Com toda a polêmica sobre o fechamento de fronteiras criada pela Casa Branca nos últimos dois anos, não é surpresa que o crescimento da população estudantil estrangeira nos Estados Unidos esteja estagnado. Embora o país ainda abrigue mais de um milhão de alunos de outros países, os estudantes estrangeiros nos EUA diminuíram 6,6% em 2017, segundo o IIE (Instituto de Educação Internacional), organização sem fins lucrativos que monitora o intercâmbio internacional na área da educação.
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Até mesmo as instituições que priorizam estudantes internacionais foram atingidas por essa tendência. A edição 2019 da lista 50 Escolas de Ensino Superior para Estudantes Internacionais da FORBES revela que o percentual de estudantes universitários de outros países subiu de 7,6% em 2009 para 11,3% em 2016. Em 2017, atingiu 11,5%, um aumento de apenas 0,2% .
No entanto, apesar do cenário, a desaceleração não pode ser atribuída totalmente a um efeito colateral de Trump. “Definitivamente, há mérito para esse argumento, mas esse não é o único fator”, diz Marcelo Barros, fundador da International Advantage, empresa internacional de aconselhamento de carreira estudantil.
“A tendência começou anos atrás”, diz Rajika Bhandari, consultora de estratégia do IIE. “O fluxo de novos estudantes internacionais está começando a diminuir.”
Em 2016, os alunos de universidades norte-americanas pagaram uma taxa média anual de US$ 8.202 em instituições públicas e de US$ 21.189 em entidades privadas, segundo a Student Loan Hero, uma subsidiária da Lending Tree (responsável por empréstimos). Esse número é geralmente mais alto para estudantes estrangeiros, que normalmente não recebem ajudas muito generosas.
Ambas as somas são astronômicas em comparação com as da maioria dos outros países – os EUA têm a segunda maior taxa de matrícula entre as nações com melhores escolas do ranking (o Reino Unido está no topo da lista). A taxa de matrícula média na Coreia do Sul, por exemplo, que tem enviado menos estudantes para os EUA anualmente desde 2012, é menos de US$ 8.500 em faculdades particulares e menos de US$ 5.000 em universidades públicas. Na China, o principal fornecedor de estudantes internacionais para a América, os estudantes podem frequentar uma faculdade pública por valores que vão de US$ 3.000 e US$ 10.000.
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Algumas nações estendem seus benefícios a não-cidadãos. As faculdades alemãs, por exemplo, normalmente não cobram taxas para estudantes internacionais, embora o estado de Baden-Württemberg tenha começado a cobrar US$ 3.400 por ano de alunos não pertencentes à UE em 2017 – ainda uma barganha em comparação aos valores norte-americanos. A matrícula para estrangeiros na França também será de US$ 3.200 por ano a partir de setembro de 2019.
Nos Estados Unidos, poucas escolas oferecem descontos substanciais para estudantes internacionais. Das 650 melhores escolas listadas pela FORBES, apenas cinco – Princeton (a escola nº 1 para graduação de estrangeiros), Yale (nº 2), MIT (nº 3), Harvard (nº 4) e Amherst (nº 8) – oferecem tanto políticas de admissão “need-blind” como “full-need financial” para alunos não-cidadãos. Muitas faculdades escolhem uma ou outra. No primeiro caso, a instituição analisa a candidatura do aluno sem considerar a necessidade financeira dele – ou seja, se ele precisar de uma bolsa, isso não o impedirá de cursar a escola. No segundo, um comitê de avaliação considera a condição financeira do aluno, já que as universidades normalmente têm fundos limitados para auxiliar os estudantes. Nesta situação, o processo de candidatura se torna muito mais competitivo para os alunos internacionais que precisam de ajuda financeira.
Para ajudar nos financiamentos, alguns governos investem em programas de bolsas que promovem estudos internacionais. Entre 2011 e 2016, o governo brasileiro, por exemplo, financiou programas de estudo de um ano em áreas STEM (ciência, engenharia, matemática e tecnologia) nos EUA como parte de seu Programa de Mobilidade Científica, que fazia parte de uma iniciativa maior para enviar 100 mil estudantes para o exterior. Na Arábia Saudita, o Programa de Bolsas de Estudo King Abdullah, com quase 15 anos de existência, gastou bilhões de dólares anualmente para enviar alunos a faculdades e universidades norte-americanas.
Mas ambos os programas foram reduzidos recentemente. Em 2016, a Arábia Saudita aumentou as restrições ao King Abdullah, com a limitação do número de escolas nos Estados Unidos. No ano letivo de 2016-2017, 14% menos estudantes sauditas foram estudar no país do que no ano anterior. O fim do Programa de Mobilidade Científica do Brasil em 2016 foi seguido por uma queda de 45% nos alunos brasileiros que estudaram nos EUA entre 2014-2015 e 2016-2017 – embora os números tenham recuperado 12% em 2017.
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Cortes de importantes países têm grandes efeitos no crescimento da população estudantil internacional. A Arábia Saudita e o Brasil são a 4a e a 10a maior fonte de alunos estrangeiros nos Estados Unidos, respectivamente. Havia quase 25 mil alunos a menos dos dois países juntos em 2017-2018 do que havia em 2014-2015.
Apesar dos fatores externos, a maioria das escolas de boa reputação vem obtendo melhoras em ajudar estudantes internacionais a obter seus diplomas. Entre 2007 e 2017, a taxa média de graduação de estrangeiros aumentou quase 6%, para 76,8%, nas 293 escolas consideradas nesta lista (instituições com dados suficientes cujo número de graduados é, pelo menos, 5% internacional). Isso supera a taxa média de 75% dessas universidades para todos os alunos de graduação
No entanto, além das métricas básicas coletadas pelo governo federal, como tendências de graduação e matrícula, os candidatos que buscam investir em uma educação nos EUA não têm muitas informações sobre as quais basear suas decisões. Os especialistas em admissões não têm acesso a um banco de dados abrangente que aborde tópicos como auxílio financeiro internacional a estudantes ou salário de ex-alunos. Embora algumas instituições mantenham esses números, os candidatos estrangeiros ficam, às vezes, tão envolvidos com a reputação de uma faculdade que evitam as perguntas mais importantes sobre o ROI (retorno sobre investimento).
“Os estudantes internacionais devem descobrir nas universidades os recursos que têm disponíveis para ajudá-los a alcançar suas metas de busca de emprego”, diz Barros. “E, especificamente, obter dados de empregabilidade nos EUA do programa de graduação em que estão interessados, caso queiram permanecer no país.”
A lista
Para levantar as melhores escolas do ranking para alunos estrangeiros, a FORBES consultou especialistas e levou em consideração sua filosofia de “resultados sobre investimentos”. A qualidade das escolas representa 60% da avaliação, e a metodologia utilizada é a mesma do ranking Top Colleges, que elege as melhores universidades de forma geral (não apenas para estrangeiros, mas para todos os alunos).
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Com base no banco de dados IPEDS do governo federal, a FORBES atribuiu um peso de 15% para entidades cujos alunos internacionais registraram frequência por períodos de seis anos. Outros 5% foram destinados a escolas com políticas “need-blind” ou “full-need financial”, dados extraídos dos sites das universidades.
Instituições com alto número de matrículas nos cursos mais populares entre estudantes estrangeiros, como engenharia, negócios e matemática, ganharam outros 5% (informação extraída do IIE e do banco de dados do College Scorecard do governo). O tamanho do corpo discente internacional das escolas é responsável por outros 5% do total da pontuação. Os 5% restantes baseiam-se no número de trabalhadores nascidos fora do país empregados na entidade.
Veja, na galeria de fotos a seguir, as 10 Melhores Universidades para Estudantes Estrangeiros nos Estados Unidos em 2019 (para ter acesso à lista completa acesse Forbes.com):
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GettyImages 1. Universidade de Princeton
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GettyImages 2. Universidade de Yale
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GettyImages 3. Instituto de Tecnologia de Massachusetts
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GettyImages 4. Universidade de Harvard
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Anúncio publicitário -
GettyImages 5. Universidade de Columbia
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Reprodução Facebook 6. Instituto de Tecnologia da Califórnia
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Reprodução Instagram 7. Cooper Union para o Avanço da Ciência e da Arte
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Reprodução Facebook 8. Amherst College
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GettyImages 9. Universidade de Stanford
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Reprodução Forbes 10. Babson College
1. Universidade de Princeton