Resumo:
- Levantamento da OMPI contabilizou o índice de inovação de 129 países com base em sofisticação, negócios, gastos com educação e produção criativa;
- Apesar da desaceleração econômica global, inovação cresce na Ásia;
- Suécia é eleita a nação mais inovadora do mundo pela nona vez;
- Brasil ficou atrás de todos os demais países do bloco conhecido como Brics. O país caiu duas posições em relação a 2018, perpetuando um movimento de queda de dez anos;
- Apesar da boa colocação quanto à qualidade dos pesquisadores, Brasil peca no incentivo à pesquisa nas universidades e na promoção de políticas facilitadoras;
A Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) divulgou o 2019 Global Innovation Index (Índice de Inovação Global de 2019, em tradução livre), que mede os níveis de inovação de 126 economias com base em uma série de critérios que vão desde a sofisticação dos negócios até níveis de gastos com educação e produção criativa.
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O índice deste ano descobriu que o movimento de transformação e crescimento está florescendo apesar da desaceleração econômica global, particularmente na Ásia. No geral, a Suíça lidera o ranking de 2019, com uma pontuação de 67,24 em 100. Pela nona vez, o país é o líder mundial em inovação.
Em 2018, a Holanda ficou em segundo lugar, mas este ano foi desbancada pela Suécia e caiu para a quarta posição. O top 3 é completado pelos Estados Unidos, com pontuação de 61,73. A última edição foi especialmente notável para a China que, pela primeira vez, conseguiu ficar entre os 20 primeiros colocados, no 17º lugar. Agora, o aumento dos níveis de inovação na Ásia fez com que o país melhorasse ainda mais sua posição, subindo, em 2019, para o 14º lugar. A Índia tem crescido no ranking desde o ano passado. Nesta edição, saltou cinco posições para se tornar a 52ª nação mais inovadora.
O diretor-geral da OMPI, Francis Curry, disse que “a ascensão de potências econômicas como China e Índia no índice transformou a geografia da inovação, e isso reflete em uma ação política deliberada para promover as transformações”. Infelizmente, ser inovador é simplesmente impossível para algumas economias. Há diversas razões, particularmente a instabilidade política e conflitos. Este ano, os países com classificação mais baixa no índice foram Níger (18,13), Burundi (17,65) e Iêmen (14,49).
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No Brasil, cidades podem virar o jogo
Segundo especialistas, à medida que a competitividade global do Brasil cai, o aumento do investimento do setor privado em iniciativas fora dos grandes centros urbanos pode impulsionar a inovação do país e oferecer diferentes tipos de oportunidades.
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Neste ano, o Brasil ocupa o 66º lugar em 129 países, atrás de todas as nações do Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) e duas posições abaixo de 2018. O país tem experimentado um declínio consistente no ranking, oscilando sempre entre a 60ª e 70ª posições nos últimos dez anos. Segundo Bruno Lanvin, diretor executivo de índices globais do Insead e coautor do relatório, há três principais obstáculos para a inovação brasileira: falta de apoio fiscal consistente, falta de investimento de longo prazo e número insuficiente de invenções patenteadas.
“Houve tempos no Brasil em que vimos uma série de medidas fiscais destinadas a apoiar a inovação, mas nenhuma foi efetivamente continuada. Isso é particularmente prejudicial para um país onde a maior parte do financiamento para pesquisa e desenvolvimento vem do estado”, diz Lanvin, que completa: “O Brasil também não produz talentos suficientes para implementar, desenvolver e produzir inovação. As carreiras científicas e tecnológicas não atraem tantas pessoas -especialmente mulheres- como em outros países”, ressalta.
Embora o Brasil não tenha produzido tantos profissionais capazes de se concentrar na inovação quanto deveria e as universidades precisem atualizar suas grades curriculares e levar em conta os principais avanços tecnológicos, Lanvin destaca que o país ocupa o 28º lugar no ranking em termos do calibre de seus pesquisadores. “A qualidade dos pesquisadores brasileiros é clara e estão lá para serem aproveitados, o que é uma razão adicional de esperança.”
Sobre a questão das patentes, Lanvin observa que há uma “desconexão” entre os setores público e privado locais e a academia, a chamada “espiral tripla”: “Há falta de habilidade ou interesse das universidades brasileiras em patentear possíveis inovações. E, quando o setor privado faz isso, muitas vezes é isolado longe do campo acadêmico.”
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“Por outro lado, vemos o número de patentes aumentar enormemente na China nos últimos dez anos. Não vemos nada disso acontecendo no Brasil”, acrescenta.
Na última terça-feira (23), o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) do Brasil anunciou planos para reduzir sua atual reserva de pedidos de patentes em 80% até 2021, entre uma das medidas está a diminuição dos prazos para registros previamente concedidos em outros países.
Segundo o advogado de propriedade intelectual Luiz Marinello, os prazos atualmente envolvidos na análise e concessão de patentes no Brasil, em média dez por ano, são “vergonhosos”.
“Os cronogramas atuais desencorajam os protagonistas da inovação de procurar proteger suas invenções. Os empreendedores perdem neste tipo de ambiente, isso também prejudica a sociedade, portanto, fornecer ao INPI mecanismos para acelerar os processos de registro é absolutamente crucial para o progresso econômico geral”, acrescenta Marinello.
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Coragem para investir
Iniciativas lideradas pelo setor privado e atores independentes em nível local são vistas como cruciais para o desenvolvimento do ecossistema de inovação do Brasil, e Lanvin, do Insead, argumenta que essa deve ser uma área importante de atenção para o governo.
“É muito claro que, quando você investe em inovação, investe no futuro. Isso tem que acontecer precisamente em períodos em que a economia está lenta e não há crescimento. Pelo viés futurista, essas medidas são de difícil implementação por parte de políticos eleitos”, observa o especialista.
“Quando você sabe que há pessoas morrendo por conta da pobreza e sofrendo com as desigualdades, é difícil aceitar que o financiamento da inovação não resolve os problemas de hoje, mas os desafios de amanhã -isso exige muita coragem dos líderes”, diz. Lanvin completa: “Esse tipo de coragem tende a emergir de forma mais sistemática a nível local do que no espectro governamental. E, se houvesse políticas para apoiar a inovação, a vida de todos seria muito mais prática e o caminho para construir um potencial inovador seria desobstruído”.
Veja, na galeria de imagens a seguir, 12 países mais inovadores do mundo em 2019, mais o Brasil. As notas foram determinadas com base em fatores como negócios, sofiscação, nível de pesquisa humana e de capital, além de resultados criativos.
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iStock 66º. Brasil
Nota: 33,82
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iStock 12º. Irlanda
Nota: 56,10
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iStock 11º. Coreia do Sul
Nota: 56,55
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Reprodução 10º. Israel
Nota: 57,43
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iStock 9º. Alemanha
Nota: 58,19
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iStock 8º. Singapura
Nota: 58,37
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iStock 7º. Dinamarca
Nota: 58,44
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iStock 6º. Finlândia
Nota: 59,83
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iStock 5º. Reino Unido
Nota: 61,30
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iStock 4º. Holanda
Nota: 61,44
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Reprodução 3º. Estados Unidos
Nota: 61,73
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iStock 2º. Suécia
Nota: 63,65
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Reprodução 1º. Suíça
Nota: 67,24
66º. Brasil
Nota: 33,82