A economia brasileira registrou tombo recorde em 2016, marcando o segundo ano consecutivo de profunda recessão, indicou o Banco Central hoje (16), com especialistas indicando que a recuperação virá neste início de 2017, mas ainda tímida.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), espécie de sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), caiu 4,55% em 2016, em dado dessazonalizado. Em 2015, ainda pelo indicador, a atividade havia recuado 4,07%.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o resultado oficial do PIB de 2016 dia 7 de março.
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Somente no quarto trimestre, o IBC-Br mostrou queda de 0,36% sobre os três meses anteriores, sempre em dados dessazonalizados. Em dezembro, o índice caiu 0,26% ante novembro, desempenho mais fraco que a contração de 0,20% estimada em pesquisa da Reuters.
“O resultado só sintetiza tudo que os outros indicadores vinham mostrando”, avaliou o economista da Tendências Rafael Bacciotti, que prevê queda do PIB em 2016 da mesma magnitude da observada em 2015, de 3,77% pelo IBGE.
Para este ano, a estimativa é de alta de 0,7% na atividade, embalada por impulsos do lado da produção, além de um cenário de inflação mais baixa e juros mais favoráveis. A recuperação, segundo Bacciotti, ocorrerá já no primeiro trimestre, mas ainda modesta, com alta de 0,1% sobre o trimestre anterior.
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Por ora, a expectativa de economistas na pesquisa Focus mais recente, realizada pelo BC junto a uma centena de economistas, é de queda de 3,5% do PIB em 2016. Os dados corroboram a leitura da pior recessão atravessada pelo país em dois anos desde que os registros oficiais começaram, em 1901.
Para este ano, a projeção do mercado é de expansão de 0,48% do PIB, mas bancos e consultorias já começaram a melhorar suas previsões diante das boas surpresas vindas da inflação, que tem desacelerado mais do que o esperado recentemente e alimentado expectativas de cortes mais agressivos de juros. O banco Santander, por exemplo, vê expansão de 0,7% do PIB neste ano, mas com viés de alta.
“A queda do IBC-Br na margem em dezembro soma-se à sinalização dos demais indicadores coincidentes que apontaram para continuidade do enfraquecimento da atividade econômica no final do ano passado”, avaliou em nota o time de economia do Bradesco, liderado por Fernando Barbosa.
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A expectativa do banco para o primeiro trimestre também é de alta de 0,1% sobre os últimos três meses de 2016, puxada pelo desempenho positivo do setor agropecuário,
Em 2016, o varejo do Brasil teve queda de 6,2%, pior dado histórico, com a demanda fraca impactando de forma generalizada as vendas, com destaque para supermercados.
O setor de serviços foi na mesma linha, com contração recorde de 5,0% em meio às fortes perdas na atividade de transportes.
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Por sua vez, indústria brasileira teve uma diminuição de 6,6% na produção, terceiro ano seguido de perdas.
O IBC-Br incorpora projeções para a produção no setor de serviços, indústria e agropecuária, bem como o impacto dos impostos sobre os produtos.
(Por Marcela Ayres; Edição de Camila Moreira e Patrícia Duarte)