A maioria das manchetes sobre a NBA publicadas nos últimos meses não passa uma boa imagem. A audiência na televisão caiu, jogadores famosos se machucaram, os negócios com a China estão em risco graças a um tuíte do diretor geral do Houston Rockets, Daryl Morey, e em Nova York, o maior mercado da liga, os Knicks estão passando pela sétima temporada consecutiva de derrotas, enquanto seu proprietário briga com os fãs.
Mas nosso levantamento mostra que o negócio do basquete ainda está quentíssimo. Os valores de franquias da NBA continuam a subir – um aumento de 14% no ano passado, para uma média de US$ 2,12 bilhões. Para efeito de comparação, o incremento anual nas equipes da NFL foi de 11% e na Major League Baseball de 8%, com valores médios de US$ 2,86 bilhões e US$ 1,78 bilhão, respectivamente. Os valores da NBA subiram quase seis vezes na última década.
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As 30 equipes da NBA geraram uma receita recorde de US$ 8,8 bilhões na última temporada, um aumento de 10% em relação ao ano anterior. Esse valor voltará a subir na estação atual, com as receitas de venda de ingressos projetadas para aumentar 8% no total. Esse montante também será impulsionado por uma nova arena para o Golden State e reformas nas arenas existentes em Boston, Cleveland, Filadélfia e Washington.
“As bases da NBA ainda são fortes e a liga é extremamente bem administrada”, diz Sal Galatioto, presidente da empresa de consultoria e finanças esportivas Galatioto Sports Partners. “Ela sofreu com alguns obstáculos, mas ainda é um conteúdo de mídia muito poderoso e o principal esporte internacional depois do futebol.”
Considere duas transações de 2019. O cofundador do Alibaba, Joseph Tsai, concordou em comprar o Brooklyn Nets por US$ 2,35 bilhões em 2018, pagos ao longo de três anos, mas acelerou o negócio em agosto e adicionou os direitos operacionais do Barclays Center em um acordo de US$ 3,3 bilhões para a equipe e a arena. Um mês depois, Michael Jordan anunciou planos de vender cerca de 20% do Charlotte Hornets a Gabe Plotkin e Daniel Sundheim. O acordo avaliou a equipe em US$ 1,5 bilhão, contra US$ 175 milhões em 2010, quando Jordan comprou o controle majoritário do clube.
Fatores não relacionados ao basquete também estão em jogo. Com o S&P 500 subindo 80% nos últimos cinco anos, as equipes da NBA continuam sendo uma opção de diversificação para aqueles que procuram reduzir suas participações acionárias. As altas avaliações do mercado de ações ajudaram a aumentar os preços das equipes. Comprar um time também pode ser um grande alívio nos impostos, uma vez que a legislação tributária geralmente exige que o valor de compra de uma empresa alocado para intangíveis (geralmente a grande maioria das aquisições de equipes esportivas) seja amortizado em 15 anos. Tais deduções podem compensar outros lucros tributáveis.
Segundo nosso levantamento, o moribundo New York Knicks aparece em 1o lugar (US$ 4,6 bilhões) pelo quinto ano consecutivo, um aumento de 15%, seguido pelo Los Angeles Lakers (US$ 4,4 bilhões) e pelo Golden State Warriors (US$ 4,3 bilhões). Essas três equipes têm, de longe, a maior receita da NBA. Somente o Dallas Cowboys (US$ 5,5 bilhões) vale mais que o Knicks entre as franquias esportivas norte-americanas, sendo o New York Yankees (US$ 4,6 bilhões) a única outra equipe à frente dos Lakers e dos Warriors.
Além disso, as equipes de Nova York e Los Angeles estão buscando grandes múltiplos de receita. Lembre-se de que Steve Ballmer pagou 14 vezes a receita do Los Angeles Clippers em 2014. Tsai pagou 11 vezes a receita do Nets. O múltiplo de receita que o bilionário Tilman Fertitta pagou pelo Houston Rockets em 2017 foi de sete, valor relativamente baixo.
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Os proprietários que entraram no negócios há uma década tiveram um ótimo “timing”. Eles se beneficiaram do contrato de US$ 24 bilhões da NBA com a “TNT” e a “ESPN”, que começou na temporada 2016-2017 e é compartilhado igualmente entre as 30 equipes. Outro empurrão: o acordo de negociação coletiva assinado no final de 2011. Ele reduziu o percentual de renda relacionada ao basquete que vai para os jogadores para 51% (de 57%), aumentando os lucros em geral. Os lucros operacionais foram um recorde de US$ 70 milhões por equipe na última temporada, um aumento de 15%. Meia dúzia de equipes teve lucros de, pelo menos, US$ 100 milhões, enquanto o Oklahoma City Thunder foi o único time a ter um prejuízo operacional na temporada passada (US$ 23 milhões), depois de pagar US$ 61 milhões em taxas por ter uma folha de salários acima do teto da liga .
Embora apenas duas equipes tenham mudado de mãos nos últimos quatro anos, a demografia da NBA e as perspectivas internacionais a tornam uma propriedade atraente para potenciais compradores. A NFL continua sendo o esporte mais popular da América, com valores de TV que causam inveja em qualquer outra liga profissional. Os jogos da NFL representaram 41 dos 50 programas mais assistidos em 2019. No entanto, à medida que a exibição gravita com força para um mundo centrado em streaming, a população mais jovem da NBA será essencial. A média de idade da audiência da NBA é de 43 versus 52 para a NFL e 59 para a MLB (liga de beisebol norte-americana), de acordo com informações da Nielsen. A visualização de transmissões de jogos da NBA na “ESPN” e na “TNT” aumentou mais de 30% nesta temporada.
“Analisar o histórico de índices da NBA somente nesta temporada é leviano. É uma amostra pequena. Esta é uma liga que gera conteúdo o ano todo, com histórias ao longo de 12 meses”, diz o consultor de mídia esportiva Lee Berke, da LHB Sports. “Os próximos contratos de mídia da NBA serão um conjunto de acordos substancialmente mais evoluídos por causa do streaming. Haverá uma gama crescente de empresas de mídia que desejam a NBA para os EUA e o mundo todo.” O atual acordo de US$ 2,7 bilhões por ano da NBA com as duas redes termina na temporada 2024-2025, e Berke espera que a próxima negociação quase dobre em valor.
Uma pesquisa recente com 2.000 executivos de negócios esportivos da empresa de análise MarketCast identificou a liga esportiva favorita dos EUA por faixas etárias. A NFL é dominante entre os fãs de mais de 35 anos, superando a NBA por uma margem maior do que 10 para 1. Mas a NBA é a favorita entre o público de 18 e 34 anos, 41% contra 38%, e deixa a NFL para trás entre o público de 13 e 17 anos, com uma liderança de 57% contra 13%. A MLB registra escassos 4% entre os adolescentes.
O potencial internacional também ajuda a diferenciar a NBA das ligas centradas nos EUA, como a NFL e a MLB. Os jogos da NBA estão disponíveis em 215 países e a liga está repleta de jogadores de todo o mundo. O elenco na noite de abertura da temporada contou com 108 jogadores de 38 países e territórios, com o melhor jogador da última temporada (Giannis Antetokounmpo), o melhor jogador defensivo do ano (Rudy Gobert), o estreante do ano (Luka Doncic) e o jogador que mais evoluiu na competição (Pascal Siakam) entre os jogadores do exterior.
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A China continua sendo um mercado importante para o futuro da NBA, como testemunhado pelo acordo de US$ 1,5 bilhão assinado com a Tencent no verão passado. A liga está trabalhando para facilitar o relacionamento com seus parceiros chineses de TV e patrocínio. A maioria dos executivos de negócios esportivos acha que o tuíte de Morey terá pouco impacto a longo prazo nos negócios da NBA na China.
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