Em outubro do ano passado, Forbes divulgou os maiores filantropos dos Estados Unidos e classificou os esforços de cada um por meio de uma pontuação. Bill Gates e Warren Buffett, cofundadores da organização Giving Pledge, lideraram a lista com US$ 35,8 bilhões e US$ 35,1 bilhões, respectivamente, em doações vitalícias. George Soros ficou em terceiro lugar, com US$ 32 bilhões.
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“Nenhum país se compara aos Estados Unidos quando se trata de história e tradição de doações ao longo dos anos”, afirma Phil Buchanan, presidente do Center for Effective Philanthropy (“Centro para Filantropia Eficaz”, em tradução livre) e autor do livro “Giving Done Right: Effective Philanthropy and Making Every Dollar Count” (sem edição em português). “Os altos níveis de filantropia do país também têm a ver com o papel limitado que o governo desempenha, diferentemente do governo canadense ou europeu, por exemplo. Por outro lado, o acúmulo de riqueza colabora para que haja mais megadoadores do que em outros países.”
No entanto, o clima é de mudança, e grandes doações começaram a ser realizadas por bilionários de fora dos EUA. Desde 2012, 28 membros não norte-americanos da lista dos mais ricos do mundo da Forbes assinaram o compromisso de doação do Giving Pledge e prometeram doar pelo menos metade de sua fortuna (em vida ou após a morte). Alguns, incluindo aqueles que não assinaram o compromisso, já tomaram medidas em relação à meta de doações de 10 dígitos: seis bilionários de fora dos EUA prometeram mais de US$ 1 bilhão para entidades filantrópicas.
Kochouseph Chittilappilly doou não apenas dinheiro, mas também um rim. O bilionário indiano construiu uma fortuna em eletrodomésticos. Em 2011, dois meses depois de completar 60 anos, ele doou um de seus rins para um completo estranho e, um ano depois, lançou uma fundação de filantropia, com foco em saúde e educação. Até agora, ele doou US$ 95 milhões, com US$ 79 milhões direcionados para a sua fundação.
Um pequeno número de bilionários fora dos EUA, como o magnata indiano da tecnologia Azim Premji, dedicou bilhões de dólares para fundações e causas de filantropia em seus países de origem e em outras nações do mundo. Em meados de março, Premji anunciou o redirecionamento de US$ 7,5 bilhões de sua empresa de tecnologia da informação, a Wipro, para sua fundação. Com isso, ele totalizou US$ 21 bilhões em doações.
Além de solidificar Premji como o quarto filantropo mais generoso do mundo, a doação também faz dele o maior fora dos Estados Unidos. Ao longo de sua vida, ele destinou 81% de sua fortuna para a filantropia, mais do que qualquer outro bilionário atual em termos percentuais. O segundo colocado é o bilionário de fundos hedge George Soros, que doou mais de 76% de sua riqueza para a organização Open Society Foundations. Já o ex-bilionário e filantropo Chuck Feeney doou quase toda a sua fortuna de US$ 7,5 bilhões e inspirou Warren Buffett, Bill e Melinda Gates a estabelecerem o Giving Pledge.
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Dois bilionários não norte-americanos que assinaram o Giving Pledge, mas que ainda não doaram um bilhão de dólares, têm intensificado seus esforços filantrópicos. Na Austrália, o fundador da empresa de minério de ferro Fortescue Metals, Andrew Forrest, e sua esposa, Nicola, doaram cerca de US$ 600 milhões para a Minderoo Foundation, que lançou sua iniciativa de pesquisa marinha em 2018.
O bilionário sul-africano Patrick Motsepe doou mais de US$ 500 milhões para projetos na África relacionados à saúde, agricultura, agronegócios, infraestrutura e música. No ano passado, o fundador da mineradora African Rainbow Minerals também prometeu US$ 250 milhões para a reforma agrária sul-africana e US$ 100 milhões para iniciativas de educação.
Um bilionário, que parece ser incrivelmente generoso, não está na lista abaixo devido a uma razão técnica. Dietmar Hopp, cofundador da empresa alemã de software SAP, dedicou mais de 60% de sua participação na companhia, avaliada em US$ 6,9 bilhões, para uma fundação de filantropia que distribuiu mais de US$ 800 milhões desde 1995. Mas a análise da Forbes considera que as ações doadas por Hopp ainda não contam como doações e são parte de seu patrimônio líquido, pois ele mantém o controle econômico sobre os títulos, que não são irrevogavelmente colocados na fundação.
Veja, na galeria de fotos abaixo, os bilionários mais generosos de fora dos EUA e o valor de suas fortunas até 25 de março de 2019:
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Getty Images Azim Premji
Cidadania: indiana
Total de doações ao longo da vida: US$ 21 bilhões
Fortuna: US$ 5 bilhões
Por meio de sua fundação, o bilionário do setor de TI priorizou a melhoria do sistema escolar público em algumas das partes mais carentes da Índia. Em 2010, ele criou a Azim Premji University, na cidade de Bangalore, que planeja expandir seu corpo estudantil de 1,3 mil alunos para 5 mil, segundo a fundação. O próprio Premji nunca se formou na faculdade, abandonando Stanford em 1966 para assumir o negócio de óleo de cozinha de sua família, após a morte do pai. Como presidente, ele transformou a pequena empresa na companhia de software Wipro, que tinha uma receita de US$ 8,4 bilhões em 2018.
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Bloomberg News Christopher Hohn
Cidadania: britânica
Total de doações ao longo da vida: US$ 4,5 bilhões
Fortuna: US$ 3,1 bilhões
Gerente de fundos hedge, Hohn cofundou a Children’s Investment Fund Foundation (CIFF) em 2002 com sua então esposa Jamie. Ele trabalhava desde 1996 na Perry Capital, mas, em 2003, decidiu criar sozinho um fundo hedge londrino, chamado Children’s Investment Fund. Antes de se divorciarem em 2014, Hohn e Jamie doaram pelo menos US$ 4,5 bilhões para a fundação, incluindo uma doação da Perry Capital, cujo valor não foi divulgado. “A missão original da fundação era melhorar a vida de crianças em países emergentes que vivem na pobreza”, escreveu Hohn, no site da CIFF. “Isso não mudou. Eu quero resolver problemas, e não fazer meras concessões.”
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Getty Images Carlos Slim Helu
Cidadania: mexicana
Total de doações ao longo da vida: US$ 4,2 bilhões
Fortuna: US$ 61,4 bilhões
Magnata das telecomunicações, Slim sempre foi um crítico do Giving Pledge. Segundo ele, muitos dos problemas sociais serão resolvidos por meio da atividade empresarial e do desenvolvimento. “Doar não resolve a pobreza”, afirmou, em entrevista de 2011. Mesmo assim, ele acredita em algumas formas de filantropia. Seu porta-voz disse que, desde 2006, o executivo doou US$ 4,2 bilhões para a Carlos Slim Foundation. A maior parte desse dinheiro veio de dividendos que adquiriu em algumas das maiores empresas do México. Nos últimos seis anos, Slim doou mais US$ 160 milhões para sua fundação, que trabalha pela melhoria das condições de saúde e educação, entre outras causas, fornecendo sustento para famílias. A fundação também colaborou com organizações sem fins lucrativos, incluindo a Clinton Foundation e a Gates Foundation.
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Getty Images Li Ka-shing
Cidadania: Hong Kong
Total de doações ao longo da vida: US$ 3,2 bilhões
Fortuna: US$ 32,5 bilhões
Desde 1980, a Li Ka-shing’s Foundation doou bilhões para educação, serviços médicos e iniciativas de pesquisa em 27 países, incluindo a China, onde o executivo nasceu, mas foi forçado a fugir em 1940, aos 12 anos, após a invasão do Japão. “Quando recebi o Prêmio Lifetime Achievement [Maior Conquista da Carreira] da Forbes, em 2006, compartilhei com todos que minha fundação de filantropia, fundada em 1980, é como um terceiro filho para mim”, comentou, em entrevista de 2017. “Espero persuadir aqueles que têm condições financeiras suficientes, pois todo apoio às nossas crianças é importante para a sociedade.”
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Wyss Foundation Hansjoerg Wyss
Cidadania: suíça
Total de doações ao longo da vida: US$ 1,9 bilhão
Fortuna: US$ 5,9 bilhões
Wyss fundou a fabricante de dispositivos médicos Synthes e a vendeu para a Johnson & Johnson,, em 2012, por US$ 20,2 bilhões, em dinheiro e ações. O executivo se dedica a proteger o meio ambiente não apenas na Europa, onde nasceu, mas também na África, Ásia e Américas. Em um editorial para o jornal “New York Times” em outubro do ano passado, ele prometeu US$ 1 bilhão para a conservação de terras e oceanos, com a finalidade de proteger 30% da superfície da Terra até 2030. “Todos nós, cidadãos, filantropos, empresários e líderes governamentais, deveríamos nos preocupar com a falta de proteção à natureza”, escreveu. Desde 2001, Wyss já destinou pelo menos US$ 1,9 bilhão para sua fundação, que, por sua vez, dedicou US$ 450 milhões para preservar terras em todo o planeta. O empresário doou US$ 40 milhões para a mesma causa. Em 2018, Wyss realizou uma doação, cuja quantia não foi divulgada, para a organização Trust for Public Land, para que pudesse comprar e retirar arrendamentos de petróleo e gás em quase 100 quilômetros quadrados no Estado norte-americano de Wyoming, onde reside.
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Stephan Schmidheiny
Cidadania: suíça
Total de doações ao longo da vida: US$ 1,5 bilhão
Fortuna: US$ 2,3 bilhões
Schmidheiny se tornou presidente da Swiss Eternit Group, empresa de materiais de construção de seu pai, em 1976, quando tinha apenas 29 anos. Desde 2003, ele doou cerca de US$ 1,5 bilhão para a caridade, principalmente em ações de seus ativos industriais latino-americanos, para sua fundação VIVA Trust. O executivo, que ajudou a organizar a primeira conferência da ONU sobre meio ambiente e desenvolvimento, em 1992, já dedicou mais de US$ 600 milhões para projetos em todo o mundo, com foco em desenvolvimento sustentável. Em 2012, Schmidheiny foi condenado por um tribunal italiano por negligência na morte de 2 mil funcionários, relacionada ao contato com amianto tóxico, na afiliada italiana da Eternit. A Suprema Corte da Itália revogou a decisão em 2014, absolvendo-o.
Azim Premji
Cidadania: indiana
Total de doações ao longo da vida: US$ 21 bilhões
Fortuna: US$ 5 bilhões
Por meio de sua fundação, o bilionário do setor de TI priorizou a melhoria do sistema escolar público em algumas das partes mais carentes da Índia. Em 2010, ele criou a Azim Premji University, na cidade de Bangalore, que planeja expandir seu corpo estudantil de 1,3 mil alunos para 5 mil, segundo a fundação. O próprio Premji nunca se formou na faculdade, abandonando Stanford em 1966 para assumir o negócio de óleo de cozinha de sua família, após a morte do pai. Como presidente, ele transformou a pequena empresa na companhia de software Wipro, que tinha uma receita de US$ 8,4 bilhões em 2018.
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