As ações da Snap Inc., dona do popular aplicativo Snapchat, fecharam a quinta-feira (2) sendo comercializadas a US$ 24 na bolsa de valores de Nova York, onde a empresa é identificada como SNAP. O número de hoje leva a empresa a valer US$ 33 bilhões. O valor das ações começou o dia 41% maior do que o fechamento do pregão na noite de ontem (01) – US$ 17 -, o que reflete a grande demanda dos investidores. Ao longo do dia, o preço chegou a US$ 25,42.
O Snap aumentou a sua oferta em US$ 3,4 bilhões ao disponibilizar 200 milhões de ações classe A por US$ 17 cada. Sua abertura de capital é a maior de uma empresa de tecnologia norte-americana desde o comércio eletrônico Alibaba em 2014. A operação marca uma pausa no período de seca dos IPOs de companhias de tecnologia.
Os investidores do Snap não parecem assustados ou desanimados com o crescimento lento de usuários em 2016, que pode ser atribuído à competição com o Facebook.
O Snapchat possui, atualmente, 158 milhões de usuários ativos diariamente. Cerca de 85% deles possuem idades entre 18 e 34 anos, um dado valioso para publicitários que tentam construir a identidade da marca entre jovens e millennials. O Snap é, agora, dono do maior IPO desde que o Twitter foi a público três anos atrás. Apenas para efeito de comparação, o Facebook tinha 900 milhões de usuários quando estreou na Nasdaq, em, 2012 avaliado em US$ 104 bilhões. Já o Twitter tinha 200 milhões de usuários quando foi abriu seu capital, em 2013, avaliado em US$ 24 bilhões. Desde então, a avaliação do Facebook já chegou a US$ 382 bilhões, enquanto a do Twitter foi reduzida pela metade.
Ao atingir US$ 33 bilhões, o Snap vale cerca de 35 vezes a sua projeção para 2017. (Pesquisa da eMarketer espera que o Snap gere US$ 936 milhões em receitas este ano.) Isso faz com que a empresa seja muito mais valiosa do que o Facebook, que vale cerca de 10,5 vezes o estimado para este ano.
Os co-fundadores do Snapchat, Evan Spiegel (CEO) e Bobby Murphy (CTO), vestiram terno e gravata para a cerimônia de abertura da bolsa de Nova York na manhã desta quinta-feira, para celebrar a primeira venda de ações da empresa. O local foi decorado com o fantasminha amarelo símbolo do Snapchat, balões da mesma cor e até os óculos que representam os vídeos do aplicativo. A modelo Miranda Kerr, noiva de Spiegel, também participou do evento.
Em seu registro de IPO feito no mês passado, a empresa afirmou que teve uma perda líquida de US$ 515 milhões em 2016, maior ainda do que o valor negativo de US$ 373 milhões do ano anterior. A receita cresceu de US$ 58,7 milhões em 2014 para US$ 404,5 milhões no ano passado.
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As 200 milhões de ações classe A que foram vendidas não dão direito a voto, fato inédito em um IPO de uma empresa norte-americana. Donos de ações Classe B têm direito a um voto por ação, que pode ser convertido em uma ação de Classe A. Investidores de ações Classe C – todas elas estão nas mãos de Spiegel e Murphy – têm dez votos por ação. Após o IPO, as ações Classe C representarão 88,5% do poder de voto, o que significa que os acionistas externos não terão nenhum controle sobre os assuntos submetidos ao conselho de administração.
O Snapchat disse que planeja utilizar os fundos captados com o IPO para “propósitos corporativos gerais, o que inclui capital de trabalho, despesas de operação e expansão de capital”. A companhia também disse que “não antecipará nenhuma aquisição material”, mas poderia comprar alguns “negócios, produtos ou tecnologias complementares”. Antes da oferta, o Snapchat arrecadou cerca de US$ 2,7 bilhões com fundos como General Catalyst, IVP, Coatue Management, Benchmark e Lightspeed Venture Partners.
Os maiores ganhadores do IPO do Snapchat são Spiegel e Murphy, que acumulavam um patrimônio líquido de cerca de US$ 5,2 bilhões quando o pregão abriu na manhã de hoje. Entre as empresas de capital de risco, Lightspeed e Benchmark foram as maiores beneficiadas. A Lightspeed fez um investimento inicial de US$ 485.000 e depois aportou mais US$ 7,5 milhões por uma participação que valia US$ 1,5 bilhão após o IPO. A Benchmark fez um investimento de US$ 24 milhões que se transformou em cerca de US$ 2,2 bilhões depois da quarta-feira.
Nos últimos seis anos, o Snapchat evoluiu de um aplicativo de fotos instantâneas para um aplicativo de mensagens completo com conteúdo. Os usuários podem tirar selfies divertidas com o aplicativo, além de adicionar fotos e vídeos do rolo de câmera para seus “Stories”, funcionalidade copiada pelo Instagram, do Facebook, recentemente.
O Snapchat, que ganha dinheiro com publicidade, enfatiza que é diferente de redes sociais como Facebook e Twitter. A empresa afirma que o aplicativo gera uma comunicação mais pessoal.
Porém, no fundo, o Snapchat compete com outros aplicativos, principalmente com o Facebook e sua nova ferramenta no Instagram, que possuem 1,9 bilhão e 600 milhões de usuários mensais, respectivamente. Entre os investidores, o Snap enfatizou suas métricas de engajamento, como o tempo total gasto no app e o total de mensagens enviadas. Outra estratégia é aumentar a renda por usuário. Em contrapartida, o Facebook tem como foco ser amplamente usado em todo lugar, principalmente fora dos EUA.
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A visão de Spiegel para a companhia continua um mistério. O Snapchat se reinventou como Snap em setembro, o que indica que seu foco não será restrito somente às mensagens. Na época, anunciou o Spectacles, óculos de sol capaz de gravar vídeos curtos e enviá-los diretamente à rede social.