A petroleira anglo-holandesa Shell ainda vê muitas oportunidades de ganhar dinheiro com petróleo e gás nas próximas décadas, mesmo com investidores e governos aumentando a pressão sobre empresas de energia devido às mudanças climáticas, disse o presidente-executivo da companhia.
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Em entrevista à Reuters, Ben van Beurden expressou preocupação de que alguns acionistas possam abandonar a segunda maior companhia de energia listada do mundo motivados pelo que ele chamou de “demonização de petróleo e gás” e preocupações injustificadas de que seu modelo de negócios seja insustentável.
O executivo holandês de 61 anos se tornou, nos últimos anos, uma das vozes mais proeminentes do setor em defesa das ações contra o aquecimento global após o acordo climático de Paris.
A Shell, que fornece cerca de 3% da energia mundial, definiu em 2017 um plano para reduzir pela metade a intensidade de suas emissões de gases de efeito estufa até meados do século, com base, em grande parte, na construção de um dos maiores negócios de energia do mundo.
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Ainda assim, a quantidade de dióxido de carbono emitida pelas operações da Shell e os produtos que ela vende aumentaram 2,5% entre 2017 e 2018.
Van Beurden rejeitou um coro crescente de ativistas climáticos e partes da comunidade de investidores para transformar radicalmente o modelo de negócios tradicional da empresa anglo-holandesa de 112 anos.
“Apesar do que muitos ativistas dizem, é totalmente legítimo investir em petróleo e gás porque o mundo exige”, disse. “Não temos escolha a não ser investir em projetos de longa duração”, acrescentou.
A Shell insiste há muito tempo que a mudança do petróleo e do gás para fontes mais limpas de energia levará décadas, à medida que a demanda por transporte e plásticos segue crescendo. Investidores alertaram, no entanto, que as empresas de petróleo costumam confiar em previsões que subestimam o ritmo da mudança.
A Shell planeja lançar mais de 35 novos projetos de petróleo e gás até 2025, segundo apresentação a investidores em junho.
Petróleo e gás continuam sendo a espinha dorsal dos lucros da Shell, maior empresa listada no índice FTSE de Londres. A empresa é a maior produtora privada do pré-sal no Brasil e a principal sócia da Petrobras na região.
Embora o petróleo e o gás respondam hoje por todo o fluxo de caixa livre da Shell, ele prevê diversificação gradual nas próximas duas décadas. Espera-se que, juntos, os dois forneçam um terço do fluxo de caixa livre, mas o restante provenha de energia e produtos químicos.
Projetos de petróleo e gás, como usinas de processamento, plataformas de águas profundas e usinas químicas, levam bilhões de dólares para se desenvolverem e operarem por décadas.
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