Aproximadamente 460 bilionários vão transferir uma herança de US$ 2,1 trilhões, o equivalente ao PIB da Índia, nos próximos 20 anos, de acordo com o relatório UBS/PwC Billionaires, lançado na última quinta-feira (13). O relatório chama atenção para “a maior transferência de fortuna da história” e pontua o fato de que essa será a primeira vez que uma quantia de dinheiro tão grande é entregue para uma segunda geração de uma vez.
A Ásia, em particular, vai explorar um território novo. De acordo com o relatório, essa será a primeira transferência bilionária nas economias asiáticas mais jovens, onde estima-se que 85% dos bilionários fizeram sua própria fortuna.
“Eles estão preparados? Essa é a questão. Na região da Ásia, eles aprenderam com as lições dos mercados mais maduros do mundo, e eles possuem os aspectos culturais necessários para mantê-los?”, questionou John Mathews, diretor de gestão de riqueza privada e patrimônio líquido da UBS Wealth Management Americas.
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Ao todo, a USB, empresa global que presta serviços financeiros, e a PwC, prestadora de serviços de consultoria para empresas, estimam que 40% dos bilionários que eles rastreiam estão acima dos 70 anos e provavelmente passarão suas fortunas até 2040. Isso representa 48% dos bilionários dos Estados Unidos (que juntos representam US$ 1,1 trilhão), 50% dos bilionários europeus e (US$ 600 bilhões), e 20% da fortuna dos asiáticos (US$ 300 bilhões).
O que acontecerá com todo esse dinheiro é uma preocupação atual. “A fortuna pode ser muito fugaz. Planejamento é algo absolutamente essencial. E isso se torna cada vez mais difícil com o passar das gerações”, afirmou Mike Ryan, chefe de investimentos estratégicos da UBS dos Estados Unidos. Como diz o famoso ditado, “a primeira geração cria a riqueza, a segunda gasta e a terceira a destrói.” A transferência cria muitas chances dessas fortunas acabarem. Estes herdeiros estão, muitas vezes, mais interessados em filantropia ou em buscar suas próprias paixões do que preservar os negócios da família.
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As duas empresas analisaram o ranking anual da FORBES dos maiores bilionários do mundo e os dados internos da PwC para saber como a riqueza dos bilionários são criadas, crescem ou acabam, desde 1995. As descobertas mostraram que mais de dois terços (70%) não sobrevive após a primeira geração, e que os 50% restantes são destruídos no final da segunda geração. A UBS e a PwC usaram apenas os dados das 14 principais regiões ao redor do mundo, incluindo os Estados Unidos e países europeus como a Alemanha, o Reino Unido e a França, assim como países asiáticos como a China, o Japão, Cingapura e Índia. O estudo analisou a fortuna de 1.400 bilionários de 2015. FORBES estima que há em torno de 1.800 bilionários globais atualmente.
O relatório sugere que os bilionários sigam o exemplo dos europeus, salientando que, embora a Europa não seja líder na criação de riqueza, o continente tem feito o melhor trabalho na preservação da riqueza.
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É claro que a UBS tem muito a ganhar com essa previsão. O banco suíço continua a enfatizar seus serviços de gestão de fortunas, especialmente nos Estados Unidos onde praticamente metade dos seus clientes estão – que juntos possuem US$ 2,1 trilhões – e onde FORBES estima que muitos dos bilionários que fizeram sua própria fortuna vivem. Coincidentemente, essa é a mesma quantia que será passada para os herdeiros em 2040. Para fazer isso, seu serviço de mercado é especializado em clientes milionários, e eles estabelecem uma complexa confiança e educação para os herdeiros ou cônjuges para preservar a fortuna. A USB afirma que possui uma conta bancária com um entre três bilionários ao redor do mundo.
O relatório diz que, pela primeira vez em uma década, o patrimônio líquido médio de bilionários norte-americanos que fizeram a sua própria fortuna é maior do que a riqueza média dos herdeiros. Aqueles que fizeram sua própria fortuna têm, em média, US$ 6,2 bilhões, em comparação, os herdeiros têm US$ 5,7 bilhões.