Preto é cor obrigatória no closet de toda mulher, enquanto o “vermelho Valentino” transformou-se em arma de sedução. Nenhuma cor, no entanto, mexe tanto com o imaginário feminino quanto o “azul Tiffany”, sinônimo da marca fundada em 1837 em Nova York e objeto de desejo de grande parte das mulheres. Por trás desse negócio pujante que fatura mais de US$ 4 bilhões (no ano fiscal encerrado em janeiro de 2014) e tem mais de 290 lojas espalhadas pelo mundo, o Brasil ganhou lugar cativo na estratégia de crescimento da Tiffany & Co. Já são cinco unidades em operação no país – em shoppings de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Curitiba. Todas elas com números ascendentes, graças ao apelo da marca e também ao trabalho conduzido pela paulistana Luciana Marsicano, 46 anos, diretora-geral da companhia no país desde março de 2012.
Ela é peça-chave na estratégia de crescimento da joalheria mais famosa do mundo (os brasileiros são grandes compradores da marca em Miami, Nova York e Las Vegas, além das lojas locais), e grande especialista em gestão de marcas, habilidade que desenvolveu ao longo de sua carreira como executiva de negócios e marketing em grandes companhias de consumo, como Ambev, Diageo, Pepsico, Reckitt Benckiser, Redecard e Mundial.
Formada em administração de empresas pela FGV-SP, a executiva mostrou-se visionária desde cedo. Ainda na faculdade, de olho no universo da moda e do luxo, buscou uma pós-graduação no conceituado Fashion Institute of Technology, em Nova York. Ao concluir o curso focado em compras e merchandising, retornou ao país. O ano era de 1993 e a jovem se deparou com um Brasil recessivo e ainda pouco desenvolvido, pós-abertura recente do mercado às importações. Foi assim que ela enveredou para o setor de consumo e entrou como trainee na Ambev. “Foi muito bacana ter trabalhado lá, uma das minhas primeiras grandes escolas”, recorda.
Na Tiffany, Luciana destaca, como principais conquistas no comando da subsidiária, a expansão da marca no país, o engajamento para formar talentos e o foco extremo no cliente. “Implantei uma área de CRM [Customer Relationship Management] para cuidar de todo relacionamento com o consumidor da marca e tratar de problemas como a frustração de quem compra fora e erra o número do anel. Tentam trocar aqui e eu não posso porque o produto não foi nacionalizado. Mas cuido de toda interface com o exterior para viabilizar a substituição na próxima viagem”, explica.
Comandante da única filial do mundo a parcelar as compras em até dez vezes sem juros, Luciana tem como desafio quebrar a imagem de “proibitiva” que a Tiffany passa a alguns consumidores. Embora o mais exclusivo anel de noivado (Tiffany Setting) custe R$ 678 mil, é possível adquirir um pendente de coração em prata por R$ 355. “São 177 anos de história em um país onde a marca está presente há apenas 13 anos”, brinca. No futuro, ela não descarta a abertura de novas unidades no país.