Este foi um ano dramático para as pessoas mais ricas do mundo. Os 2.660 indivíduos que possuem mais de US$ 1 bilhão em patrimônio ficaram US$ 1,6 trilhão mais ricos entre janeiro e o início de dezembro, segundo estimativas da Forbes.
Embora os ganhos tenham crescido, as perdas também aumentaram.
Os dez bilionários que tiveram a maior redução de suas fortunas perderam, juntos, US$ 152 bilhões. O dano foi maior entre os super-ricos da China, que ocupam seis lugares na lista.
Uma escalada de repressão regulatória por parte do governo chinês em setores que vão desde o e-commerce à educação assustou investidores e impulsionou grandes movimentos de vendas de ações. Grandes empresas chinesas perderam centenas de bilhões de dólares em valor de mercado.
Os papéis da gigante Pinduoduo, uma plataforma de e-commerce de compras coletivas, perderam quase dois terços de valor neste ano até o dia 10 de dezembro. As ações do Alibaba Group despencaram quase 50% no mesmo período. Essas e outras empresas estão enfrentando uma série de novas regras rígidas e multas relacionadas à segurança de dados e práticas monopolistas.
Os fundadores dessas duas empresas perderam mais dinheiro do que qualquer outra pessoa no planeta ao longo de 2021. Colin Zheng Huang, da Pinduoduo, viu sua fortuna encolher US$ 40,2 bilhões até 10 de dezembro, e Jack Ma, do Alibaba, perdeu US$ 21,4 bilhões.
Os bilionários chineses lideraram o crescimento da riqueza mundial em 2020, mas estão apenas 4% mais ricos do que há um ano, em comparação com um ganho de 60% no ano passado.
Outra preocupação para os investidores chineses é a crise crescente na incorporadora imobiliária Evergrande, que pode novamente derrubar o mercado de ações enquanto luta para se livrar de mais de US$ 300 bilhões em dívidas. O fundador da companhia, Hui Ka Yan, viu sua fortuna ficar US$ 18 bilhões menor em 2021 e entrou para a lista dos bilionários que mais perderam pelo segundo ano consecutivo.
O patrimônio do fundador da Evergrande valia cerca de US$ 9,1 bilhões em 10 de dezembro, cerca de um quarto dos US$ 36 bilhões em março de 2019.
Também integram a lista Zhang Yong, dono de uma rede de restaurantes em Singapura que perdeu 68% de sua riqueza após subestimar os impactos da Covid-19; Anthony Hsieh, um magnata americano das hipotecas que foi brevemente uma das dez pessoas mais ricas do planeta antes de perder US$ 13,2 bilhões; e Tadashi Yanai, o fundador da varejista de moda Uniqlo –a empresa se viu envolvida em vários escândalos globais ao longo de 2021.
As perdas deste ano foram três vezes maiores do que as do ano passado – os dez bilionários que entraram no ranking de 2020 perderam juntos US$ 41,6 bilhões.
Em 2020, o primeiro lugar da lista de bilionários que ficaram menos ricos foi de Carlos Slim Hélu, o mexicano cuja família controla a América Móvil, a maior empresa de telecomunicações móveis da América Latina. Ele encerrou o ano com US$ 5 bilhões a menos.
Isso é menos da metade da perda do último lugar do ranking de 2021, que ficou com Zhong Huijuan, fundadora da Hansoh Pharmaceutical. A maior queda de 2020 também é sete vezes menor do que a do número um de 2021, Colin Zheng Huang, do Pinduoduo.
Para estimar as fortunas, a Forbes avaliou as mudanças no patrimônio líquido de 2.660 bilionários entre 31 de dezembro de 2020 e 10 de dezembro de 2021. Em seguida, calculamos os maiores perdedores em dólares, levando em consideração apenas aqueles com investimentos em empresas de capital aberto.
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Bloomberg Finance LP 1. Colin Zheng Huang
País: China
Perda: US$ 40,2 bilhões
Patrimônio líquido atual: US$ 22,4 bilhõesA repressão regulatória da China atingiu a fortuna de Huang, fundador da plataforma de comércio eletrônico Pinduoduo, em cheio. O bilionário perdeu 64% de sua fortuna este ano, acompanhando as ações da companhia.
Já desvalorizada pelos amplos inquéritos antitruste que ameaçam os gigantes da internet da China, a empresa de seis anos foi ainda mais abalada pela demissão abrupta de Huang do cargo de presidente, em março.
A decisão foi anunciada logo depois de o Punduoduo ultrapassar o Alibaba como a maior empresa de comércio eletrônico do país. As ações caíram 21% após a receita trimestral de novembro ficar abaixo das expectativas.
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Getty Images 2. Jack Ma
País: China
Perda: US$ 21,4 bilhões
Patrimônio líquido atual: US$ 37 bilhõesMa, que já foi a pessoa mais rica da China e um de seus magnatas mais populares, passou grande parte de 2021 longe dos holofotes depois que o governo chinês tomou medidas severas contra suas empresas.
Em novembro de 2020, autoridades regulatórias barraram o IPO da fintech Ant Group, um braço da Alibaba. A empresa planejava movimentar US$ 35 bilhões. Em seguida, elas focaram o Alibaba, a gigante do comércio eletrônico cofundada por Ma. Em abril, a companhia recebeu uma multa de US$ 2,8 bilhões, a maior sanção antitruste já imposta na China, por violar regras anti-monopólio.
A capitalização de mercado do Alibaba caiu mais de 46% até agora este ano, tirando US$ 37 bilhões da fortuna de Jack Ma, uma queda de 37%.
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Bloomberg Finance LP 3. Hui Ka Yan
País: China
Perda: US$ 18 bilhões
Patrimônio líquido atual: US$ 9,1 bilhõesHui ocupa as primeiras posições do ranking de bilionários que mais perderam pelo segundo ano consecutivo. Sua fortuna encolheu bilhões em meio à crise financeira da China Evergrande Group. A gigante imobiliária, que ele fundou e preside, deixou de pagar sua dívida com investidores globais pela primeira vez em dezembro e, no dia quinze do mesmo mês, era negociada na Bolsa de Valores de Hong Kong pelo equivalente a US$ 0,19 por ação.
Lutando para manter a empresa viva, Hui supostamente injetou recentemente US$ 1 bilhão de sua fortuna pessoal e também foi forçado a vender parte de suas ações. Ele está sob nova pressão para acelerar a reestruturação da dívida de US$ 300 bilhões da Evergrande à medida que aumentam as preocupações sobre o impacto que a crise da empresa pode ter na economia chinesa.
A Forbes calculou que Hui recebeu US$ 8 bilhões em dividendos da Evergrande entre 2009 (quando a empresa abriu o capital) e 2020.
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Bloomberg Finance LP 4. Zhang Yong
País: Singapura
Perda: US$ 15,9 bilhões
Patrimônio líquido atual: US$ 7,6 bilhõesZhang é o fundador e presidente da Haidilao, a maior rede de restaurantes “hotpot” da China, que também tem unidades em todo o mundo. Impulsionada por anos de rápido crescimento, a gigante dos restaurantes fez a aposta arriscada de realizar a maior expansão de sua história durante a pandemia e dobrou suas unidades para quase 1.600. Mas as novas ondas de infecções e consumidores receosos de sair de casa prejudicaram a demanda.
Em novembro, a empresa anunciou que suspenderá ou fechará 300 lojas até o final do ano. As ações caíram 71% até o dia 15 de dezembro, deixando Zhang – que valia US$ 23 bilhões em abril – 68% menos rico.
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Getty Images 5. Tadashi Yanai
País: Japão
Perda: US$ 14 bilhões
Patrimônio líquido atual: US$ 30,4 bilhõesYanai perdeu cerca de um terço de sua fortuna este ano depois que as ações da, Fast Retailing, dono das marcas populares Uniqlo e Theory, caíram cerca de 34%. Embora as receitas do ano até agosto de 2021 tenham crescido 6% e os lucros antes dos impostos subiram mais de 70% desde 2020, a varejista foi fortemente impactada pelas restrições de combate à Covid-19 este ano, principalmente em suas fábricas no Vietnã.
A companhia também enfrentou problemas com fornecedores em Mianmar, onde um golpe militar gerou tumultos violentos. A Fast Retailling também foi alvo de reclamações de abusos de direitos humanos após ser acusada de usar trabalho forçado de minorias étnicas da região de Xinjiang, na China. A companhia nega as acusações.
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Bloomberg Finance LP 6. Lei Jun
País: China
Perda: US$ 14 bilhões
Patrimônio líquido atual: US$ 16,3 bilhõesA fortuna de Lei, cofundador e presidente da Xiaomi, uma das marcas de smartphones mais populares do mundo, caiu quase pela metade este ano. Embora tenha evitado o escrutínio regulatório que prejudicou outros gigantes chineses da tecnologia, a Xiaomi foi prejudicada por problemas da cadeia de suprimentos – ou seja, uma escassez global de chips – junto com uma concorrência acirrada que reduziu a sua participação de mercado. Ela registrou seu ritmo mais lento de crescimento de vendas desde o início de 2020 em seus ganhos do terceiro trimestre em novembro, citando que os déficits de chips continuarão em 2022.
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Getty Images 7. Masayoshi Son
País: Japão
Perda: US$ 13,6 bilhões
Patrimônio líquido atual: US$ 25,1 bilhõesA incerteza que preocupa as empresas chinesas também teve um grande impacto sobre Masayoshi Son, o fundador e CEO do gigante de investimentos japonês Softbank Group. O Softbank tem várias empresas chinesas de tecnologia entre seus principais investimentos, incluindo o Alibaba, sua empresa mais valiosa, e o aplicativo Didi Global, conhecido como o “uber chinês”.
A ofensiva de Pequim contra essas empresas, juntamente com a queda do valor de alguns dos IPOs mais importantes da Softbank, levou o Vision Fund a registrar perda recorde de US$ 7,3 bilhões nos três meses encerrados em 30 de setembro.
A queda nas ações reduziu em 35% a fortuna de Son, que perdeu o posto de pessoa mais rica do Japão para Takemitsu Takizaki, o fundador da fabricante de sensores eletrônicos Keyence Corp.
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AP 8. Daniel Gilbert
País: EUA
Perda: US$ 13,2 bilhões
Patrimônio líquido atual: US$ 29,6 bilhõesFoi um ano tumultuado para o preço das ações da empresa de hipotecas Rocket Companies de Dan Gilbert. O bilionário se tornou brevemente uma das dez pessoas mais ricas do mundo quando sua fortuna atingiu US$ 80 bilhões durante um short squeeze em março, mas as ações da financeira caíram 62% desde então. A Rocket enfrenta uma desaceleração nas receitas e nos lucros vindos do boom do ciclo de 2020, quando o refinanciamento de hipotecas disparou.
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Getty Images 9. Zhang Bangxin
País: China
Perda: US$ 11,3 bilhões
Patrimônio líquido atual: US$ 1,2 bilhãoNão é um bom momento para estar no negócio de aulas particulares na China. Zhang, o cofundador e presidente da empresa de serviços de educação TAL Education, pode atestar esse fato.
O governo chinês intensificou sua ofensiva contra empresas de reforço escolar este ano, argumentando que a indústria – que prosperou durante a pandemia – estava colocando muita pressão sobre as crianças e pais, e havia sido “severamente sequestrada pelo capital”.
As ações de empresas como a TAL Education despencaram quando as autoridades reguladoras revelaram novas regras rígidas que incluem, por exemplo, a proibição de levantar capital de investidores estrangeiros por meio de listagens públicas, e a exigência de que essas empresas se registrem como organizações sem fins lucrativos.
Enquanto o patrimônio líquido de Zhang caiu 90%, alguns empresários do ramo se saíram ainda pior, como Larry Xiangdong Chen, o CEO da empresa de educação GSX Techedu, cuja fortuna caiu para US$ 250 milhões de um pico de US$ 15,8 bilhões.
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Getty Images 10. Zhong Huijuan
País: China
Perda: US$ 10,4 bilhões
Patrimônio líquido atual: US$ 10 bilhõesZhong é a fundadora, presidente e CEO da farmacêutica chinesa Hansoh Pharmaceutical. Ela se tornou uma das mulheres mais ricas do mundo depois de liderar a empresa em seu IPO, em 2019, após o qual as ações subiram mais de 130%. Zhong e sua filha são donas de mais de três quartos da empresa.
As ações caíram mais de 50% em 2021 e agora estão abaixo do preço de cotação do IPO (US$ 1,82 por ação). Como resultado, a riqueza de Zhong caiu 51% este ano. Ela é casada com o bilionário chinês Sun Piaoyang, que dirige a empresa farmacêutica Jiangsu.
1. Colin Zheng Huang
País: China
Perda: US$ 40,2 bilhões
Patrimônio líquido atual: US$ 22,4 bilhões
A repressão regulatória da China atingiu a fortuna de Huang, fundador da plataforma de comércio eletrônico Pinduoduo, em cheio. O bilionário perdeu 64% de sua fortuna este ano, acompanhando as ações da companhia.
Já desvalorizada pelos amplos inquéritos antitruste que ameaçam os gigantes da internet da China, a empresa de seis anos foi ainda mais abalada pela demissão abrupta de Huang do cargo de presidente, em março.
A decisão foi anunciada logo depois de o Punduoduo ultrapassar o Alibaba como a maior empresa de comércio eletrônico do país. As ações caíram 21% após a receita trimestral de novembro ficar abaixo das expectativas.