Na ilha de Miyajima, no sudoeste do Japão, existe uma atração nova em folha para os turistas a pouca distância do local de um dos templos mais antigos do país: uma área de banheiros públicos de última geração quase do tamanho de uma quadra de tênis.
A instalação de 183 metros quadrados – uma parceria do município e da Toto, a maior fabricante japonesa de vasos sanitários – é só uma das centenas que foram aprimoradas em todo o país antes dos Jogos Olímpicos de Tóquio de 2020, e envolve a remoção dos tradicionais vasos sanitários de chãos pensando nos turistas estrangeiros.
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O desafio é nada diante daquele enfrentado pelos planejadores da Olimpíada de Tóquio anterior. Antes dos Jogos de 1964, só 20% da cidade tinha rede de esgotos, latrinas de poço se espalhavam pela capital e caminhões apelidados de “vagões de mel” percorriam os bairros para sugar os dejetos humanos em tanques e descartá-los em outros locais.
Mas o programa de reforma para 2020 se baseia em um conceito público de saneamento avançado que se enraizou na psique japonesa desde os anos 1960, disse Masakazu Toki, professor emérito de antropologia cultural da Universidade Edogawa.
“O Japão queria se tornar um ‘país de ponta’ aos olhos de seus visitantes tornando o país impecavelmente limpo”, o que ficou evidente em uma campanha para tornar as ruas mais limpas antes da Olimpíada de 1964, disse Toki.
Trens-bala, uma economia forte, higiene, tudo isso era parte do processo de criar uma nova identidade “de nação avançada”, e a higiene continua sendo uma parte integral da identidade nacional, acrescentou.
A Olimpíada deste ano não é exceção.
Como uma pesquisa do governo mostrou que cerca de 40% dos banheiros públicos do Japão tinham vasos sanitários de chãos em 2016, o governo iniciou uma campanha para ajudar os municípios – particularmente em destinos populares, como Kyoto – a financiarem a conversão destes para vasos com assentos, prevendo que os turistas olímpicos explorarão muito além de Tóquio.
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Estatísticas da Agência de Turismo do Japão mostram que um total de 332 banheiros foram reformados entre os anos fiscais de 2017 e 2019.
Além de estabelecer uma higiene digna da louvor, a revolução dos banheiros japoneses fomentou uma cultura de vasos sanitários que chegou a gerar um personagem popular de anime com nádegas no lugar da cabeça e “museus do cocô” que oferecem uma homenagem divertida às visitas ao banheiro – além de banheiros equipados com geringonças de alta tecnologia.
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