O carioca Alexandre Schiavo tinha apenas 16 anos quando começou a implantar sistemas de alta performance em computadores. Fascinado por eletrônicos, logo passou a desenvolver programas financeiros, na época da hiperinflação. Formou-se em administração de empresas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e, atualmente, aos 44 anos, ocupa o cargo de presidente da Sony Music Brasil, a maior gravadora do país.
No mundo da computação, Schiavo sentia falta de interagir com as pessoas. Migrou, então, para o ramo financeiro em um cargo no Citibank. Aos 22 anos, foi convidado a trabalhar em Nova York, mas não queria se aprofundar na área de finanças e sim começar a ter experiência em marketing. Acabou apostando todas as fichas em uma oportunidade de estágio na gravadora, em 1992. Desde então, não saiu mais de lá.
Hoje, trabalha lado a lado com a sua equipe. “Não fico na cadeira dando ordens. Sou um a mais do time, trazendo negócios e resultados. A música traz versatilidade e o respeito entre as diferenças.” Antes de ocupar o cargo máximo no Brasil, trabalhou anos nos EUA. “Fui diretor de marketing internacional, cuidando de artistas e repertório, em Nova York. Foi um grande choque de cultura. Com 20 e poucos anos, sendo recebido por uma limusine preta?”
Após NY, foi trabalhar em Miami e, alguns anos depois, convidado a retornar, pois a empresa no Brasil enfrentava sua maior crise. Em um primeiro momento, não quis. Passado um tempo, em 2003, percebeu que poderia ter sucesso e viveria, então, uma grande experiência. Se falhasse, ainda era jovem para buscar um novo caminho.
A crise em questão era a queda das vendas, ocasionada pela pirataria digital e física. Muitas pessoas foram demitidas e a gravadora precisou adaptar o seu tamanho ao mercado problemático daquele momento. “Tivemos que fazer uma série de adequações para operar no mercado”. A Sony Music Brasil estava no vermelho, com prejuízo há cinco anos. Deram-lhe um último ano de chance, antes de fechá- la. Com Schiavo na gestão, o cenário foi revertido. “Para mudar aquela situação, precisei renegociar o contrato de vários artistas. Eles eram baseados em um mercado que não existia mais. Reduzimos também as despesas e começamos a trabalhar com menos lançamentos.”
“Quando voltei, criei uma campanha interna de motivação, resgatando o conceito da empresa no passado, que era de ser a número 1. Tínhamos um legado muito importante, com mais de 50 anos no Brasil, e isso fez com que começassem a confiar em mim.” Hoje, são sete anos consecutivos de lucratividade e um faturamento em torno de R$ 150 milhões.
Com 47 escritórios espalhados pelo mundo todo, a Sony Music é a líder no Brasil e na América Latina. O CD ainda é a maior receita da companhia, mas a empresa já está em vários canais digitais e foca nesse novo mercado. Os artistas que mais vendem no Brasil? Roberto Carlos e padre Marcelo Rossi, com 2 milhões de cópias vendidas de cada um.
Schiavo deu um novo rumo à companhia com bom humor, motivação e mão na massa. “Meu estilo é de trabalhar junto. Jogar lado a lado com a sua equipe é fundamental e dar liberdade, respeitando a individualidade de cada um, também.” O fato de ter se tornado CEO aos 36 anos não lhe assusta. “A surpresa pela minha juventude é sempre muito positiva, ainda mais no mercado de entretenimento. Ter sido presidente jovem, mas com vários anos de experiência no Brasil e fora dele, de certa forma, foi um processo natural”, conta o ex-estagiário que chegou ao topo.