Apesar da forte revisão, o dado ainda está mais otimista que o divulgado por uma série de instituições financeiras
O Ministério da Economia anunciou hoje (20) corte na projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2020 a 0,02%, ante alta de 2,1% indicada há dez dias, numa mostra da rápida deterioração das expectativas em meio ao avanço do coronavírus e seu dramático impacto na economia.
Apesar da forte revisão, o dado ainda está mais otimista que o divulgado por uma série de instituições financeiras que refizeram suas contas, com boa parte delas prevendo uma contração da economia neste ano.
Nesta sexta-feira, a FGV estimou que o PIB poderá recuar 4,4% em 2020. O Banco Fator projetou recentemente um tombo de até 3,6% da atividade, enquanto JP Morgan e Bank of America passaram a ver uma retração de 1% e 0,5%, respectivamente.
Na mais recente pesquisa Focus, que reflete dados coletados há uma semana, a expectativa do mercado ainda era de crescimento de 1,68% do PIB.
Em nova grade de parâmetros, o time econômico agora vê alta de 3,05% do IPCA neste ano, contra percentual de 3,12% antes.
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Já a projeção para o preço médio do petróleo Brent caiu a 41,87 dólares por barril, contra patamar de US$ 52,70 divulgado na semana passada. Para o dólar em final de período, a estimativa agora é de R$ 4,35, sobre R$ 4,20 antes.
No primeiro relatório bimestral de receitas e despesas, também divulgado nesta sexta-feira, o governo reduziu a expectativa de receita líquida de transferências em R$ 31,222 bilhões em relação ao total calculado no Orçamento, a R$ 1,324 trilhão
Esse dado, contudo, não considerou os novos parâmetros macroeconômicos, mas os antigos, anunciados em 11 de março. Por conta disso, a previsão já não reflete a deterioração já vista pelo governo em relação a variáveis que impactam diretamente sua arrecadação.
Para as despesas no ano, em análise também baseada em parâmetros antigos, o governo elevou seu cálculo em R$ 6,331 bilhões, a R$ 1,486 trilhão.
Com isso, a equipe econômica indicou que, caso houvesse necessidade de cumprimento da meta de déficit primário estabelecida em lei para este ano –de um rombo de R$ 124,1 bilhões para o governo central–, seria necessário congelar as despesas em R$ 37,5 bilhões.
Mais cedo nesta semana, o ministro da Economia, Paulo Guedes, já havia indicado que o contingenciamento requerido ficaria por volta de R$ 40 bilhões, o que considerou inviável dado o cenário desafiador colocado pela necessidade de enfrentamento ao coronavírus, tanto em termos de saúde pública, como em termos econômicos.
Por isso, o governo encaminhou ao Congresso um pedido de estado de calamidade pública que o dispensa da necessidade de cumprimento da meta fiscal deste ano, o que abre caminho para que eleve gastos. O pedido já foi aprovado pela Câmara dos Deputados e também pelo Senado.
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