Um marco importante para Pedro Janot, 62 anos, foi alcançado no mesmo dia em que falou com a reportagem da Forbes para esta entrevista que faz parte desta lista. Pela primeira vez, depois de uma década de sessões de fisioterapia, após o acidente que o deixou tetraplégico aos 52 anos, ele conseguiu beber água sozinho.
Janot tem uma carreira conhecida. Acumulou passagens por empresas como a finada Mesbla, além de Lojas Americanas e Grupo Pão de Açúcar e foi CEO de grandes empresas, como Richards, Zara – foi o responsável pela implementação da marca no Brasil – e a companhia aérea Azul. Segundo ele, o que o motivava era fazer parte de um projeto, implementá-lo e partir para o próximo desafio quando o atual se mostrasse muito cheio de amarras, impossibilitando-o de dar seus próprios passos. “Sou CEO desde os 27 anos de idade. Fiz tudo isso em 35 anos de carreira. Cada empresa dessas é um mundo que você não conhece e tem que entender na raça. Enquanto havia grande crescimento para fazer, eu estava lá. Me pautava pelos pontos de inflexão: quando começavam a brigar por vírgula, redução de custos, mudava”, relembra.
Em 2011, enquanto estruturava a Azul – em um momento em que TAM (hoje Latam) e Gol detinham 98% do market share da aviação do país –, sofreu um acidente. Naquela época, nem imaginava sair da empresa. Em um momento de folga no sítio da família, caiu de um cavalo. “Foi um horror. Segurei a rédea, coloquei o pé no estribo e caí igual a um míssil, sem nenhuma reação natural de defesa. Acredito que tenha sido uma queda de pressão abrupta”, conta.
Janot comandou o próprio resgate, do chão, após o acidente que causou lesão medular nas vértebras C3 e C4, dando instruções para a sua esposa em meio a apagões. Naquele momento, assumiu como CEO de uma nova startup: a própria vida. “Só mexia o pescoço. Estava cercado de gente, técnicos para cuidar de mim, minha mulher, meus dois filhos. Montei o meu time para conquistar o desafio de conseguir voltar a viver como antes. Nunca tinha passado mais de dez horas em casa, incluindo o tempo de sono e, naquele momento, estava ali, 24 horas seguidas, cercado de cuidados enormes”, conta.
Janot se manteve no cargo de CEO da Azul por mais um ano e quatro meses até sair da empresa. Ainda hoje, dez anos após o acidente, ele se emociona ao contar que precisou dizer ao chefe, David Neeleman, que não conseguia mais continuar.
Após a aposentadoria, de certa forma forçada, o executivo refletiu sobre sua trajetória e percebeu que o seu brilho estava em juntar equipes e fazê-las dar certo, com foco em um mesmo objetivo. “Relembrei de quando dava palestras até em pracinha no interior de São Paulo na época do lançamento da Azul. Com meu time formado, me apoiando inclusive em algumas loucuras, fiz muitas palestras importantes.” Logo percebeu que poderia ir além do ofício de palestrante e acrescentar ao currículo o trabalho como consultor. “Tive vontade de transmitir o meu conhecimento o máximo possível para que as pessoas pudessem aproveitar e beber dessa fonte”, afirma.
Nos próximos dez anos, Janot quer estruturar a forma como vai passar todo esse conhecimento. Por agora, vai lançar uma pós-graduação em varejo em julho, assim como organizar o seu programa de palestras de forma profissional. Ele participa também do corpo executivo da empresa de venture capital Solum VC. O foco é auxiliar PMEs, gerando valor e auxiliando no desenvolvimento, principalmente de companhias do varejo e do agrobusiness.
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