Não é à toa que as empresas têm debatido cada vez mais a disparidade entre homens e mulheres no trabalho. Estima-se que apenas de 6% a 7% dos altos cargos executivos no mundo sejam ocupados por mulheres.
“É cultural, as empresas foram feitas para homens”, afirma Margaret Groff, CFO da Itaipu Binacional e idealizadora do Prêmio WEPs Brasil, iniciativa em parceria com a ONU Mulheres, que reconhece as empresas que promovem ações em busca da equidade entre gêneros. “Quando você chega às empresas, só há homens nos conselhos. O modo de trabalho tem de ser readaptado.”
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Este propósito tem avançado no Brasil. A segunda edição do prêmio, realizado na última terça-feira (29) em Foz do Iguaçu, teve 137 empresas inscritas, que, segundo Margaret, representam 8% do PIB nacional. “Além disso, o Brasil é hoje o segundo maior país signatário dos Princípios de Empoderamento das Mulheres da ONU (WEPs), com 90 companhias”, afirma a CFO. Entre os princípios, estão estabelecer liderança corporativa de alto nível para a igualdade de gênero e tratar homens e mulheres de forma justa no trabalho.
Para Tânia Consentino, CEO da Schneider Electric na América Latina, tornar o ambiente mais acessível às mulheres se tornou uma questão vital para as companhias hoje. “As novas gerações mudaram, não estão mais aceitando isso. Se os jovens chegam a uma empresa e só há homens ali, eles desistem dela. Não é só uma questão de gênero, é de sobrevivência.”
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Para isso, a ONU Mulheres lançou o plano para que até 2030 haja 50% de mulheres em cargos de liderança ao redor do mundo. A medida tem funcionado, por exemplo, para a Unilever no Brasil, país que representa a segunda maior operação da empresa no mundo. “A empresa tem crescido mais nos últimos cinco anos desde que adotou ações para alcançar equidade de gênero em posições de liderança”, afirma Fernando Rodrigueiro, diretor de RH da companhia.
Veja na galeria de fotos oito passos para montar uma boa equipe, com equilíbrio entre homens e mulheres:
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Entenda que há disparidade
Enquanto muitas empresas acham que já fazem o bastante para sanar a desigualdade e, mesmo assim, não têm nenhuma mulher em altos cargos, outras nem sequer perceberam que há disparidade entre gêneros porque não chegaram a pensar nisso. “Quem não sofre com isso não vê, mas quem sofre sente”, explica Tânia Consentino, CEO da Schneider Electric na América Latina. Isso reflete em toda a organização da sua equipe ou empresa. Por isso, o primeiro passo é tirar as amarras e olhar a fundo para a sua equipe ou companhia.
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Faça uma autoanálise
“Quantas mulheres há para quantos homens em cargos de liderança? Se tem desbalanço, tem problema”, afirma Tânia. Levante os números e tente entender por que há mais homens que mulheres na sua equipe. “É na hora de candidatar? É na hora da escolha dos entrevistados? Ou mais mulheres têm saído do que ficado? Há uma série de possibilidades, é preciso identificar qual o problema.”
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Organize-se
“Quando começamos o prêmio, conversei com uma executiva de uma empresa metalúrgica e quis saber por que ela não se candidatava ao Prêmio WEPs Brasil. Ela me disse que a empresa dela não deveria ter nenhum dos requisitos necessários. Depois que respondeu às perguntas, viu que a empresa estava muito à frente do que ela pensava”, conta Margaret Groff, CFO da Itaipu Binacional.
Há princípios muito simples entre os estabelecidos pela ONU e é possível que a sua equipe já siga parte deles e você nem sequer sabe. Coloque tudo em uma planilha e veja quais pontos você já segue e em quais precisa melhorar.
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Mostre que há espaço
“Mulheres não verbalizam suas ambições como os homens”, afirma Tânia. “Isso está mudano nas novas gerações, mas ainda é muito desigual: a mulher só se candidata a uma promoção geralmente quanto tem certeza de que está preparada. Já o homem considera seus erros, mas tenta assim mesmo.”
O líder de uma empresa tem o papel de mostrar que há espaço para todos. Tanto por meio de discursos como em conversas particulares, tente incentivar seus melhores funcionários a sempre terem a ambição de subir e demonstrarem isso.
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Estimule o debate
Muitas empresas têm criado grupos femininos para debate e estímulo da posição da mulher, internamente. A norte-americana Cummins é um exemplo disso. A construtora de motores a diesel é um ambiente de histórica maioria masculina. “Quando você pensa como anos atrás, não vê uma ‘menininha’ trabalhando em um local desses”, afirma a engenheira Suellen Gaeta, diretora de produtos. A companhia criou grupos de debate sobre equidade de gênero, chamados WAG na sigla em inglês, para estimular o empoderamento feminino.
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Crie políticas específicas
As empresas têm de começar a se adaptar às necessidades de seus funcionários. Este aspecto tem avançado ao longo dos anos, com a criação da licença-paternidade, para que o pai também participe desse momento crucial, e não só aumento da licença-maternidade como flexibilização das horas de trabalho das mães com filhos pequenos.
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Não crie políticas que simplesmente favoreçam alguém
As políticas de inclusão devem ajudar a deixar o ambiente de trabalho menos díspar, mas cuidado. Se você não souber implementá-las, pode passar a imagem que a nova contratação ou promoção só se deu pelo seu gênero, por exemplo. “A pessoa tem de sentir: eu vou alcançar porque sou capaz, não porque sou mulher”, afirma Adriana Ferreira, líder de diversidade e inclusão da IBM. “O que não pode é criar políticas que favoreçam o surgimento de pessoas intocáveis, o que pode criar receio entre os colegas.”
A comunicação é crucial para que tanto quem foi promovido quanto quem não foi sinta que a decisão foi justa. “É preciso explicar por que, mostra os números da desigualdade”, completa a diretora da IBM.
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Pense como uma startup
Autonomia é a palavra do momento. “As empresas têm de ver que as coisas estão mudando. Se as elas derem espaços para as pessoas pensarem de formas diferentes, sem condenar o erro, só têm a ganhar”, afirma a empreendedora e 30 abaixo de 30 de FORBES Brasil Bel Pesci. “Autonomia é o melhor caminho para conseguir boas pessoas na sua equipe.” Procure diminuir a hierarquia e aumentar a liberdade tanto de homens quanto de mulheres que os resultados cheguem.
Entenda que há disparidade
Enquanto muitas empresas acham que já fazem o bastante para sanar a desigualdade e, mesmo assim, não têm nenhuma mulher em altos cargos, outras nem sequer perceberam que há disparidade entre gêneros porque não chegaram a pensar nisso. “Quem não sofre com isso não vê, mas quem sofre sente”, explica Tânia Consentino, CEO da Schneider Electric na América Latina. Isso reflete em toda a organização da sua equipe ou empresa. Por isso, o primeiro passo é tirar as amarras e olhar a fundo para a sua equipe ou companhia.