Antigo advogado e ex-apresentador de TV, Michael Paratore abriu um negócio de venda de sapatos sem fornecedores, sem fundação formal e sem contatos no ramo. A única certeza era que teria ajuda da mão-de-obra dos trabalhadores da Índia.
A história de Paratore daria um ótimo filme. Em 2012, depois de trabalhar em um escritório jurídico por quase dois anos e depois de abandonar uma carreira na Current TV, Paratore estava pronto para outra coisa. “Era agora ou nunca”, conta.
Sem filhos e acompanhado de sua esposa (que tinha um bom salário), ele começou sua carreira para se tornar um vendedor de sandálias feitas por artesãos em vilarejos nos arredores de Kolhapur.
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Mais cedo naquele ano, Paratore havia viajado com sua esposa, na época uma estudante de Stanford, para a Índia, em uma ação promovida pela faculdade. Eles foram levados de um lado para o outro em um ônibus, vestidos em ternos e sofrendo com o calor indiano. Foi o primeiro encontro de Paratore com o subcontinente. Em Mumbai, ele comprou um par de sandálias de um vendedor de rua, comumente conhecidos como Kolhapuri Chappals, famosíssimos na Índia.
Logo depois de sua viagem, ele encontrou os colegas de sua esposa. De descendência indiana, dois colegas de trabalho se interessaram da ideia de Paratore e ofereceram ajuda: “Vamos voltar para a índia após terminarmos a faculdade e podemos achar alguns contatos para que você consiga melhorar seu networking”. Paratore lembra de discordar: “Ao invés de esperar seis meses por esses contatos, senti como se precisasse ir com eles”.
Então ele se demitiu e, naquele outono, retornou à Índia. Ao aterrissar em Mumbai, suas estratégias de negócios eram simples: Paratore foi às ruas falar com vendedores e tentou pegar detalhes de como e onde eles foram manufaturados. “Falei com qualquer pessoa que conseguisse conversar comigo”.
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Toda essa conversa o levou a um trem de Mumbai a Kolhapur. Paratore chegou à cidade com o mesmo entusiasmo que em Mumbai. No dia seguinte havia uma manchete nos jornais: Advogado americano se demite para vender sandálias. “Todos acharam que eu era um lunático porque deixei um trabalho de status e estabilidade para vender sandálias”, afirma o empreendedor.
Nos dias seguintes, Paratore foi a trens locais para conversar com artesãos. “Já estava na Índia a 10 dias e já tinha conseguido informação suficiente para juntar as peças do quebra-cabeça” ele diz.
Paratore não apenas encontrou os artistas responsáveis pelo design da sandália que havia comprado, mas também uma cooperativa de Bangalore que trabalhava com artesãos para melhorar seu fluxo de trabalho e administrar suas finanças. Os homens e mulheres que trabalhavam com artesanato haviam tomado vários empréstimos para comprar couro para os sapatos, o que os colocou em um ciclo de dívidas. Paratore e a organização sem fins financeiros queriam reverter isso e encorajá-los a abrir pequenas poupanças.
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“Parecia muito bom para ser verdade”, ele ri. “Havia achado exatamente o que procurava. O único jeito que conseguiria fazer negócios era se fosse em uma maneira ética e impactante, mas não me via e ainda não me vejo como um empreendedor social. Para mim, esse é apenas o jeito de se fazer negócios.”
De volta à Bay Area depois de suas aventuras na Índia, Paratore lançou Mohinders, vendendo seus primeiros sapatos no início de 2013. Ele investiu US$ 50.000 de seu próprio dinheiro mais empréstimos de membros da família para impulsionar seu trabalho e conseguir fazer suas primeiras vendas. No fim de 2013, depois de um começo lento, Paratore arrecadou outros US$30.000 por uma campanha de sucesso no site de financiamento coletivo Kickstarter. Ele, então tinha apenas algumas centenas de sapatos. Em 2014, a Mohinders se aventurou no varejo e em 2015 viu seus lucros dobrarem. “Foi no ano passado que tudo se tornou um negócio de verdade”, afirma ele. Agora, a empresa não é mais um show solo. Paratore empregou 4 pessoas em tempo integral para ajudá-lo.
Porém, quando se recorda do que viveu, Paratore não tem certeza de que classificaria sua jornada empresarial como um golpe de sorte, tenacidade ou destino – mas sim como uma mistura de tudo. Seu conselho aos empreendedores que procuram construir um negócio como o dele é simples: “Se você fizer o que tem que fazer e apenas seguir em frente, rapidamente perceberá o que funciona (ou não). Não confie em e-mails e contatos alheios, apenas tome iniciativa e se sinta confortável em estar um pouco desconfortável”.