Após suas recentes publicações no seu perfil no Twitter, o bilionário egípcio Naguib Sawiris afirmou que, neste domingo, 6, irá enviar cartas aos primeiros-ministros da Grécia e da Itália, Alexis Tsipras e Matteo Renzi, respectivamente, com um pedido formal de compra de uma ilha no Mediterrâneo para abrigar as famílias de refugiados e imigrantes que tomam a Europa.
Sobre a proposta, Sawiris contou, em entrevista a FORBES, que está convicto de suas intenções. “Quero poder me sentir bem em fazer algo por essas pessoas. Entreguem-me o território e eu me encarregarei do resto ”, afirmou.
Presidente da operadora de telecomunicações Orascom Telecom, o bilionário é, atualmente, o terceiro homem mais rico do Egito, com uma fortuna calculada em US$ 2,8 bilhões. Ele disse possuir os recursos necessários para concretizar seus planos.
Além do dinheiro, Sawiris disse que também tem experiência em infraestrutura e logística para o desenvolvimento de novas terras.
O primeiro anúncio do empresário sobre suas intenções humanitárias, ocorreu na última quinta-feira, 3, por meio de um post no Twitter, que viralizou rapidamente pelas redes sociais e ganhou destaque em veículos de comunicação de diversos países. “Grécia ou Itália, me vendam uma ilha e declarem sua independência para abrigar imigrantes e proporcionar trabalho no desenvolvimento do novo país”, escreveu, na publicação.
Apesar do entusiasmo, Sawiris afirmou que o seu primeiro contato com Alexis Tsipras e Matteo Renzi aconteceria apenas hoje, por meio de cartas formais com o pedido para a aquisição das terras.
LEIA TAMBÉM: Bilionário do Egito investe US$ 3 bilhões no setor de energia do país
O mundo, hoje, passa pela maior crise de refugiados de todos os tempos desde a Segunda Guerra Mundial. De acordo com a Organização Internacional de Migrações (OIM), só neste ano mais de 350.000 imigrantes já cruzaram o Mediterrâneo em travessia à Europa. Cerca de 2.640 morreram na tentativa.
Por ser o único país com constituição que prevê abrigo à refugiados de guerra, a Alemanha é o destino europeu que mais recebe pedidos de asilo e, só para este ano, prevê a chegada de 800.000 pessoas à procura de abrigo.
Consciente de que há um limite de refugiados que os países europeus podem suportar, Sawiris disse acreditar que nenhum dos dois governos irá se prejudicar ao aceitar sua proposta. Mas, apesar da confiança, afirmou que ainda não identificou qual seria a ilha escolhida. “Só sei que, quanto maior o território, mais pessoas poderei abrigar”, completou.
Ainda sobre a crise humanitária, o empresário comentou que os países da Europa ocidental e da região do Golfo não estão fazendo o suficiente para ajudar a solucionar o problema, por medo de terroristas do Estado Islâmico e pelas suas dificuldades econômicas internas. “É por isso que eu estou propondo essa solução de começar do zero”, afirmou.
Além da compra da ilha, Sawiris afirmou que está disposto a pagar por barcos mais seguros e por alimentação e energia temporária aos imigrantes. Ele contou que pretende criar um porto e uma base marítima para a chegada dessas famílias.
Ainda de acordo com o bilionário, ele desenvolverá uma infra-estrutura baseada em pequenas comunidades e providenciará abrigo e trabalho aos futuros moradores da ilha, que, segundo ele, irá permanecer sob o domínio do país que conceder o território ou será uma região independente, que ele nomearia de “Aylan”, em homenagem à Aylan Kurdi, menino refugiado sírio de três anos cujo afogamento comoveu o mundo.
Sawiris contou que a fotografia do corpo do pequeno Kurdi, encontrado na praia de Ali Hoca, em Bodrum, foi o que o motivou em anunciar a sua proposta humanitária. “A minha consciência foi despertada pela figura daquela criança sendo resgatada no mar. Foi Deus quem trouxe essa imagem para nós”, concluiu.