A Fiat Chrysler prepara-se em 2020 para pegar carona no esperado crescimento da economia do Brasil e minimizar efeitos de crises nos mercados vizinhos da Argentina e Chile, enquanto a matriz apronta a fusão do grupo com a europeia PSA Peugeot Citroën, o que pode reforçar o poder de mercado da companhia ante rivais como General Motors e Volkswagen.
Em 2020, a FCA vai produzir mais motores, vai lançar uma versão modernizada de um de seus principais modelos, atrair mais fornecedores para seu complexo fabril no Nordeste e iniciar testes de mercado no segmento de veículos elétricos no país, afirmou hoje (12) o presidente da FCA para América Latina, Antonio Filosa.
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O executivo estimou que as vendas do mercado brasileiro de veículos leves devem subir 6% neste ano, previsão mais baixa que os 9% estimados pela associação de montadoras, Anfavea. Para as vendas da FCA, a previsão é de alta acima do desempenho do mercado nacional, algo “em torno de 7%, 8%, 9%”, disse Filosa.
“O motor de crescimento da região será o Brasil”, disse o executivo, referindo-se à expectativa da empresa de expansão de 1,5% nas vendas de veículos na América Latina em 2020, para 4,2 milhões de unidades. Isso porque o segundo maior mercado da região, a Argentina, deverá ter uma retração entre 10% e 15%, enquanto outros países terão desempenhos estáveis.
“Estamos agora em momento de saber se é hora para investir ou não nos próximos cinco anos na região. Para o Brasil, o momento é de crescimento, e a Argentina deve voltar a crescer no futuro”, disse Filosa, sobre os planos de desembolso do grupo, que envolvem R$ 14 bilhões entre 2018 e 2024 na região.
“Sobre a Argentina, para o futuro, faz sentido ter presença industrial porque é um país com 44 milhões de habitantes, com poder aquisitivo um pouco maior que o Brasil”, disse o executivo ao ser questionado sobre eventual fechamento de fábricas na região em meio aos planos de fusão com a PSA.
Ele, porém, evitou dar detalhes sobre os preparativos para a união com a hoje rival europeia, comentando apenas que a América Latina é a segunda região da FCA com mais potencial de obtenção de sinergias pela futura companhia combinada, atrás da região formada por Europa, Oriente Médio e África. Combinadas, FCA e Peugeot Citroën superam a GM em vendas no Brasil.
A Fiat é, atualmente, a terceira maior vendedora de veículos do Brasil, atrás de General Motors e Volkswagen. Alguns anos atrás a marca era a líder, posição que sustentou por mais de uma década e que foi perdida enquanto o grupo investia no complexo fabril de Goiana (PE) para abrigar a chegada da marca de utilitários esportivos Jeep. Juntas, Fiat e Jeep superaram no ano passado as vendas de GM e Volkswagen, em meio ao forte interesse do mercado nacional por SUVs, segmento que a Fiat ficou praticamente de fora.
Porém, Filosa afirmou que, além da nova picape Fiat Strada no segundo trimestre deste ano, que exigiu investimento bilionário do grupo, a marca vai lançar entre 2021 e 2022 dois modelos SUVs, com o primeiro sendo posicionado abaixo do preço dos modelos da Jeep.
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Com os novos modelos de veículos e contratos de exportação, a produção de motores e transmissões na fábrica de Betim (MG), a maior da companhia na América Latina, vai passar neste ano de 1,1 milhão para 1,3 milhão de unidades anuais, disse o executivo. Cerca de 260 mil serão exportados para a Europa.
Enquanto isso, em Goiana a empresa vai elevar o número de fornecedores locais até 2024 de 17 para 50, o que deve gerar uma queda nos custos da fábrica, que hoje trabalha com um nível de nacionalização de componentes de 30% ante 70% de média da FCA no Brasil.
O aumento dos fornecedores ajudará a empresa também a elevar a produção da unidade pernambucana. Para este ano, a previsão é chegar a 250 mil veículos ante 220 mil em 2019.
Em Betim, que tem capacidade para produzir 600 mil veículos por ano, a nova Strada vai ampliar a utilização da fábrica ao conviver com a versão anterior do modelo, disse Filosa. “Para termos uma boa operação em Betim, o ideal é produzirmos 450 mil veículos por ano. Este ano, a produção será cerca de 400 mil, em 2021, com as SUVs, vai passar de 450 mil”, afirmou o executivo.
Filosa também disse que a Fiat deve iniciar vendas no Brasil, até o final do ano, de um veículo elétrico importado da Europa. Ele não disse qual, mas a imprensa especializada aposta no modelo compacto Fiat 500. “Vai servir para testarmos o mercado. Temos dúvida de quando terá escala para elétricos”, afirmou o executivo.
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Sobre a situação de fornecimento de peças importadas da China para a FCA na América Latina, por conta da epidemia do novo coronavírus, Filosa evitou fazer comentários. “Estamos fazendo reuniões diárias sobre o assunto. Tem problema para uma fábrica na Europa, aqui [no Brasil] estamos monitorando.”
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