Deives Rezende Filho, 59 anos, fez sua carreira em grandes bancos nacionais e internacionais. Teve passagens por JPMorgan, Morgan Stanley, Credit Suisse, Citibank, Banco Real (comprado pelo Santander), Unibanco e Itaú Unibanco. No último, cuidava de relações institucionais e governamentais e chegou a atuar como ombudsman, reportando-se diretamente a Roberto Setubal e Candido Bracher – ambos ex-presidentes da instituição. Mas, quando chegaram os 50 anos, ele percebeu que, logo, a pista ficaria curta demais para seguir viagem no mercado corporativo.
Com quatro filhos – dois na faculdade -, ele sentia que ainda tinha o dever de entregá-los ao mundo, mas acreditava que não conseguiria mais recolocação como executivo por causa da idade. “Comecei a pensar no que gostava de fazer, no que me faria levantar pela manhã com vontade de trabalhar e, à noite, retornar para casa para contar tudo que fiz para a família, orgulhoso, em vez de cheio de reclamações”, relembra. Após refletir, identificou que o que mais o motivava era atuar no desenvolvimento de pessoas e carreiras.
Após formação de mais de um ano, começou a fazer clientes atuando como coach enquanto ainda trabalhava no Itaú. Ele se impunha algumas restrições: não atendia ninguém do banco, nem em horário ou ambiente de trabalho. Alugava uma sala e pagava por hora, trabalhando muitas vezes nas manhãs de sábado. Em 2017, montou a consultoria Condurú e, cerca de um ano depois, percebeu que era o momento de deixar o Itaú. Com muito orgulho, começou a escrever um novo capítulo da sua carreira. Rezende Filho revela, brincando: “Não podia ficar em casa, minha mulher disse que ia acabar o casamento se eu me aposentasse pra ficar de pijama à toa”.
O empresário não decepcionou. Além dos clientes, passou a fazer palestras sobre inclusão racial e atualmente diz que, muitas vezes, trabalha mais do que na época de executivo. No início, ele imaginava que teria meia dúzia de clientes e chegou a fazer as contas para se planejar e garantir que teria renda suficiente para pagar o aluguel e pedir uma pizza aos fins de semana. “Aposentadoria é isso? Achei que iria buscar meus netos na escola e tomar um sorvete de vez em quando. Mas é muita demanda, viagens, palestras. E eu adoro”, comemora.
Na virada para 2019, começou a investir e a atuar como consultor de diversidade. Em um momento de discussões crescentes sobre ESG (sigla em inglês para environmental, social and governance, ou em português ambiental, social e governança), com critérios para melhorar práticas de um negócio, Rezende Filho está surfando na onda da conscientização, em muitos casos tardia, das empresas. E ressalta: não adianta diversidade se não houver inclusão. Parafraseando Vernã Myers, vice-presidente de inclusão da Netflix, afirma que “a diversidade é convidar para o baile. A inclusão é chamar para dançar e, se a pessoa não souber, ensinar e bailar junto”.
O grande conselho que Rezende Filho dá para seus clientes – e agora para os leitores da Forbes – é pensar no plano B, independentemente da idade. A época da aposentadoria pode ser muito difícil se não houver suporte e planejamento. E fica a dica: é preciso se manter ativo e encontrar o que gosta para não dar chance para a sensação de perda de tempo enquanto deixa a vida passar olhando para o vizinho.
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