A vitória da temporada de 2019 da estrela do tênis Ashleigh Barty foi algo que ela provavelmente não esquecerá tão cedo. Seu triunfo nas finais da Associação de Tênis Feminino (da sigla em inglês WTA) em Shenzhen, na China, em novembro, foi sua quarta conquista no ano passado e rendeu-lhe US$ 4,4 milhões, um recorde para qualquer torneio da modalidade, independentemente do sexo, responsável por elevar seus ganhos anuais para US$ 11,3 milhões.
O prêmio em dinheiro alçou a australiana ao 3º lugar na nova edição do ranking das atletas femininas mais bem pagas do mundo. Ashleigh está bem abaixo do ícone global Serena Williams, que ficou na vice-liderança, com US$ 36 milhões – US$ 32 milhões dos quais se referem a contratos de patrocínio. Ambas foram superadas por Naomi Osaka, que ganhou apenas US$ 3,4 milhões em prêmios em dinheiro, mas ficou no topo da lista, com US$ 37,4 milhões graças a uma lista imensa de patrocinadores.
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Para atletas que querem enriquecer para além de seus domínios, o tênis é o esporte preferido. Nove das 10 atletas femininas mais bem pagas do mundo ganham a vida com uma raquete em punho. A exceção deste ano é Alex Morgan, co-capitã da Seleção Feminina dos Estados Unidos de Futebol, que está na 10ª posição com US$ 4,6 milhões. As campeãs do tênis têm muito o que agradecer à ex-tenista Rosie Casals.
Rosie, cujos 112 títulos em torneios de duplas representam o segundo melhor desempenho de todos os tempos, foi uma das nove tenistas apelidadas de Original 9 que transformaram a Associação de Tênis de Grama dos Estados Unidos, meio século atrás, para protestar contra a diferença nos pagamentos dos prêmios entre homens e mulheres – que chegou a imensa desproporção de 12 para 1. A reivindicação rendeu a jogadoras como Rosie e sua dupla de longa data, Billie Jean King, o banimento de eventos sancionados pela Associação de Tênis dos Estados Unidos (da sigla em inglês USTA). Os acontecimentos deram origem ao Virginia Slims Tour, que mais tarde se transformou na WTA.
“Sabíamos que o que estávamos fazendo era muito importante, e, de certa forma, não tínhamos nada a perder”, diz Rosie, que vai celebrar o aniversário de 50 anos da primeira disputa da turnê no mês que vem. “Tenho orgulho de ver onde o tênis feminino está meio século depois e de saber que fomos fundamentais para o sucesso da modalidade hoje.”
O US Open foi o primeiro grand slam a promover igualdade de gênero em 1973, mas levaria 28 anos para que outro torneio seguisse o exemplo – o Aberto da Austrália em 2001. Os maiores eventos do esporte agora pagam prêmios iguais em dinheiro para homens e mulheres – Wimbledon, em 2007, foi o último grand slam a atualizar suas premiações. Foi um longo caminho para as tenistas, que enfrentaram a mesma luta por melhores salários que as atletas de futebol, basquete e hóquei enfrentam nos últimos anos.
Fora os prêmios em dinheiro, Naomi e Serena continuam como as únicas super estrelas do esporte. Naomi estabeleceu novo recorde entre as atletas este ano, batendo os ganhos de Maria Sharapova em 2015, quando recebeu US$ 29,7 milhões e derrotou Serena, que ocupava o topo da lista nos quatro anos anteriores.
A tenista japonesa conseguiu uma série de novos patrocínios após seus títulos consecutivos do Grand Slam no Aberto dos EUA de 2018 e no Aberto da Austrália de 2019, incluindo a Nike, que ofereceu cerca de US$ 10 milhões por ano para tirá-la da Adidas. Naomi agora tem 15 patrocinadores, incluindo marcas globais como Nissan Motor, Shiseido e Yonex.
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Morgan é a única não jogadora de tênis a entrar no Top 10, graças a um enorme portfólio de patrocínios com valor 10 vezes mais alto do que seu salário e bônus de, aproximadamente, US$ 400.000 no ano passado. Ela tem mais de uma dúzia de marcas a seu lado, incluindo Nike, Coca-Cola, Volkswagen e AT&T. A novidade mais recente relacionada à jogadora é a boneca Barbie Alex Morgan.
A cocapitã da Seleção Americana de Futebol Feminino dos EUA, Megan Rapinoe, saiu da lista com valores estimados em US$ 4,2 milhões. Seu nome e ganhos se destacaram depois que ela liderou o país na Copa do Mundo de 2019 como artilheira e tornou-se um ícone cultural após os ataques de Donald Trump. Além de um acordo lucrativo para um livro, ela faturou com uma enxurrada de contratos para palestras de quase seis dígitos. Megan também é patrocinada pela Nike, Budweiser, BodyArmor, Visa e pelo menos por mais meia dúzia de marcas.
“Não podemos ser complacentes”, diz Rosie sobre a disparidade salarial contínua entre homens e mulheres. “Devemos continuar a melhorar a exposição e o perfil das mulheres do futebol feminino, para que o valor continue a aumentar. Tivemos sorte, mas precisamos de mais delas em posições de poder nos negócios.”
A contabilização dos ganhos feita pela Forbes analisa prêmios em dinheiro, salários, bônus, patrocínios e taxas por presença entre 1º de junho de 2019 e 1º de junho de 2020. Esse período significa que o coronavírus teve apenas um breve impacto, já que as jogadoras de tênis perderam prêmios em dinheiro relacionados a apenas dois meses e meio de eventos não realizados. Entretanto, os ganhos devem cair significativamente no levantamento do próximo ano. Além do cancelamento de Wimbledon, a WTA suspendeu seus sete eventos na China programados para outubro e novembro – incluindo as lucrativas finais. O prêmio em dinheiro para os torneios na China totalizaria cerca de US$ 30 milhões. Quase todas as jogadoras também terão reduções em seus patrocínios por cumprirem os requisitos mínimos de número de partidas.
Veja, na galeria de fotos a seguir, as 10 atletas femininas mais bem pagas do mundo em 2020:
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Getty Images 1. Naomi Osaka
Ganho total: US$ 37,4 milhões
Prêmios em dinheiro: US$ 3,4 milhões
Patrocínios: US$ 34 milhões
Naomi teve dupla cidadania enquanto crescia, mas fez a escolha inteligente de representar o Japão antes dos Jogos Olímpicos de Verão de Tóquio em 2020, agora agendados para 2021. A decisão a tornou uma escolha ainda melhor para os patrocinadores olímpicos, como Procter & Gamble, All Nippon Airways e a Nissin, que assinaram acordos com a atleta para usá-la no marketing dos Jogos. De todos os jogadores de tênis, apenas Roger Federer ganhou mais do que ela com patrocínios.
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2. Serena Williams
Ganho total: US$ 36 milhões
Prêmios em dinheiro: US$ 4 milhões
Patrocínios: US$ 32 milhões
Parceiros de patrocínio como Nike, Gatorade, Procter & Gamble e Beats ganham um impulso massivo devido à grande presença midiática de Serena, que tem quase 40 milhões de fãs no Twitter, Instagram e Facebook. Serena e seu marido, Alexis Ohanian, fazem parte de um grupo de investidores que foram premiados com o mais novo time em expansão de Los Angeles em julho, a National Women’s Soccer League. Sua filha, Olympia, também faz parte desse grupo e, aos dois anos, tornou-se a mais jovem dona de uma equipe esportiva profissional.
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Getty Images 3. Ashleigh Barty
Ganho total: US$ 13,1 milhões
Prêmios em dinheiro: US$ 10,1 milhões
Patrocínios: US$ 3 milhões
Ashleigh ganhou seu primeiro slam no French Open de 2019, gerando bônus lucrativos para os patrocinadores Fila e Head. Ela também é patrocinada pela Rado, Jaguar, Vegemite, Banana Boat e Esmi. A atleta se tornou a primeira mulher australiana a ocupar o topo no esporte desde 1976, em junho de 2019.
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Getty Images 4. Simona Halep
Ganho total: US$ 10,9 milhões
Prêmios em dinheiro: US$ 6,9 milhões
Patrocínios: US$ 4 milhões
Simona conquistou seu segundo título de slam em Wimbledon, no ano passado, e teve um prêmio de US$ 36,5 milhões pelo 4º lugar (Serena Williams ficou em 1º com US$ 93 milhões). Seus patrocinadores incluem marcas globais como Nike, Wilson, Hublot e Avon, bem como várias outras em seu país natal, a Romênia.
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Getty Images 5. Bianca Andreescu
Ganho total: US$ 8,9 milhões
Prêmios em dinheiro: US$ 4,9 milhões
Patrocínios: US$ 4 milhões
Bianca Andreescu fez história como o primeiro canadense, homem ou mulher, a vencer um evento de grand slam no U.S. Open de 2019. O título e o 5º lugar no ranking mundial de fim de ano geraram bônus lucrativos para a patrocinadora Nike, que renegociou seu contrato no início do ano. Desde então, ela acrescentou à sua carreira acordos com Rolex, Gatorade, Royale e Sleep Country Mattresses.
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Getty Images 6. Garbine Muguruza
Ganho total: US$ 6,6 milhões
Prêmios em dinheiro: US$ 2,1 milhões
Patrocínios: US$ 4,5 milhões
A estrela espanhola-venezuelana ganhou o Australian Open em sua segunda tentativa de avançar além da quarta rodada de um grand slam desde seu título de 2017 em Wimbledon. Mas Garbine mantém um forte portfólio de patrocínios com Adidas, Beats, Rolex, Cesar (seguros), Babolat e Maui Jim (óculos). Seu negócio com a Adidas é um dos maiores contratos de vestuário do esporte.
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Getty Images 7. Elina Svitolina
Ganho total: US$ 6,4 milhões
Prêmios em dinheiro: US$ 5,4 milhões
Patrocínios: US$ 1 milhão
A ucraniana alcançou as semifinais de Wimbledon e o Open dos Estados Unidos em 2019, e igualou seu recorde no 3º lugar no ranking mundial. Elina Svitolina conta com os patrocínios da Nike, Wilson, Hublot, Damilano Barolo Wines e da empresa produtos de nutrição EAFit.
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Getty Images 8. Sofia Kenin
Ganho total: US$ 5,8 milhões
Prêmios em dinheiro: US$ 4,8 milhões
Patrocínios: US$ 1 milhão
Sofia venceu o Open da Austrália em janeiro. Aos 21 anos, ela era a mais jovem norte-americana a ganhar um slam desde Serena Williams, em 2002. Seus principais patrocinadores são Fila e Babolat.
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Getty Images 9. Angelique Kerber
Ganho total: US$ 5,3 milhões
Prêmios em dinheiro: US$ 1,3 milhão
Patrocínios: US$ 4 milhões
As três vitórias de Angelique no grand slam desde o início de 2016 são as mais importantes no tênis feminino. Seu contrato de patrocínio mais lucrativo é com a Adidas, com a qual tem parceria desde 2013. Outros apoios incluem Yonex, Generali, Porsche e Lavazza.
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Getty Images 10. Alex Morgan
Ganho total: US$ 4,6 milhões
Salário/bônus: US$ 400.000
Patrocínios: US$ 4,2 milhões
Morgan extended her deal with Nike after the 2019 World Cup with a clause that guaranteed pay for 18 months even if she was not playing. Nike had previously been criticized for a lack of maternity protection in its contracts with female athletes. Morgan gave birth to her first child in May. She is launching her own media company with more details expected by the end of the year.
Alex Morgan estendeu seu contrato com a Nike após a Copa do Mundo de 2019 com uma cláusula que garantia o pagamento por 18 meses, mesmo se ela não estivesse jogando. A Nike já havia sido criticada pela falta de proteção à maternidade em seus contratos com atletas mulheres. Alex deu à luz seu primeiro filho em maio. Ela também está lançando sua própria empresa de mídia.
1. Naomi Osaka
Ganho total: US$ 37,4 milhões
Prêmios em dinheiro: US$ 3,4 milhões
Patrocínios: US$ 34 milhões
Naomi teve dupla cidadania enquanto crescia, mas fez a escolha inteligente de representar o Japão antes dos Jogos Olímpicos de Verão de Tóquio em 2020, agora agendados para 2021. A decisão a tornou uma escolha ainda melhor para os patrocinadores olímpicos, como Procter & Gamble, All Nippon Airways e a Nissin, que assinaram acordos com a atleta para usá-la no marketing dos Jogos. De todos os jogadores de tênis, apenas Roger Federer ganhou mais do que ela com patrocínios.
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