca de R$ 2,6 bilhões, equivalente a R$ 0,20 por ação ordinária e preferencial em circulação.
O pagamento do referido JCP será realizado em 7 de fevereiro de 2020.
EXPORTAÇÃO, CUSTOS E BAIXAS
Segundo a Petrobras, o forte volume de produção de petróleo e a realização de estoques formados no segundo trimestre possibilitaram um aumento nas exportações de óleo, além do aumento das vendas externas de derivados, como gasolina e óleo combustível com baixo teor de enxofre.
Este fato, combinado ao aumento das vendas de diesel no mercado interno, devido ao período da safra de grãos no Brasil, e às maiores vendas de gás natural e geração de energia elétrica, contribuiu para um aumento na receita de vendas, que totalizou R$ 77 bilhões no terceiro trimestre, 6,2% acima do segundo trimestre.
Contudo, a receita caiu 13,5% ante o mesmo período do ano passado.
“Houve menor receita com a venda de gasolina no Brasil devido aos menores preços em função da queda no ‘crack spread’, apesar dos maiores volumes. A receita de nafta também caiu, principalmente pela queda no volume de vendas, motivada pela menor demanda do produto no mercado interno”, completou a Petrobras.
LEIA TAMBÉM: Petrobras muda política de remuneração ao acionista
Em termos da composição da receita de vendas, o diesel continua sendo o produto mais relevante, representando 51% das receitas com vendas de derivados no mercado interno, um aumento de 2,6% com relação ao trimestre anterior, seguido da gasolina, com 20% das vendas, uma queda de 8,7% com relação ao trimestre anterior.
A estatal informou ainda que o custo dos produtos vendidos totalizou R$ 47 bilhões no terceiro trimestre, um aumento de 11,1% em relação ao trimestre anterior.
Esse incremento foi devido, principalmente, aos maiores custos de produção do petróleo em 17,1%, totalizando R$ 23,2 bilhões e refletindo os maiores volumes de óleo exportado no terceiro trimestre, um acréscimo de mais de 40% em relação ao segundo trimestre, além do aumento das vendas de derivados produzidos com óleo próprio, afirmou a empresa.
A empresa reportou ainda baixas contábeis de R$ 2,4 bilhões, sendo que cerca de metade do valor se deve ao não aproveitamento da plataforma P-37 no campo de Marlim. A empresa também informou o encerramento da produção do campo de Corvina e não aproveitamento da plataforma P-09.
Já os investimentos totalizaram US$ 2,6 bilhões, praticamente estáveis ante o trimestre anterior, sendo mais de 75% correspondentes a aportes de capital.
Sobre desinvestimentos, a empresa disse que alcançou até o momento em 2019 cerca de US$ 15,3 bilhões em valor total de transações assinadas e concluídas, considerando as fechadas e assinadas em 2018 e concluídas em 2019 (com entrada de caixa de US$ 13,3 bilhões).
Siga FORBES Brasil nas redes sociais:
Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Tenha também a Forbes no Google Notícias.