Estrangeiras ou 100% nacionais, aqui elas criaram e desenvolveram produtos e processos que fizeram a diferença e chamaram a atenção do mundo. Conheça a seguir as dez companhias mais inovadoras do país, eleitas por FORBES com o apoio do Observatório de Multinacionais Brasileiras da ESPM.
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Veja, na galeria de fotos abaixo, as 10 empresas mais inovadoras do Brasil:
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iStock CIELO
Tecnologia, estruturação interna e foco nos desejos do cliente
Pelo segundo ano consecutivo, a Cielo é a única empresa 100% nacional a figurar entre as cem mais inovadoras do mundo no levantamento feito por FORBES USA. Mesmo que tenha perdido posições em relação a 2016, seus números não deixam de impressionar. Em 21 anos, a empresa paulista de pagamentos eletrônicos tornou-se uma das dez maiores credenciadoras do planeta. Suas “maquininhas” estão em quase todos os municípios do país onde há a infraestrutura necessária, como energia elétrica. Suas diferentes plataformas atendem 1,6 milhão de clientes no Brasil.
Mas o que faz a empresa se destacar no quesito inovação? É a soma de tecnologia, estruturação interna e foco nos desejos do cliente (leia-se praticidade). “Estruturamos um programa dedicado a fomentar a cultura digital em toda a organização, com a realização de programas internos para discussão de ideias, sessões de design thinking, concept sprints e hackathons”, explica Danilo Caffaro, vice-presidente de Produtos, Negócios, Inovação e Marketing da Cielo.
O objetivo da companhia é deixar de ser apenas uma empresa de pagamentos (ou “empresa das maquininhas”, embora este ainda seja seu principal produto) para se tornar uma gigante de soluções tecnológicas. “Buscamos, em todas as frentes, melhorar cada vez mais a experiência de compra e venda, de maneira que a etapa de pagamento seja cada vez mais fluida e sem barreiras”, afirma o executivo. “Pensamos a inovação em algumas categorias, desde a inovação incremental em soluções que já existem e que são o core do negócio, até aquelas que provocam a disrupção ou que geram novas linhas de serviço para a companhia.”
É aqui que entra a grande aposta da companhia: a Cielo LIO. Lançada no ano passado, a máquina, vendida a R$ 239,90, é uma ferramenta de pagamentos “inteligente”, com uma série de serviços como catalogação de produtos, acesso a relatórios de vendas, comprovantes digitais e aquisição de recebíveis. “Foi um divisor de águas para a Cielo. Não só porque foi uma disrupção na forma com que o varejista se relaciona com o serviço de pagamentos, mas também por trazer ao nosso segmento a realidade da inovação aberta”, afirma Caffaro.
Sem abrir os números da adesão ao novo produto, o executivo afirma que a LIO passa por um processo de “aculturamento e de quebra de barreiras”. E é nela que a empresa continua a investir. Ainda no último trimestre deste ano, a tecnológica lançará sua própria loja digital para aplicativos, a Cielo Store, onde os varejistas poderão baixar ferramentas que atendam a suas necessidades de venda.
Como a plataforma é um sistema operacional próprio baseado em Android, os desenvolvedores podem criar seus próprios aplicativos e deixá-los disponíveis na store. A previsão da empresa é que até o fim de 2017 haja 60 integrações.
Outro projeto digital que está sendo trabalhado pela Cielo é o iD, um aplicativo que interliga os donos dos cartões e os estabelecimentos comerciais. Praticidade é a palavra de ordem para as equipes envolvidas. Ao se conectar, por exemplo, o cliente não precisa pedir a segunda via do cartão e já fica com o registro do quanto tem gastado – algo que, diz a empresa, pode ajudar no controle financeiro. Já o lojista pode se cadastrar diretamente pela maquininha e depois baixar a ferramenta no celular. Pode ainda criar e divulgar campanhas exclusivas para os usuários do app.
“Estamos sempre buscando soluções relevantes que, como resultado líquido, sejam capazes de ajudar nossos clientes a vender mais e a gerenciar melhor seus negócios”, afirma Caffaro. “Esse espírito nos leva a pensar o tempo todo em produtos e soluções que agreguem valor ao cliente e que, fundamentalmente, sejam escaláveis. Isso tem impacto direto na nossa maneira de ser e de agir, que é a transformação digital pela qual a companhia passa: não fazemos inovação pela inovação.”
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Divulgação FCA Brasil (Fiat)
Iniciativas passam por mobilidade urbana e energia sustentável
Seria a indústria automotiva a menina dos olhos do desenvolvimento econômico e a vilã da sustentabilidade e do meio ambiente? O Grupo Fiat Chrysler (FCA) tem investido alto no Brasil e no mundo para mostrar que não. Sem divulgar valores destinados à área de pesquisa e desenvolvimento, a multinacional tem se destacado na criação de soluções que deixem seus carros e meios de produção mais compatíveis com a realidade global atual.
Para elaborar esses projetos por aqui, a gigante criou em 2014 a Future Insights (FI), uma área autônoma da empresa voltada à inovação. “A FI atua tentando identificar oportunidades de mudança para o futuro”, afirma Mateus Silveira, diretor do projeto, que busca fazer transformações internas – com impacto externo – de médio e longo prazos.
A FI fica em uma sala fora da fábrica da montadora em Betim, no interior de Minas Gerais. E só assim ela poderia funcionar. “Nossa abordagem é diferente da tradicional, ficamos fora dos processos normais”, afirma o diretor. “Temos mais liberdade, nosso objetivo é abordar questões de impacto, pregando a cultura da tolerância ao erro. Costumo dizer que é como o primeiro saque do tênis. Ele vai com força. Se acertarmos, ótimo. Se errarmos, temos uma segunda chance.”
Silveira tem passe livre para transitar pela gigante “quadra” em que trabalha. “Tenho 18 mil funcionários no meu setor”, brinca o executivo, referindo-se à quantidade total de trabalhadores da FCA no Brasil. A montadora dá pleno acesso para que ele busque pessoas de outras áreas para participar de seus projetos. É desse ambiente de diálogo e criação que sai grande parte das soluções mais interessantes da FCA nos últimos anos, como o projeto Futuro das Cidades. Em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), o Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppead) e o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar), a empresa desenvolveu estudos sobre as tendências da mobilidade urbana no Brasil.
Foram chamados 250 ativistas, empreendedores sociais e especialistas para debater possíveis cenários futuros. “Hoje nosso cliente está nas cidades, não está no campo”, afirma Silveira. “Queremos entender a transformação do espaço urbano e ver como essas mudanças se relacionam com a mobilidade.”
Outra iniciativa desenvolvida pela FCA Brasil é o Projeto Girassol, uma experiência que envolve carros movidos a energia sustentável. O Centro de Inovação da companhia em Betim pesquisa o uso de células fotovoltaicas no próprio veículo para converter a luz solar em energia elétrica, usando o princípio dos painéis solares atuais, e armazená-la também na bateria do veículo. De acordo com a empresa, isso diminuiria o consumo de combustível e, portanto, a emissão de poluentes.
O projeto, ainda em fase de pesquisa, usaria as células fotovoltaicas da CSEM Brasil: filmes plásticos transparentes de 20 centímetros de largura com um composto fotovoltaico orgânico impresso na superfície. Essas películas podem ser aplicadas na lataria ou nos vidros do veículo. A tecnologia já é usada nos Estados Unidos, na Europa e no Japão, mas nunca tinha sido estudada no Brasil.
As inovações focadas na sustentabilidade não se restringem aos automóveis – estão também nos meios de produção da FCA. A montadora tem apostado na gestão ambiental de suas fábricas em Minas Gerais e Pernambuco. A multinacional gaba-se de ser recordista em reúso de água, além de ter sido a primeira a alcançar a meta do aterro zero – quando nenhum resíduo é encaminhado para aterro; 100% dele é enviado para reutilização e reciclagem.
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iStock Siemens
Mais eficiência e menos gastos em nome da saúde
“Inovação não é necessariamente uma invenção, um novo equipamento: pode ser a renovação de um processo, ao torná-lo mais rápido e eficiente.” A fala de Armando Lopes, diretor-geral no Brasil da Siemens Healthineers, braço da área de saúde da gigante alemã, indica o rumo que a empresa tem tomado nos últimos anos.
A multinacional centenária tem se destacado no país exatamente na área da saúde, onde os pontos altos não foram novos e revolucionários aparelhos, mas soluções novas e práticas para problemas do setor. “Na parte clínica, temos investido em diagnósticos precoces”, afirma Lopes. “Tratar um câncer o quanto antes, por exemplo, aumenta a chance de cura.”
Uma dessas soluções foi o Atellica Solution, apresentado pela marca no 51º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica em São Paulo, no fim de setembro. Com a comercialização prevista para o ano que vem, o projeto tem o objetivo de aumentar o rigor dos procedimentos de análise de sangue e tornar o trabalho dos profissionais mais simples e eficiente por meio de um conjunto de analisadores de imunoensaios.
O Atellica tem um sistema de multicâmeras independente que permite o controle individual de cerca de 30 tipos diferentes de recipientes de amostras. Um software inteligente detecta automaticamente a prioridade a ser analisada e a separa do resto para análise. De acordo com a empresa, o transporte dos tubos é dez vezes mais rápido do que em esteiras convencionais. Essa solução foi desenvolvida com a participação de clientes de cinco países, inclusive no Brasil.
A unidade brasileira da Siemens Healthineers também criou uma solução que possibilita a especialistas controlar remotamente equipamentos de ressonância magnética. “Sabe aquele profissional atrás do vidro quando você vai fazer o exame? Ele não precisa estar ali, pode operar de outro lugar”, afirma Lopes.
Com o Virtual Operations Center (VOC), o profissional fica em uma sala de operação com telas que mostram as salas de exames. Ele acompanha tudo pelo vídeo e pode falar com o paciente, se necessário. Cada profissional consegue controlar até três operações simultaneamente.
“Não é todo profissional que opera uma ressonância cardíaca, por exemplo. Nosso sistema permite que alguém em São Paulo faça o exame em qualquer lugar do país, o que representa um grande aumento do alcance”, afirma o executivo. “Além disso, você cria um padrão de qualidade para o tipo de exame feito.” Segundo Lopes, o VOC já está em operação no Brasil, com 60 máquinas.
Se o norte da companhia é mais eficiência com menos gastos, parece natural que o serviço público tenha se interessado por suas soluções. Este ano, a Siemens começou um programa piloto com a prefeitura de São Paulo para a detecção de diabetes em Unidades Básicas de Saúde (UBS). Doou kits de testes de hemoglobina com uma tecnologia que acelera o diagnóstico.
“Até o paciente fazer o teste, voltar para casa, vir outro dia para pegar o resultado e, então, receber as recomendações… é um processo que pode levar cinco meses. Nós diminuímos para uma hora”, afirma Lopes. Segundo a empresa, dos 82 pacientes que participaram do programa, 73% apresentaram alterações no resultado dos exames e 60 receberam orientações já na mesma consulta.
“Nós queremos inovar no processo”, afirma o diretor-geral. “Com as soluções que temos apresentado, há ganho de produtividade, redução de custo e ampliação do acesso.”
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iStock Philips
De mamadeira a ressonância magnética
“Já produzimos televisores, mamadeiras, aparelhos de som, discos… Somos uma marca conhecida por ter criado coisas. Temos mais de 80 mil patentes na Europa”, afirma Renato Garcia Carvalho, CEO da Philips no Brasil. Ele diz isso para reafirmar a vocação da centenária empresa holandesa: “Ao longo do tempo, sempre lutamos pela inovação”.
No Brasil, esse espírito se traduz no excelente momento que a empresa atravessa, com crescimento entre 10% e 15% nos últimos dois anos. “Não é um país fácil. O custo Brasil atrapalha muito, mas, por estarmos aqui há muito tempo, mais de 90 anos, entendemos o mercado”, afirma Carvalho.
Os tempos de instabilidade fizeram com que a empresa, que já teve mais de dez centros de produção no país, mantivesse apenas dois: um em Varginha (MG), voltado a hardwares, e outro em Blumenau (SC), dedicado aos softwares. “Nós tínhamos uma planta industrial muito forte, mas tivemos de passar por essa reestruturação.”
Hoje a Philips no Brasil tem seus principais pontos de inovação em dois setores, tão diferentes quanto importantes: saúde e iluminação. O primeiro, por meio do braço Healthcare, tem seu principal polo em Blumenau, antiga sede da Web Sistemas, comprada em 2010.
“Junto com a empresa compramos um software de sistema de gestão laboratorial chamado Tasy”, conta o CEO. O programa é um prontuário eletrônico que promove a ligação entre as instituições de saúde, como hospitais, planos de saúde e bancos de sangue, para gerenciar dados de pacientes. Com ele, as entidades aumentam a eficiência e diminuem o custo. “É uma solução brasileira que melhoramos e transformamos em um produto global”, afirma Carvalho. O Tasy é exportado desde 2013 para países como México, Alemanha e Arábia Saudita.
A empresa também tem apostado em parcerias público-privadas (PPPs). A primeira iniciou-se em 2015 com a gestão de dois hospitais no estado da Bahia. “Falta oferta de saúde no Brasil, nós vimos a oportunidade e participamos do processo”, conta o executivo. “Fazemos tudo no hospital: da troca de equipamentos à equipe. Entramos para garantir a qualidade das melhores instituições do país no serviço público.” As negociações estão avançadas com outros três estados.
O setor de iluminação, sob a asa da Philips Lighting, também propõe melhorias no serviço público. Uma aposta da companhia, uma das líderes do setor no mundo, é a iluminação de locais públicos com tecnologia LED. No Brasil, isso já funciona em São Paulo (no Parque do Ibirapuera e na Ponte Estaiada), Salvador (Avenida Paralela) e Brasília (Eixo Monumental).
“As cidades ganham uma satisfação imediata, além da economia de energia, que varia de 50% a 80% da conta atual”, afirma Daniel Tatini, general manager da Philips Lighting Brasil. “Além disso, a conectividade da gestão integrada de cada ponto de luz proporciona um serviço de controle e manutenção muito mais ágil e rápido.”
De acordo com o executivo, a aposta na sustentabilidade é o que tem movido a empresa. “O apelo de sustentabilidade começa pela economia de energia, mas vai muito além disso”, argumenta Tatini. “A economia de pelo menos 50% é quase garantida em novos projetos. Hoje temos soluções que funcionam com energia solar, reduzem a manutenção durante alguns anos e ainda são quase 100% reaproveitadas.”
O CEO Carvalho entusiasma-se com os projetos e com o bom momento da empresa: “Pretendemos investir alto nos próximos anos”. A fábrica em Varginha já está começando a produzir tomógrafos e aparelhos de ressonância magnética – que devem chegar ao mercado global no primeiro trimestre de 2018.
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Tomas Arthuzzi Embraer
50% da receita vem de inovações lançadas nos últimos cinco anos
A indústria aeronáutica é uma das que mais dependem de inovações para se manterem vivas. Dado o porte dos produtos que oferecem, mais do que ninguém dependem de planejamento, pesquisa e visão de futuro – algumas ideias podem demorar até 20 anos entre o esboço e o lançamento comercial.
A Embraer, sabendo disso, investe 10% de seu faturamento – de US$ 6 bilhões – em P&D (pesquisa e desenvolvimento), bem acima da média nacional (segundo a Pesquisa de Inovação do IBGE, em 2014 as empresas brasileiras investiram, em média, 2,55% da receita líquida em P&D). Além disso, 50% da receita da Embraer é proveniente de inovações lançadas no mercado nos últimos cinco anos.
O comprometimento da companhia em inovação a coloca entre os principais players do mercado de aviação: é a terceira maior fabricante mundial de jatos comerciais (atrás de Boeing e Airbus) e líder no segmento de até 130 assentos. Além disso, tem participação relevante no mercado de aeronaves militares e jatos executivos. Já desenvolve melhorias exclusivas em sua linha executiva – que só são vistas em protótipos futuristas nas concorrentes.
O jato executivo Lineage 1000E, por exemplo, oferece aos compradores a opção de customizar o modelo, que tem preço inicial de US$ 55 milhões.
Para manter a posição de destaque no mercado mundial, a empresa aumentou seus esforços em inovação. Além da equipe de engenheiros na sede em São José dos Campos (SP), ela criou, este ano, o Centro Embraer de Inovação nos Negócios em Melbourne, na Flórida. O objetivo do centro é servir como intermediário entre as equipes da companhia e os ecossistemas de startups de Boston e do Vale do Silício para desenvolver novas tecnologias e modelos de negócios disruptivos.
A aliança com o Uber no desenvolvimento de um veículo elétrico de transporte aéreo urbano – que deve ser autônomo e com decolagem e aterrissagem na vertical – é um dos frutos da iniciativa do novo escritório nos Estados Unidos. A partir de abril, os parceiros começaram a discutir as diretrizes para a construção do protótipo e dos equipamentos do sistema de tráfego necessários. “A Embraer entrou para entender melhor a proposta e decidir se terá uma participação mais efetiva”, explicou Paulo Cesar de Souza e Silva, CEO da Embraer, quando foi um dos 25 eleitos na lista Global Game Changers de FORBES USA.
Enquanto isso, a empresa está prestes a lançar novos produtos que também prometem impactar o mercado, como as aeronaves do programa E2 de desenvolvimento de novos jatos, iniciado em 2013, e o cargueiro militar KC-390.
O destaque do programa E2 é a aeronave E195-E2, que vai substituir o E195. O novo avião vai ser 16% mais econômico que o antecessor no consumo de combustível, além de apresentar um custo operacional 24% menor, aproximando-se do custo de uma viagem de aviões maiores, como o A320 (Airbus) e o 737-700 (Boeing). A primeira entrega do E195-E2 vai ocorrer no primeiro semestre do ano que vem.
Já o cargueiro militar KC-390 é um veículo de médio porte, cuja inovação é a realização de missões diferentes a partir da reconfiguração rápida do espaço interno do avião. A aeronave pode ser utilizada desde para o transporte de paraquedistas até para o carregamento de água em combate a incêndios. Desenvolvido a partir de uma encomenda de 28 unidades da Força Aérea Brasileira (FAB), o KC-390 vai substituir o Hércules C-190, seu único concorrente no segmento, a partir do primeiro semestre do ano que vem. Além disso, está em “negociações avançadas” para assinar um contrato com o governo de Portugal, tornando-se uma das poucas empresas que fecham a venda de um veículo militar para um governo estrangeiro antes que entre em operação na Força Aérea do seu país de origem.
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iStock Microsoft
Onde a inteligência artificial já é mais que realidade
Se você ainda considera a Microsoft “aquela que faz o Windows e o Pacote Office”, está duas décadas atrasado. Hoje a gigante fundada por Bill Gates nos anos 1980 tem os dois olhos voltados para o que considera o futuro do mundo: a inteligência artificial (IA).
“Nossa ambição de democratizar a inteligência artificial significa colocar mais inteligência em todos os nossos produtos e serviços”, afirma Paula Bellizia, CEO da Microsoft Brasil. “Além disso, também dar amplo acesso à comunidade de desenvolvedores brasileiros para que eles usem nossas ferramentas de criação de bots e serviços cognitivos.”
O Brasil foi o quarto país escolhido pela matriz para receber um Laboratório de Tecnologia Avançado (ATL), instalado no Rio de Janeiro. É o único no Hemisfério Sul. Lá, 20 pesquisadores desenvolvem pesquisas relacionadas a IA e inovação.
Uma das áreas em que a empresa tem se destacado nessa soma é a saúde, onde já desenvolveu diversas soluções locais, algumas delas com destaque internacional. Este ano, desenvolveu um software de IA em parceria com o Hospital 9 de Julho, em São Paulo, que auxilia na segurança dos pacientes. “Por meio de vídeos captados em tempo real, o programa permite que a máquina entenda as imagens e evite situações de risco”, explica Luiz Sergio Pires, diretor do ATL no Rio. “Ele detecta pacientes querendo se levantar, por exemplo. Muitas vezes ele acha que está bem, mas não está. O programa envia um alerta para os enfermeiros quando nota alguma movimentação.”
Outro projeto de IA na área da saúde em desenvolvimento no Brasil busca avanços no tratamento do câncer. Em parceria com o Grupo Oncoclínicas, a Microsoft prevê o uso de recursos de machine learning para tornar os penosos processos de radioterapia e quimioterapia mais eficientes.
A empresa também tem investido alto em startups. Bellizia revela que, entre 2011 e 2015, foram investidos R$ 12 milhões no apoio de cerca a 5.500 novas empresas.
Por meio do Azure, seu serviço de nuvem, a multinacional também usou machine learning para desenvolver a plataforma “Quanto Vale?” para a companhia de inteligência imobiliária Datazap, do ZAP Imóveis. A plataforma analisa dados de milhões de imóveis que já foram anunciados no ZAP nas transações de compra, venda e aluguel de apartamentos para chegar a uma estimativa de preço.
“Tudo é aprendizado de máquina. Usando algoritmos e informações do big data, podemos chegar ao melhor preço”, afirma Pires. “Há mil coisas para levar em consideração. Para isso usamos a máquina.” O conglomerado tem investido cada vez mais no Azure e em ferramentas de digitalização de dados para empresas, como o Cortana Analytics. “Nosso ano fiscal teve resultados acima do planejado. Continuamos em nossa trajetória de transformação digital”, afirma Bellizia.
Para tentar chegar antes ao futuro movido a inteligência artificial, a empresa mantém 5 mil pesquisadores e investe US$ 12 bilhões/ano.
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iStock SAP
De São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, para o mundo
Se, em meio à crise, muitas empresas apostaram em uma desaceleração de investimentos no Brasil, a alemã SAP optou pelo caminho oposto: o de fincar cada vez mais sua participação em terras nacionais. Forte indicativo dessa atitude é o fato de o Brasil ter sido escolhido como sede de um dos 19 SAP Labs, centros de desenvolvimento de aplicações e serviços de suporte da companhia. E o SAP Lab, aqui, tem gerado resultados de alcance internacional.
Localizado em uma área de 17 mil metros quadrados em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, o centro é a referência de pesquisa e desenvolvimento da marca para toda a América Latina. “O objetivo dos Labs é a inovação”, afirma Dennison John, presidente global do SAP Labs. “E na América Latina, em especial no Brasil, as pessoas gostam de inovação.”
“Com uma equipe composta 53% de millennials em São Leopoldo, nós vemos que os brasileiros são muito ativos nas redes sociais e conectados a novidades”, continua o executivo, ao explicar o interesse pelo desenvolvimento da companhia no país. “É, sem dúvida, um continente a se olhar.”
Essa atenção, claro, é pautada por inovação e tecnologia. “Pela proximidade com os clientes, a SAP tem na transformação digital o principal desafio para as empresas que queiram se manter competitivas”, afirma a CEO da SAP Brasil, Cristina Palmaka. “Estudos importantes mostram que o uso mais intensivo de tecnologias digitais pode representar um acréscimo significativo no PIB das economias globais – no caso brasileiro, de cerca de US$ 97 bilhões até 2020, um aumento anual de 0,5% sobre o crescimento projetado.”
A movimentação tem dado resultado. Este ano, o SAP Labs Latin America, no RS, desenvolveu uma solução para agricultura que já está sendo exportada para o resto do mundo. A SAP Hana é uma plataforma que monitora as atividades de uma plantação por meio de sensores nos tratores.
Com o protótipo baseado na Internet das Coisas (IoT), o agricultor pode monitorar online e em tempo real os processos de plantio – a quantidade de sementes, o preparo, a adubação e a correção do solo, entre outras tarefas. Os dados são integrados ao sistema de gestão da fazenda, o que permite uma análise também em tempo real. Conforme o produtor planta, ele sincroniza as bases e baixa seus estoques, tudo online. “É uma tecnologia de ponta criada no Brasil, com alto potencial de exportação”, afirma John.
A empresa não tem inovado apenas em produtos, mas também em processos. Em dezembro, a SAP Brasil firmou parceria com o PayPal para facilitar o acesso de pequenas e médias empresas ao Business One, seu serviço de nuvem. No primeiro semestre de 2017, a companhia anunciou o SAP Leonardo, uma plataforma de soluções que reúne tecnologias de ponta, como inteligência artificial, blockchain e machine learning.
“A empresa, hoje, é a grande fornecedora de soluções para gestão de negócios, sobretudo baseadas na nuvem, para mais de 25 tipos de indústrias e serviços públicos e privados”, afirma a CEO.
Além disso, a exemplo do Hana, também tem investido na Internet das Coisas, onde tudo é conectado. “Um recente estudo do Gartner Group aponta para a existência, até 2020, de mais de 26 bilhões de sensores conectados no mundo. Os próximos anos serão, sem dúvida, impactantes para empresas e também para o cotidiano das pessoas” completa Palmaka.
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iStock Accenture
Innovation Center em Recife é o celeiro das novas ideias
A Accenture – consultoria de soluções tecnológicas com faturamento de US$ 33 bilhões (2016) e mais de 400 mil funcionários no mundo – instalou um braço de inovação em Recife, numa antiga região portuária revitalizada chamada de Porto Digital, que abriga 267 empresas de software, TI e startups.
Em abril, a consultoria inaugurou no local o Innovation Center brasileiro, sua divisão voltada para o desenvolvimento de soluções aplicáveis no mercado. Na inauguração, o espaço mostrou a que veio: a recepção e o tour foram conduzidos por um robô controlado remotamente, em outra cidade. “Queremos ajudar nossos clientes a operar de maneira mais eficiente. Os problemas são inúmeros, as oportunidades também”, disse Leonardo Framil, CEO da Accenture para o Brasil e a América Latina, no dia da inauguração.
A operação recifense logo tornou-se a segunda maior da consultoria no Brasil – atrás apenas de São Paulo. Conta com 1.500 funcionários – especializados em tecnologias avançadas como marketing digital e inteligência artificial – e tem capacidade para dobrar de tamanho em pouco tempo. Quase todos os colaboradores são do estado – a Accenture fez parcerias com universidades locais para recrutar novos talentos. Também mantém diálogo com o poder público local para aperfeiçoar o nível de ensino e reforçar o aprendizado de inglês dos moradores da região. Além disso, funcionários visitam as escolas para estimular o interesse dos estudantes por tecnologia.
As ideias que surgirem e forem desenvolvidas em Recife vão atender ao mercado brasileiro e, ao mesmo tempo, interagir com os Innovation Centers de outros países – o espaço tem a infraestrutura necessária para a realização de reuniões e videoconferências. Além disso, uma sala mostra, em tempo real, os números da operação da empresa e dos clientes.
Um projeto envolvendo drones e impressoras 3D já foi desenvolvido no Porto Digital, em parceria com uma startup de Recife. Uma grande maquete 3D foi montada para simular o monitoramento de uma linha de transmissão de energia, com o drone realizando um mapeamento do local para interpretar eventuais falhas e, automaticamente, criar ordens de manutenção.
As instalações do Innovation Center, com divisórias transparentes e flexíveis, permitem reconfigurações rápidas, para se adequarem às dimensões e necessidades de cada projeto. Até a máquina do café tem seu toque de inovação. Com um sistema de IoT, ela precisa apenas de um comando de voz para que um café seja preparado e servido, sem que se aperte nenhum botão.
Como a palavra de ordem é interação entre os escritórios da Accenture, a operação nordestina também vai ser receptora de ideias vindas do exterior. O conceito de carro autônomo, por exemplo, pode ser desenvolvido em uma empresa de logística a partir do self learning, ferramenta que possibilita empilhadeiras e caminhões a aprenderem rotas e desviarem de obstáculos de um centro de distribuição automaticamente, sem a presença de um condutor. Outra ideia desenvolvida no exterior e pronta para ser adaptada à realidade brasileira é a prateleira inteligente de supermercado, com o uso de hologramas. A partir do uso de óculos desenvolvidos para a experiência de realidade virtual, é possível projetar os produtos nas gôndolas e mensurar os custos de cada prateleira, além de planejar seu layout.
O Innovation Center Recife faz parte da Accenture Innovation Architeture, que reúne recursos de toda a empresa voltados para a inovação, como estúdios e laboratórios de pesquisa. Ele atua em conjunto com o Analytics Innovation Center, também recém-inaugurado no Rio de Janeiro, além da agência digital Accenture Interactive, em São Paulo.
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iStock Saint-Gobain
Empresa fundada em 1665 registra 350 patentes por ano
A empresa que produziu os espelhos do Palácio de Versalhes, na França, nasceu em 1665 graças a um procedimento revolucionário de derramamento de vidro sobre uma mesa de metal, desenvolvido pela Manufatura Real de Vidros durante o reinado de Luís XIV.
Presente no Brasil desde 1937, o grupo francês é conhecido aqui por marcas como Brasilit (telhas), Isover (isolamentos acústicos e térmicos), Norton (abrasivos), Placo (drywall), Weber (argamassas) e Telhanorte (varejo de materiais de construção). No início de 2017, reforçou a presença no varejo com a compra da rede Tumelero, também de materiais de construção.
Ao longo dos séculos, a multinacional fez da inovação seu trunfo: registra mais de 350 patentes novas por ano, numa gama de materiais de alta performance para aplicações em mercados variados como o siderúrgico, de saúde, aeronáutico, automotivo, de gás, petróleo, eletrodomésticos e segurança. “A inovação é um elemento central na nossa estratégia de negócio. É uma fonte de diferenciação e competitividade, algo essencial nesses tempos difíceis”, diz Thierry Fournier, presidente da Saint-Gobain para o Brasil, Argentina e Chile.
Esse espírito é mantido por oito centros de pesquisa no mundo (incluindo o Brasil), um orçamento de € 450 milhões e quase 900 projetos. O resultado desse esforço se mostra na ponta final dos negócios: de cada quatro produtos vendidos, um foi desenvolvido nos últimos cinco anos.
Líder mundial em soluções para o mercado de construção sustentável, o grupo francês inaugurou no Brasil, no último ano, o primeiro Centro Transversal de Pesquisa & Desenvolvimento do Hemisfério Sul, com investimento de R$ 55 milhões. Em Capivari (SP), o centro trabalha para acelerar a inovação dos negócios da empresa no Brasil e na América Latina, com foco nos materiais usados na construção civil. “Temos hoje cerca de 50 projetos inovadores em andamento ou em vias de implantação. Fazemos investimentos significativos para a busca de eficiência na área digital e na multiplicação das parcerias e colaborações com startups”, relata o CEO.
Hoje, 86% dos projetos da área digital adotam soluções de centros de inovação, como Cubo Itaú, Plug, Iglu digital e Aceleratec – além de cerca de 400 startups e clusters. “A transformação digital é uma prioridade forte do grupo, em particular para nos aproximar e nos relacionar com clientes e consumidores (e-commerce, multicanal, redes sociais, marketing de conteúdo) e melhorar a performance das nossas operações, principalmente as industriais”, afirma Fournier.
O mercado de construção e reforma residencial é o principal negócio do grupo, responsável por mais da metade das vendas. Foi aí que o conglomerado deu outro pulo do gato, ao lançar no Brasil um sistema de construção a seco, com produtos de suas marcas Brasilit, Placo, Isover e Weber. Definido como rápido, limpo, sustentável e com custo acessível, o sistema pode ser usado em todos os tipos de construção – das mais populares às de alto padrão. Foi usado pela primeira vez em casas do projeto Minha Casa, Minha Vida em Ponta Grossa (PR).
Outra novidade foi o desenvolvimento de um sensor que mede os níveis de conforto de um ambiente em quatro pilares: umidade do ar, luminosidade, temperatura e qualidade acústica. Chamado de MC 350, o sensor é do tamanho de uma caixa de fósforos e pode ser conectado ao smartphone.
“A tecnologia IoT (Internet das Coisas) já é uma realidade para a Saint-Gobain, com o MC 350. O dispositivo foi produzido de forma inédita e exclusiva pela própria companhia”, diz o executivo.
Entre os 68 países que contam com a presença da Saint-Gobain, o Brasil tem liderado projetos importantes que estão repercutindo nas divisões internacionais e se tornado referência. “Estamos bem próximos do patamar mundial. No mundo, a Saint-Gobain tem um nível de inovação de 26%. Aqui, já atingimos 20% no último ano”, festeja o CEO.
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Carros sendo produzidos em fábrica. Arcelormittal
Lema é criar produtos que incentivem uma vida mais sustentável
Reinventar o aço tem sido uma obstinação da ArcelorMittal Brasil. O braço brasileiro da gigante criada a partir da compra da Arcelor pela indiana Mittal Steel, em 2006, é grande produtora de aços longos e de aços planos, com aplicação na indústria e na construção civil – e vem trabalhando duro no desenvolvimento de novas versões desse material aparentemente imutável.
“A busca pela perenidade da empresa, que enfrenta uma competitividade contínua, só é garantida pela adoção de práticas para atender às demandas atuais da sociedade. E pela preparação para se antecipar às necessidades futuras”, justifica Benjamin Baptista Filho, presidente da ArcelorMittal.
Um ponto-chave para a companhia tem sido criar produtos que incentivem estilos de vida mais sustentáveis. “O aço tem uma imensa contribuição a dar e já desempenha um papel-chave, por exemplo, na fabricação de carros mais leves que reduzem as emissões de carbono”, relata. Nesse sentido, o grupo fez pesados investimentos em sua unidade Vega, em São Francisco do Sul (SC), para o início da produção do Usibor, um aço de alta resistência com aplicação na indústria automotiva – é utilizado principalmente na produção de peças estruturais críticas para a segurança dos carros.
Elaborado pela ArcelorMittal para estampagem a quente, o novo material faz parte de um conjunto de soluções inovadoras que permite às montadoras economizar até 20% no peso do veículo. Com menos peso, há menos consumo de combustível e, por consequência, menor impacto ao ambiente. A companhia estima que será possível reduzir em cerca de 15% as emissões de CO2 durante a fabricação e a vida útil do veículo.
Ainda no setor automotivo, a empresa desenvolveu um tipo de aço chamado Ultra Tensile (UT), um dos materiais de engenharia de mais alta resistência que se conhece. Ele permite reduzir o peso dos pneus radiais, contribuindo assim para maior eficiência energética dos carros. A empresa também é especializada na produção de arames para soldas, material amplamente utilizado na cadeia automotiva, e pesquisa novos materiais que permitam melhor capacidade de soldagem. “A ArcelorMittal Brasil está continuamente aprimorando o seu plano na área de inovação e pesquisa. Ele está alinhado ao seu plano de negócio para sermos reconhecidos como uma empresa inteligente e inovadora, focada em estar à frente da concorrência e no mercado”, define o presidente do grupo.
O grupo trouxe ao Brasil um de seus Centros de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D), o 12º da ArcelorMittal no mundo. Localizado na unidade de Tubarão (ES) e com investimento previsto de US$ 20 milhões em cinco anos (de 2015 a 2019), o centro atende às demandas das unidades de produtos planos e longos da América do Sul em três temas: desenvolvimento de produtos, desenvolvimento de processos e atendimento a clientes. Trabalha com foco em inovações para as indústrias automotiva, de máquinas e equipamentos, energia (oleodutos e gasodutos, estruturas off-shore, torres eólicas), construção civil e eletrodomésticos.
Outra frente de inovação da ArcelorMittal Brasil está na área de TI. Segundo o presidente da empresa, as iniciativas incluem simulação de cenários, inteligência de mercado, automação da cadeia de suprimentos, utilização de drones e impressoras 3D, treinamento em realidade aumentada e automação das plantas.
“A cultura de inovação tem sido um dos pilares para a competitividade da empresa, com meta e geração de valor mensurado anualmente, além das contribuições indiretas”, afirma o presidente.
CIELO
Tecnologia, estruturação interna e foco nos desejos do cliente
Pelo segundo ano consecutivo, a Cielo é a única empresa 100% nacional a figurar entre as cem mais inovadoras do mundo no levantamento feito por FORBES USA. Mesmo que tenha perdido posições em relação a 2016, seus números não deixam de impressionar. Em 21 anos, a empresa paulista de pagamentos eletrônicos tornou-se uma das dez maiores credenciadoras do planeta. Suas “maquininhas” estão em quase todos os municípios do país onde há a infraestrutura necessária, como energia elétrica. Suas diferentes plataformas atendem 1,6 milhão de clientes no Brasil.
Mas o que faz a empresa se destacar no quesito inovação? É a soma de tecnologia, estruturação interna e foco nos desejos do cliente (leia-se praticidade). “Estruturamos um programa dedicado a fomentar a cultura digital em toda a organização, com a realização de programas internos para discussão de ideias, sessões de design thinking, concept sprints e hackathons”, explica Danilo Caffaro, vice-presidente de Produtos, Negócios, Inovação e Marketing da Cielo.
O objetivo da companhia é deixar de ser apenas uma empresa de pagamentos (ou “empresa das maquininhas”, embora este ainda seja seu principal produto) para se tornar uma gigante de soluções tecnológicas. “Buscamos, em todas as frentes, melhorar cada vez mais a experiência de compra e venda, de maneira que a etapa de pagamento seja cada vez mais fluida e sem barreiras”, afirma o executivo. “Pensamos a inovação em algumas categorias, desde a inovação incremental em soluções que já existem e que são o core do negócio, até aquelas que provocam a disrupção ou que geram novas linhas de serviço para a companhia.”
É aqui que entra a grande aposta da companhia: a Cielo LIO. Lançada no ano passado, a máquina, vendida a R$ 239,90, é uma ferramenta de pagamentos “inteligente”, com uma série de serviços como catalogação de produtos, acesso a relatórios de vendas, comprovantes digitais e aquisição de recebíveis. “Foi um divisor de águas para a Cielo. Não só porque foi uma disrupção na forma com que o varejista se relaciona com o serviço de pagamentos, mas também por trazer ao nosso segmento a realidade da inovação aberta”, afirma Caffaro.
Sem abrir os números da adesão ao novo produto, o executivo afirma que a LIO passa por um processo de “aculturamento e de quebra de barreiras”. E é nela que a empresa continua a investir. Ainda no último trimestre deste ano, a tecnológica lançará sua própria loja digital para aplicativos, a Cielo Store, onde os varejistas poderão baixar ferramentas que atendam a suas necessidades de venda.
Como a plataforma é um sistema operacional próprio baseado em Android, os desenvolvedores podem criar seus próprios aplicativos e deixá-los disponíveis na store. A previsão da empresa é que até o fim de 2017 haja 60 integrações.
Outro projeto digital que está sendo trabalhado pela Cielo é o iD, um aplicativo que interliga os donos dos cartões e os estabelecimentos comerciais. Praticidade é a palavra de ordem para as equipes envolvidas. Ao se conectar, por exemplo, o cliente não precisa pedir a segunda via do cartão e já fica com o registro do quanto tem gastado – algo que, diz a empresa, pode ajudar no controle financeiro. Já o lojista pode se cadastrar diretamente pela maquininha e depois baixar a ferramenta no celular. Pode ainda criar e divulgar campanhas exclusivas para os usuários do app.
“Estamos sempre buscando soluções relevantes que, como resultado líquido, sejam capazes de ajudar nossos clientes a vender mais e a gerenciar melhor seus negócios”, afirma Caffaro. “Esse espírito nos leva a pensar o tempo todo em produtos e soluções que agreguem valor ao cliente e que, fundamentalmente, sejam escaláveis. Isso tem impacto direto na nossa maneira de ser e de agir, que é a transformação digital pela qual a companhia passa: não fazemos inovação pela inovação.”
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