Durante as eleições primárias do partido republicano, Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos, defendeu o programa de Padrão de Combustível Renovável (RFS), colocado em prática com a Lei de Política Energética de 2005 (e posteriormente expandido em 2007). O RFS estabeleceu cotas de consumo de combustíveis renováveis e definiu um mecanismo de cumprimento da norma.
A lei resultou em uma explosão no consumo deste tipo de energia nos Estados Unidos, e o maior beneficiado foi o etanol à base de milho. Quando o RFS foi aprovada, o país produzia menos de quatro bilhões de galões de etanol. Em 2010, a produção mais do que triplicou, atingindo 13 bilhões. Atualmente, esse número já está em 15 bilhões de galões.
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O programa foi ótimo para a indústria do etanol, além de ter o apoio generalizado do Congresso em todos os estados agrícolas e o apoio do novo presidente. Além disso, a Agência de Proteção Ambiental (EPA) – responsável pela implementação do RFS – elevou o volume de biocombustíveis que as refinarias devem misturar à gasolina em 2017 em 6% na comparação com o ano passado.
Claramente o RFS foi ótimo para a indústria do etanol, além de também ter o apoio generalizado do Congresso em todos os estados agrícolas e de ser visto favoravelmente pelo novo presidente. Além disso, a Agência de Proteção Ambiental (EPA) – que é responsável pela implementação do RFS – finalizou em 2017 os requisitos do volume, que são 6% acima do número de 2016.
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Então, com esse cenário aparentemente positivo, porque a indústria do etanol deveria se preocupar? Porque a EPA é a responsável pela implementação do programa e Donald Trump escolheu Scott Pruitt para liderar a agência, alguém que tem lutado contra o RFS ao longo dos últimos anos sem trégua. Pruitt tem autoridade suficiente para reduzir o volume de etanol que deve ser misturado à gasolina – medida que ele já defendeu no passado e que pode criar um excesso de oferta.
As ações na bolsa dos fornecedores de etanol Green Plains, REX American Resources e Pacific Ethanol aumentaram em dois dígitos nas semanas que se seguiram à eleição americana, mas caíram na última quinzena.
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O contra-argumento a isso seria que Trump pode oferecer suporte à indústria do etanol, já que ela é um dos pilares da sua filosofia “Buy American” (programa de incentivo para que a população compre produtos locais). Entretanto, é importante ressaltar que o republicano está cercado por adversários da indústria do gás e do petróleo, que odeiam o RFS porque não querem ser forçados a vender um produto concorrente. E eles vão lutar fortemente contra o programa da forma como está estabelecido hoje. E vão argumentar com Trump, alegando que o etanol tem que concorrer com o petróleo nas mesmas bases, sem o benefício do lei.
Se Trump decidir não se envolver com o RFS, mas permitir que a EPA diminua o volume estabelecido para os biocombustíveis, ele vai afetar fortemente a indústria do etanol ao mesmo tempo em que beneficiará as refinarias atualmente penalizadas com as regras atuais.