A Transparência Internacional, organização dedicada à luta contra a corrupção, divulgou um estudo sobre os imóveis em São Paulo que registram empresas offshore como seus proprietários. A partir do cruzamento de dados da prefeitura da cidade e da Junta Comercial, a pesquisa intitulada “São Paulo: a Corrupção Mora ao Lado?” identificou 3.452 imóveis vinculados a 236 empresas registradas em paraísos fiscais ou em jurisdições pouco transparentes, sendo que 87% delas pertencem a locais como Ilhas Virgens Britânicas, Uruguai, Estados Unidos, Panamá e Suíça.
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O valor das propriedades corresponde a R$ 8,6 bilhões. A maioria dos imóveis de offshore está localizada no corredor das Avenidas Chucri Zaidan e Luis Carlos Berrini, com 820 imóveis que valem juntos R$ 1,1 bilhão. Foram identificados, também, 131 propriedades na Avenida Paulista, que equivalem a R$ 120 milhões. Já na Avenida Faria Lima foram descobertos 67 imóveis, cujos valores somam R$ 131 milhões. A Transparência Internacional se baseou em registros oficiais para o estudo, que provavelmente indicam valores abaixo dos praticados no mercado.
Possível ligação com atividades criminosas
Uma empresa offshore é criada por indivíduos ou empresas fora do seu país de domicílio, geralmente para diminuir o pagamento de impostos e manter sob sigilo a identidade dos proprietários. Essas empresas geralmente são abertas em países que oferecem impostos baixos ou até isenções fiscais, denominados de “paraísos fiscais”.
A Transparência Internacional afirma que uma offshore não é ilegal e pode se inserir na atividade econômica brasileira. No entanto, é impossível identificar seus proprietários e, de acordo com um estudo do Banco Mundial, em 70% dos 200 grandes casos de corrupção analisados, foram utilizadas empresas secretas para omitir a origem e o proprietário do dinheiro proveniente das atividades ilícitas. A compra de imóveis por meio de uma offshore, portanto, pode ser uma forma de lavagem de dinheiro, mas não necessariamente caracteriza um ato ilegal.