A bolsa paulista teve mais uma sessão de fortes perdas hoje (12), tendo acionado o circuit breaker por duas vezes, o que não acontecia desde a crise de 2008. O Ibovespa fechou com o pior desempenho desde 1998, reflexo do clima de pânico nos mercados globais em torno da pandemia de coronavírus.
O tombo nesta véspera de sexta-feira 13 só não foi maior porque o Federal Reserve de Nova York anunciou injeção de US$ 1,5 trilhão no sistema financeiro em um esforço para tentar acalmar investidores globais. Isso acabou evitando uma terceira suspensão dos negócios na B3 na mesma sessão.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 14,78%, a 72.582,53 pontos, no menor patamar desde 28 de junho de 2018. Foi a pior performance desde 10 setembro de 1998, ano marcado pela crise financeira russa. Todas as ações da carteira do índice fecharam em queda. O volume financeiro no pregão somou R$ 30 bilhões.
O pregão brasileiro teve as negociações suspensas primeiro por volta de 10h20, por 30 minutos, após o Ibovespa cair mais de 10% e depois, antes das 11h15, por uma hora, conforme acelerou a perda a mais de 15%.
Pouco antes do anúncio do Fed, o Ibovespa renovou mínima da sessão, a 68.488,29 pontos, menor patamar intradia desde agosto de 2017, em queda de 19,59%, ameaçando o terceiro circuit breaker do dia. Se caísse 20%, a bolsa poderia determinar a suspensão dos negócios por um período por ela definido.
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Por volta do mesmo horário, a B3 também anunciou que estava mudando exclusivamente para essa sessão o limite de oscilação diária para o contrato futuro de Ibovespa dos atuais 10% para 15%. Por volta de 17h35, o contrato para abril do índice cedia 10,45%, a 72.125 pontos, no limite de baixa.
O Fed de Nova York anunciou que fará novas operações compromissadas, nesta semana, no montante de US$ 1,5 trilhão e começará a comprar uma série de vencimentos como parte de suas compras mensais de Treasuries.
“É grande e, finalmente, responde a preocupações com o funcionamento de alguns segmentos-chave do mercado. A intervenção pode aliviar os riscos de liquidez” afirmou Mohamed A. El-Erian, economista-chefe da Allianz, em sua conta no Twitter.
O componente mais recente para a onda de vendas nos mercados de ações veio na noite da véspera, quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impôs restrições abrangentes a viagens da Europa para o país, entre outras medidas, o que tende a afetar ainda mais o ritmo das economias.
“A falta de detalhes dos estímulos do governo americano para combater o surto de Covid-19 decepcionou os investidores”, afirmou a equipe da Elite Investimentos, em nota distribuída a clientes mais cedo.
O cenário político econômico no Brasil corroborou o clima negativo nos negócios, após o Congresso Nacional derrubar ontem (11) veto presidencial a projeto que amplia o acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), o que terá impacto estimado em 20 bilhões de reais no primeiro ano.
Ainda no panorama local, o presidente Jair Bolsonaro está sendo monitorando para o coronavírus, após o secretário especial de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten, testar positivo para o vírus. O secretário fez parte da comitiva presidencial de Bolsonaro aos EUA, onde se encontrou com Trump.
Na visão do gestor Alfredo Menezes, da Armor Capital, os preços dos ativos no Brasil não estão coerentes com fundamentos, mas busca por liquidez, o que, por um lado, pode forçar o Executivo e o Legislativo a aprovarem as reformas. “Difícil mensurar o tempo para se realinhar preços e alavancagem do sistema. Mas que já há muita coisa barata, há.”
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