O mundo dos hotéis está sendo abalado pelas paralisações devido ao coronavírus. Sete em cada dez quartos de hotel estão vazios em todo os Estados Unidos, e o setor perdeu quase 4 milhões de empregos e mais de US$ 21 bilhões em receita. Para onde vai o setor de hospitalidade?
“Atualmente, estou tendo que avançar na demissão de mais da metade de nossa força de trabalho e possivelmente ainda mais nos próximos dias”, disse Marco Sherer, hoteleiro de Los Angeles, à American Lodging Association. “Agora, precisamos analisar o desligamento total porque não há clientes precisando de nossos serviços”, diz ele.
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Esse sentimento é compartilhado por todo o país e em Staunton, Virgínia, onde a hotelier Leena Patel disse à Associação que está vendo ocupação e receita reduzidas, além de cortes de empregos em suas duas propriedades na área.
O caminho para a recuperação será longo, de acordo com o CEO da Hilton, Christopher Nassetta. “Uma recuperação completa levará tempo e poderá durar vários anos para retornar aos níveis de demanda que experimentamos em 2019”, disse ele em uma teleconferência de resultados na semana passada. A Hilton, classificada em 795º lugar na lista Global 2000, registrou receita de US$ 1,9 bilhão no primeiro trimestre, queda de 13% em relação ao ano passado, e o lucro líquido caiu para US$ 18 milhões, contra US$ 158 milhões. “A Covid-19 criou desafios que nossa indústria nunca havia encontrado antes”, acrescentou Nassetta.
Outras grandes empresas hoteleiras, como Marriott, que continua sendo o hotel mais bem classificado da lista no 458º lugar, e Hyatt (1946º) também observaram o impacto das paralisações em suas operações. “A pandemia está tendo um impacto mais grave e repentino em nossos negócios do que o 11 de setembro e a crise financeira de 2009 combinadas”, disse o CEO da Marriott, Arne Sorenson, aos funcionários em um vídeo. A companhia teve um declínio de 25% na receita em seu pior trimestre em todas as crises mencionadas. Agora, porém, os negócios estão 75% abaixo dos níveis normais.
“Essa é de longe a crise mais significativa de todos os tempos para impactar nossos negócios. Para uma empresa com 92 anos de idade e que enfrentou a Grande Depressão, a Segunda Guerra Mundial e vários desastres naturais em todo o mundo, isso nos diz algo”, disse Sorenson em uma teleconferência de resultados. A receita da empresa, que tem sede em Bethesda, Maryland, caiu 7%, enquanto o lucro líquido caiu 91%, em comparação ao ano passado.
A Hyatt registrou uma queda de 20% na receita no primeiro trimestre e uma perda líquida de US$ 103 milhões. O CEO, Mark Hoplamazian, disse que mais de um terço dos hotéis da empresa suspenderam as operações e 65% de sua base de funcionários administrados foi desligada ou colocada em licença.
A Accor, maior empresa hoteleira da Europa, disse que a receita no primeiro trimestre caiu 15% e que quase dois terços de seus hotéis estão fechados. “O mundo está enfrentando uma crise de saúde sem precedentes, que está causando impactos massivos e únicos no setor de turismo”, observou Sébastien Bazin, presidente e CEO da Accor.
Pode haver esperança, pois algumas economias experimentam a reabertura. Mas o que isso significa para a indústria hoteleira? Os analistas acreditam que a recuperação inicial do setor virá de viajantes a lazer cujas férias foram adiadas em meio a paralisações, e que irão para os resorts assim que a medida for suspensa. As viagens de negócios, o segmento mais lucrativo para a maioria dos hotéis, virão depois, seguidas de viagens em grupo, que incluem conferências e grandes eventos, segundo o UBS.
Porém, não será um acontecimento comum. Os hotéis já estão planejando mudanças em resposta às preocupações para impedir a disseminação do novo coronavírus. Novas iniciativas de limpeza são uma prioridade. A Marriott anunciou um “conselho global de limpeza” que desenvolverá novos padrões em seus procedimentos, e a Hilton está lançando seu novo programa Clean Stay em parceria com a Reckitt Benckiser, fabricante do Lysol.
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No futuro, hotéis mais limpos podem significar menos itens nos quartos, incluindo travesseiros, cabides e, em alguns casos, minibares. Os hotéis também estão considerando outras opções no quesito alimentação, para substituir o estilo buffet. As reuniões de grupo podem precisar ser organizadas com os padrões de distanciamento social em mente –um espaço vazio pode ser necessário entre os assentos, por exemplo.
Por enquanto, muitos hotéis estão olhando para a China para ter uma ideia de como poderia ser a reabertura. “Estamos vendo alguns sinais iniciais de demanda por hospedagem começarem a retornar. Se isso acontecer, pode ser um bom presságio para o curso dessa epidemia em outras partes do mundo”, diz Sorenson.
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