Vitalidade. O nome “Vita” carrega todo o espírito da lista 50+, muito embora, por ironia, a alcunha tenha sido escolhida por sua mãe, grávida, durante uma visita ao cemitério. Vita Christoffel, 58 anos, ri da anedota e conta que, anos mais tarde, quando começou a praticar o budismo tibetano, escolheu o nome Nandani, que significa mulher que traz felicidade. Se parece caótico, é porque a vida de Vita é um pouco assim – ainda que, agora, ela diga que tudo parece mais feliz com seu jeito leve de levar as coisas.
Produtora cultural, ela fez de tudo um pouco: de jornalismo a trabalhos com pescadores e períodos embarcada em plataformas em alto-mar. Com gosto, pincela as histórias com aquela energia de quem sabe que viveu bem. Aos risos, relembra quando trabalhou para Marlene Mattos e dava autógrafos como se fosse irmã da Xuxa. Aliás, se você viveu nos anos 1980 e lembra da Rainha dos Baixinhos recebendo o Papai Noel no Maracanã, saiba que Vita estava lá, na equipe.
Ela se sentia realizada como produtora, levando a cultura brasileira ao exterior. No currículo, a organização de eventos como o Festival Agenda Brasil, uma mostra de filmes brasileiros na Itália. Mas acabou resgatando um sonho de infância – o de ser modelo – depois de ser clicada pela filha. “Sempre transformei os sonhos dos outros em realidade com meu trabalho, mas nunca fiz isso para mim mesma. Na análise, fui perguntada sobre o que eu queria ser aos cinco anos para resgatar meu propósito. E eu sempre disse que queria ser eu”, conta Vita.
No divã, a cearense lembrou que tinha o desejo de ser modelo e estar nas passarelas. Nos anos 1980, ainda menor de idade, começou a trabalhar em um consultório médico para juntar dinheiro e ir para São Paulo fazer curso de etiqueta e passarela com Christine Yufon. Vita chegou a ir atrás de trabalhos como modelo, mas sem apoio financeiro da família, precisou dar uma pausa no sonho e retornar para Fortaleza. Quarenta anos depois, após conhecer Ronaldo Fraga, foi convidada pelo estilista para fechar seu desfile na São Paulo Fashion Week de 2019. A partir daí, ela partiu firme em busca do “sim”, já preparada para os “nãos”. Com contrato assinado com a agência Ford Models, mudou-se para São Paulo em plena pandemia para investir na carreira.
O diferencial de Vita é a beleza real de uma mulher madura, sem botox, sem silicone e sem tinta no cabelo. Os fios brancos, afirma ela, vieram há muitos anos pela correria da vida de produtora, sempre na estrada, sem tempo a perder em salões de beleza. E o que ela tem a oferecer ressoa com os anseios de uma sociedade diversa, que quer se ver representada na mídia. “Esse é o barato do que quero construir: a quebra do paradigma da beleza e da idade, e poder mostrar uma mulher madura brasileira na moda. Permito-me emprestar a minha matéria aos criativos. Saí dos bastidores para ir para a frente das lentes. Eu sou o meu próprio patrocinador e estou bancando isso”, pontua.
Com campanhas para marcas como Arezzo e Sallve, Vita já começa a ser procurada por empresas para estrelar seus trabalhos. “O melhor momento da minha vida é o agora. Não crio ansiedade para o amanhã porque isso é crueldade. Minha história tem propósito e quero que conheçam meu nome.” Vita está estudando para se sentir plenamente preparada para seu novo ato – tirou seu novo registro profissional em outubro de 2020 e está estudando fotografia – e não lhe falta energia. “Quero chegar aos 80 anos em cima de uma prancha de surfe. Não estou preocupada se vão gostar ou não, mas estou cumprindo minha meta”, brinca.
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