No universo da alta joalheria e relojoaria, a francesa Cartier é uma das marcas mais famosas do mundo e também uma das mais representativas do grupo suíço Richemont. Do ponto de vista financeiro, o mercado estima que US$ 5,9 bilhões da receita total de US$ 12,5 bilhões do conglomerado de luxo vieram da grife parisiense. No Brasil, ela tem duas butiques (nos shoppings Cidade Jardim, de São Paulo, e Village Mall, do Rio de Janeiro), e deve inaugurar a terceira em setembro no Shopping Iguatemi (também em São Paulo). De uns tempos para cá, a categoria de eyewear tem avançado entre os consumidores brasileiros.
Os óculos da marca, que chegaram aqui há menos de uma década, são desenhados pela maison desde o final do século 19. Hoje, a divisão batizada de Cartier Lunettes é composta por modelos masculinos e femininos de linhas famosas como Panthère (ícone da marca), Trinity e Santos Dumont. Esta última, inspirada nos relógios do aviador brasileiro, que era amigo do fundador, Louis-François Cartier, e foi o primeiro homem a usar relógio de pulso em Paris no início do século 20. Muitos modelos parecem verdadeiras joias, dado os desenhos e a quantidade de diamantes incrustados.
O produto acima é, hoje, o mais sofisticado — e caro — à venda no Brasil. “Trata-se de uma peça excepcional, uma verdadeira joia para vestir, que possui hastes e ponte em ouro maciço 18k, com uma pantera negra e 167 diamantes nas cores laranja, marrom, rosa e translúcido”, explica Adrian Barzola, diretor da divisão de óculos e perfumes da Cartier para a América Latina. O preço? R$ 185.000.
O executivo conta que, além dos apreciadores de peças de design exclusivo, há compradores brasileiros que buscam a marca por sofrer de sérios problemas de visão. “Tem uma senhora com alergia a lente que comprou um par de óculos de alta joalheria para usar em uma cerimônia”, conta.
O consumidor desse tipo de produto, antes mais restrito aos homens e mulheres na faixa dos 40 anos aos 50 anos, tem rejuvenescido. Hoje, há mais gente entre 25 e 35 procurando esse acessório da Cartier.
Para desenvolver essa e outras peças, a Cartier é uma das raras marcas de luxo que optou por manter o desenvolvimento e a produção de seus óculos dentro da maison. Hoje, a maioria das grifes terceiriza o trabalho com as grandes especialistas do setor, como a italiana Luxottica e a americana Marchon. A maison fundada em 1847 prioriza a precisão dos detalhes e o design único. Isso, no entanto, não torna seus produtos antiquados. “Eu sempre priorizei a ousadia da criação”, afirmou o CEO, Stanislas de Quercize, pouco antes de apresentar 110 criações na última edição do Salon International de la Haute Horlogerie (SIHH).
Essa demanda levou a Cartier a migrar recentemente para uma nova fábrica em Sucy-en-Brie (Val-de-Marne), em um edifício de 9 mil m2 e ambiente sustentável. “Lá conseguimos produzir peças distintas e exclusivas usando o savoir-faire da marca. Olha-se para o passado para criar o futuro.”
Embora as categorias de relógios e joias sejam as mais representativas para o negócio, o eyewear tem seu peso para a marca. “Os óculos e os perfumes são um importante ponto de contato do consumidor com o universo Cartier, que muitas vezes chega à grife através deles”, afirma Barzola. No Brasil, os óculos da marca são distribuídos pela GO Eyewear.