Karl Lagerfeld é, provavelmente, um dos estilistas vivos mais famosos do mundo. Não só pela sua longa associação com as casas de moda Chanel e Fendi e suas respectivas criações, mas também pela representatividade de sua figura em todo o universo da moda, das passarelas de Milão e Paris aos movimentados mercados de luxo da Rússia e da China. Nascido na Alemanha e baseado na capital francesa, Lagerfeld é um estilista com visual e personalidade singulares.
“Quando eu era jovem, sonhava em ser caricaturista. No final, me transformei em uma caricatura”, afirmou o estilista. A frase, assim como centenas de outras, aparecem no livro The World According to Karl, de Thames & Hudson. “Minha autobiografia? Eu não tenho que escrevê-la. Eu simplesmente a vivo”, disse em certa ocasião. Em outro momento, deu sua definição de trabalho: “Calma, frieza e organização. Odeio histeria”.
Aos 80 anos, essa figura tão mítica surpreende novamente. Não com uma frase, mas com um projeto que está se disseminando pelo mundo e deve, mais cedo ou mais tarde, desembarcar no Brasil. Lagerfeld se associou a investidores pesos-pesados, a exemplo da família Chou (por trás do sucesso da marca Michael Kors), do PVH Corp (controlador das marcas Tommy Hilfiger e Calvin Klein) e também do fundo de private equity Apax.
Há três anos, eles se juntaram para criar a marca Karl Lagerfeld. A ambição é transformá-la em um dos principais nomes de luxo acessível do mundo. O pontapé inicial foi dado há cerca de um ano, com a abertura de uma loja em Paris, seguida pela inauguração, a cada três/quatro semanas, de uma unidade. Hoje já são 17 endereços espalhados pelo mundo – cinco deles só na China.
A concept store foi aberta em Amsterdã, no movimentado distrito de Jordaan, habitado por muitas butiques e cafés, e oferece, além de um time de 50 funcionários, toda uma parafernália tecnológica. Um guia em iPad é oferecido para os visitantes se deslocarem pela loja e conferir as peças das coleções. Nos vestiários há uma tela touchscreen que permite ao cliente tirar fotos e compartilhá-las imediatamente nas redes sociais. Ainda é possível mandar recados para o estilista.
Há conversações para trazer a bandeira para o Brasil. “Temos sido procurados por muitas pessoas interessadas em levar a marca Karl Lagerfeld para o mercado brasileiro, o que é extremamente tentador e interessante. É muito provável que venhamos a abrir lojas no Brasil, mas não necessariamente neste ano”, disse Pier Paolo Righi, CEO e presidente da Karl Lagerfeld, em entrevista à FORBES Brasil.
A empresa também planeja lançar espaços em lojas de departamento de peso como Galleries Lafayette, Printemps, Harvey Nichols, dentre outras. “Vamos seguir pelos dois modelos: lojas próprias e também associação com parceiros fortes em algumas regiões geográficas como o Oriente Médio, onde trabalhamos com o Chalhoub Group, uma referência na gestão de marcas de luxo na região.”
Todas as lojas, explica, oferecem produtos desenhados pelo próprio Lagerfeld para a sua marca própria, a exemplo de roupas femininas, masculinas, bolsas, sapatos, óculos, relógios, velas e perfumes. “Cada linha de produto é desenvolvida com a ajuda dos maiores especialistas de cada área, a exemplo da perfumaria, criada com a francesa Interparfums (que assina fragrâncias de casas como Montblanc, Balmain, Van Cleef & Arpels e Boucheron)”, explica Righi. Mas não só. A ideia é que o consumidor mergulhe no universo do estilista e encontre também objetos relacionados ao mundo de Lagerfeld, a exemplo de livros e arte.
Algumas lojas menores oferecerão basicamente bolsas e acessórios, itens cada vez mais representativos do negócio.
Righi diz que Karl tem na marca própria a oportunidade de projetar e criar o que deseja, sem a necessidade de interpretar o DNA de uma marca, como a Chanel e a Fendi, para as quais ele trabalha há décadas.
“Por conta dessa liberdade, Lagerfeld está completamente apaixonado e envolvido no desenvolvimento da marca e se divertindo muito com isso. Trabalhar diretamente com ele é um grande presente para mim. Muitas coisas se movem rapidamente porque ele atua nos bastidores do projeto”, explica.